Continuo sendo a velhota resistente à disposição coletiva de que Deus resolveu acabar com o mundo para se livrar de tanta amolação. Afinal, ficamos livres do mês de março, que é meu mês aziago. Nele perdi o par perfeito, amor de minha vida, nele clonaram meus cartões de crédito, o que me transformou numa pessoa absolutamente afastada dos tempos atuais. A tecnologia moderna já não faz parte da minha vida, e não foi mole resolver todos os problemas que surgiram.
Dei o maior trabalho aos meus atendentes da agência do Bradesco da Avenida Cristóvão Colombo, e como me falta estrutura moderna, deles recebi pouca colaboração. Afinal de contas, eles me recomendaram a usar tudo o que eu não tinha, como celular, computador doméstico e outros aparatos da tecnologia que fazem parte da vida atual. Na última vez em que estive lá para conferir minhas senhas, saí liberada. Vã esperança. Não estava nada correto e quebrei a cara comprando remédios na farmácia. Como sou macaca velha, levei dinheiro para pagar e não perder a caminhada.
E olhem que para receber a constatação de que tudo estava correto passei mais de uma hora na entrada do banco, cujas portas estavam hermeticamente fechadas. A informação, que seria de confiança, estava totalmente errada. Como as portas estão fechadas, ninguém pode protestar in loco. Tive de usar o telefone para o gerente da agência e para a gerente da minha conta, reclamando do fato de minha senha não ter funcionado. Vá tentar... É preciso paciência de Jó para conseguir falar com qualquer um dos dois.
Depois de uma manhã irritada e perdida, consegui fazer contato com ambos por meio de minha prima e substituta eficiente Isabela, que entende desses macetes. Até onde posso confiar, recebi a nova senha – que não tem nada a ver com a que tinha sido confirmada pela funcionária que me atendeu na porta. Fui informada de que o token que havia recebido e ainda não usara não servia mais. Para conseguir descobrir a senha secreta do novo cartão de crédito, precisamos instalar minha conta no celular da Isabela e, junto com a conta, um to-ken. Para isso, foi necessário cancelar o que estava comigo. Enfim, assim que descobri a senha, cancelamos tudo o que tinha sido instalado. Agora é necessário que meu token seja trocado por outro, o que vou fazer logo mais.
Para quem, como eu, não “mora” muito nesses serviços bancários: token é uma espécie de baratinha preta, senha bancária que serve para ser usada junto da conferência do cartão de débito. Quem não tem token não tem nada. O leitor desta coluna pode não acreditar, mas essa confusão de serviço bancário me afligiu até mais do que o tal do novo coronavírus. Não consigo entender o que significa esse “novo”, uma vez que este que estamos enfrentando acaba de chegar.
Aliás, para ser coerente com o meu dia a dia, essa história de fechar tudo é um terror. Os bons restaurantes não estão atendendo em delivery, fecharam mesmo as portas. Pelo visto, só vão reabrir quando passar a quarentena. Só nos resta cozinhar, o que é moleza para pessoas mais jovens, mas bem cansativo para quem já passou dos 80. Os bancos não estão atendendo ninguém, criaram um home office, por meio do qual é totalmente difícil resolver alguns casos. Então, quem não tem grana guardada em casa leva ferro na certa. Como é que se pode pagar alguns serviços sem dinheiro? Cheque, nem pensar. Os bancos deveriam fazer uma revisão no processo de quarentena, dando vez para os clientes.