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Significado original da expressão 'terça-feira gorda' perdeu o sentido

Nomenclatura faz alusão à observância de uma tradição religiosa, mas os tempos mudaram e o comportamento caiu em desuso


postado em 25/02/2020 04:00

Sempre achei engraçada a expressão “terça-feira gorda de carnaval”, que minha mãe sempre dizia  quando se referia ao dia de hoje. Nunca perguntei a ela o porquê de ser chamada assim e sempre era falada ao se referir ao nascimento da minha irmã: “Ela nasceu na terça gorda de carnaval”. Estava pensando nisso e me bateu uma curiosidade de saber a origem da expressão.

Hoje, temos a facilidade do “São Google” e foi a ele que recorri. Segundo a Wikipedia, “a terça-feira gorda (em francês: mardi gras), ou terça-feira de carnaval, é o dia de fevereiro ou março que precede a quarta-feira de cinzas. Portanto, é o último dia que antecede a quaresma, e é comemorado em alguns países com o consumo de panquecas. Este banquete móvel é determinado pela Páscoa. Em outros países, especialmente aqueles em que é chamado de mardi gras ou alguma tradução, este é o último dia de carnaval, sendo, para os católicos, também o último dia de 'comer gordura' antes do período de jejum da quaresma.

“Historicamente, é o dia em que os católicos se despedem da carne, pois, nos quarenta dias seguintes, devem jejuar, orar e fazer penitência e se abster de comer carne. Tudo isso em preparação à Páscoa. É observada pelos católicos e anglicanos, que fazem um momento especial de autoexame, para analisar de quais erros eles precisam se arrepender e em quais áreas da vida ou da espiritualidade precisam pedir, especialmente, a ajuda de Deus”.

Realmente, os tempos mudaram. Era chamada de terça gorda porque as pessoas tiravam a barriga da miséria, comendo muito para enfrentar a quaresma. Naquela época, os jejuns e as privações eram quase diários, pois, assim, os fiéis lembravam os sacrifícios feitos por Jesus Cristo. Hoje, ninguém faz penitência nem pensa no que fez de errado. Pura utopia. A quaresma hoje – pelo menos aqui no Brasil, para a grande maioria das pessoas –, se resume a não comer carne vermelha nas sextas-feiras entre o carnaval e a Páscoa; portanto, essa expressão perdeu o sentido. Mas que era engraçado, isso era.

Vale ressaltar que não sou e nunca fui católica, sou evangélica e por essa razão não sou muito conhecedora das tradições e ritos da religião romana, por isso a necessidade de fazer uma pesquisa. Conheço alguma coisa, porque a família do meu pai é muito católica. São de Santa Luzia e até hoje ajudam nas igrejas de lá, inclusive fazendo campanhas de arredação de recursos para a restauração das mesmas.

Tinha uma prima – a Naná, que infelizmente já nos deixou – que plantava alfazema na fazenda para decorar e perfumar a igreja na semana santa. Suas filhas deram continuidade a essa função. A família toda ajuda. A Anna Marina vai pra lá na sexta-feira da Paixão para arrumar a cama de Jesus Cristo morto. Por sinal, ela restaurou com perfeição o lençol, todo feito com fio de prata. Branca Diniz faz a roupa para vestir a imagem de Maria e todas as primas, juntas, passam o dia decorando e arrumando para a procissão da noite.

Bem, nesta minha pesquisa, descobri uma coisa interessante, que ainda não sabia: os seis domingos entre o carnaval e a Páscoa têm nome, dados pelo povo. São nomes simbólicos, relativos a epístolas ou acontecimentos relevantes do cristianismo. Existe um ditado que cita todos eles, é um versinho: “Ana, Magana, Rebeca, Susana, Lázaro, Ramos e na Páscoa estamos”. Imagino que minhas primas, principalmente a Beth, que é historiadora, devam conhecer, talvez minha avó tenha recitado muito para elas, contando os domingos da quaresma, mas, para mim, é novidade.

Voltando à terça-feira de carnaval, hoje, teoricamente, é o último dia da folia de Momo. Digo teoricamente, ou oficialmente, porque nas últimas décadas ninguém mais respeita a data dessa festa popular. Era para começar na última sexta-feira, mas, na verdade, começou 15 dias antes e vai continuar no próximo fim de semana. Porque aqui em Belo Horizonte, o povo trabalha quinta e sexta, mas retoma a farra no fim de semana. Mas lá na Bahia eles nem param, continuam como se não houvesse amanhã. Para os baianos, na quarta, quinta e sexta continua a farra.

Durante anos, no jornal, todo mundo trabalhava na quarta-feira depois do meio- dia. Hoje, o pessoal da administração costuma compensar o dia no banco de horas e não aparece por aqui. Mas, quando vinha todo mundo, era muito divertido, porque trabalhar mesmo, quase nada. O que ocorria era uma contação de caso de como tinha sido o carnaval de cada um. E muita gente ia para a Redação para acompanhar a apuração das escolas de samba do Rio de Janeiro, que sempre é feita na quarta-feira à tarde. Era muito legal, uma total interação entre os colegas, a tarde era um misto de caras amassadas e a alegria e risadas dos casos inusitados do carnaval.

É interessante ver como os costumes vão mudando com o passar dos anos. Dá saudade. 

(Isabela Teixeira da Costa/Interina)

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