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Nunca nos esqueceremos das pessoas importantes que perdemos nesta vida

A saudade fica dentro de nós, mas a vida continua e guardaremos as boas lembranças


postado em 05/03/2020 04:00


Não sou muito de ficar fuçando redes sociais. Vejo vez ou outra. E, quando faço isso, é bem rápido, dou umas curtidas, raramente deixo algum comentário. Porém, outro dia, estava vendo o Instagram e passei pelo do meu primo Álvaro Duarte Teixeira da Costa – vale ressaltar que Álvaro era nome do meu avô paterno e por isso temos muitos Álvaros na família. Ele postou uma foto do pai, meu primo em primeiro grau Antônio Roberto, mas que todos conheciam pelo apelido de Toti, gente boníssima, muito alegre.

Dizia da saudade que estava sentindo do pai, que nos deixou há quase 15 anos. Como ele trabalha aqui no jornal, fui conversar sobre sua publicação e contei um episódio que ocorreu comigo há poucos meses. Estava assistindo à novela das 18h, Éramos seis, ainda no início dela, se não me engano. De repente, começou a tocar a música A deusa da minha rua. Acho que a gravação começou com a antiga versão cantada por Altemar Dutra e depois continuou com a de Roberto Carlos – a que toca em todos os capítulos a que assisti, pois nem sempre posso estar em casa naquele horário. Se não foi assim, provavelmente foi a emoção que me remeteu a esta memória.

Quem conheceu e conviveu com meu pai, Camilo Teixeira da Costa, sabe o quanto ele gostava de seresta, de cantar e o tanto que cantava essa música. Para se ter uma ideia, o motorista dele tinha que saber tocar violão para acompanhá-lo nas noitadas. Quando fui secretária dele, fiz um caderninho com as letras das canções de seresta.

Voltando ao caso: na hora em que ouvi a música, meu coração se encheu de uma saudade tão profunda, vi meu pai ali, na minha frente, cantando. Caí no choro, coisa rara para quem me conhece. É a saudade que sempre está presente lá no fundo, mas em certas horas nos enche como uma onda de tsunami.

No fim de semana, assisti a um filme com o ator Will Smith – que recomendo – chamado Beleza oculta. Não vou dar spoiler, mas aborda a saudade depois de ele perder a filha. É inimaginável o tamanho do sofrimento de uma mãe ou de um pai que perde um filho, e também como conseguem superar essa perda. É preciso seguir em frente.

Há cerca de dois anos, entrevistei para o caderno Feminino & Masculino a Maria Helena Cadar. Só a conhecia socialmente. Mulher alegre, festiva, desfilava – e ainda desfila – como destaque do Salgueiro, tem um galpão na empresa do marido com todas as fantasias que usou. Achei que a entrevista seria pura alegria. Em dado momento, ela me conta que perdera a filha, há muitos anos. Ela tinha um casal. A menina estava na casa de uma amiga, ela na fazenda com o marido, recebendo pessoas de fora.

Recebeu o telefonema chamando-a rapidamente, pois do nada a filha passou mal e foi levada ao hospital. Ninguém descobriu o que era, a garota foi para casa e morreu na manhã do dia seguinte. Fiquei vendo aquela mulher alegre na minha frente, sem entender muito. Ela me disse algo que jamais esquecerei: “Vou sofrer o resto da vida. Tinha de saber se sofreria mal ou bem, escolhi sofrer bem. Por isso sou assim, pela minha filha”.

É isso, nunca nos esqueceremos das pessoas importantes que perdemos nesta vida, seja filho, pai, mãe, marido, irmão ou até mesmo amigo – afinal, tem amigo mais chegado do que irmão, isso está escrito na Bíblia. A saudade fica dentro de nós, mas a vida continua e guardaremos as boas lembranças, e driblaremos os tsunamis da forma que conseguirmos. Chorando, prestando homenagem, rindo, fazendo algo que gostávamos de fazer com aquela pessoa, revendo fotos, contando casos. Enfim, relembraremos e seguiremos em frente, porque assim é a vida e não podemos desperdiçá-la. Caso contrário, nos arrependeremos muito do que não fizemos e poderá ser tarde demais.
(Isabela Teixeira da Costa/Interina)

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