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Um copo de refrigerante por dia faz mal à saúde?

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Gosto de acompanhar as pesquisas médicas desde sempre, mas, às vezes, imagino que metade do que é liberado não passa de suposição. Nesse tempo de coronavírus, estamos sendo aterrados com todas as “descobertas” que explodem pelo mundo, a maioria delas sem a menor comprovação científica, apenas uma suposição médica, e o celular é craque na divulgação dessas novidades. Como aquela que acabou com o estoque de lombrigueiro nas farmácias, porque evitava a COVID-19.





Agora, a área atacada é o costume mundial de consumo de refrigerante. A notícia diz que independentemente do seu peso, se você não larga o refrigerante e mantém seu consumo frequente é bom começar a se preocupar. Isso porque um novo artigo publicado recentemente no Jama Internal Medicine observou que um maior consumo de refrigerantes totais, adoçados com açúcar e ou artificialmente, foi associado a um maior risco de mortalidade por todas as causas.

“Enquanto o consumo de refrigerantes adoçados artificialmente foi associado positivamente a mortes por doenças circulatórias, os refrigerantes adoçados com açúcar foram associados a mortes por doenças digestivas”, afirma a cirurgiã vascular e angiologista Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular e do American College of LifeStyle Medicine. Para o estudo, um grupo internacional analisou dados de 451.743 adultos de 10 países europeus. Os dados vieram da European Prospective Investigation on Cancer and Nutrition (EPIC).

De acordo com o estudo, durante um acompanhamento médio (intervalo) de 16,4 anos, ocorreram 41.693 mortes. “Foi encontrada maior mortalidade por todas as causas entre os participantes que consumiram dois ou mais copos de refrigerante por dia. Também foram observadas associações positivas entre refrigerantes adoçados artificialmente e mortes por doenças circulatórias quando os participantes consumiam mais de dois copos por dia. Já entre os refrigerantes adoçados com açúcar, o maior índice é por mortes por doenças digestivas, quando consumiam apenas um copo ou mais por dia”, diz o estudo.





A angiologista Aline Lamaita explica que o açúcar está relacionado com a obesidade e com a diabetes mellitus. “Estudos mais recentes vêm apontando o carboidrato, o açúcar, que também está presente no refrigerante, como grande vilão para o aumento de colesterol. Além disso, com o diabetes, podemos desenvolver problemas arteriais, causar um espessamento e acúmulo de placas de gordura dentro da parede das artérias, entupindo-as. Dependendo de em qual lugar do corpo isso acontece (qual artéria foi afetada), você pode manifestar um infarto, um derrame ou aquele problema de claudicação – que é quando você vai caminhar e tem dificuldade de andar porque falta sangue nas pernas (é como se a pessoa andasse uma quadra e tivesse que parar para descansar porque a perna começa a doer)”, afirma a médica.

Já o grande problema dos refrigerantes adoçados artificialmente é a quantidade maior de sódio. “Geralmente, tudo que é gostoso tem um pouco de açúcar e de sódio, que confere sabor ao alimento. Então, quando você tira o açúcar e acrescenta muito adoçante, uma maneira que a indústria usa para mascarar aquele sabor ruim do adoçante e realçar o sabor doce do alimento é acrescentando sódio. Você pode reparar que todo produto que é light, diet, zero, que é limitado em açúcar e contém adoçante, tem mais composição de sódio em geral do que os outros”, explica a angiologista. “O sódio é vilão porque ele vai contribuir para o aumento da pressão arterial, que é um fator de risco para a doença aterosclerótica e problemas circulatórios, e aumenta muito a retenção hídrica”, explica ela. “O sódio favorece a retenção de líquido, provoca inchaço, aumenta a pressão sobre os vasos sanguíneos e deixa o sangue mais denso, pesado, podendo favorecer a formação de coágulos”, explica.

Com o estudo, há uma expectativa de mais campanhas de saúde pública destinadas a limitar o consumo de refrigerantes. “Mas é fundamental que você busque desde já a ajuda de um médico ou nutricionista para eliminar gradualmente o consumo desse produto na sua dieta”, finaliza Aline Lamaita.