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Tradição do bisturi

Três gerações da família Rabello honram a cirurgia


postado em 19/10/2019 04:00 / atualizado em 18/10/2019 18:01


Este jornal publicou, na semana passada, uma grande homenagem que os cirurgiões plásticos prestaram a Fábio Corrêa Rabello, dando seu nome à sede da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Fiquei muito feliz com a homenagem. Fábio faz parte de minha vida e de minha família, porque foi casado com minha prima-irmã Branca Luiza Teixeira Tamm, filha de minha tia Yayá (Maria do Carmo) Teixeira da Costa e de Henrique Tamm. Eu e ela somos quase da mesma idade, mas como eu era mais nova, fui usada durante o tempo todo que ela e Fábio namoraram no famoso papel de “pau de cabeleira”. Todas as vezes que os namorados saíam para o cinema ou para um passeio afastado da família – como fazer um simples lanche em uma confeitaria, lá ia eu, para a dupla não estar sozinha.

Nos dias de hoje, onde o costume adotado até nas mais tradicionais famílias é namorados dormirem juntos, na casa da família dela ou na dele, esse costume parece ridículo. No tempo do “pau de cabeleira” a companhia era para evitar falatório. Hoje, o uso é para evitar riscos na agitação da violenta vida moderna. Mesmo a mais empedernida tradição familiar tem aceito a novidade numa boa. Criticar quem há de?

Além desse tipo de acompanhamento, eu tive com minha prima uma amizade bem grande, uma das nossas manias era subir os morros da cidade para fazer lanches lá no alto. A subida levava horas, mas o passeio era mais do que agradável. Algumas vezes, um ou outro morador nos oferecia um cafezinho ou um copo de água, que eram muito bem-vindos. Quando Fábio e Branca se casaram, moraram uns tempos aqui, depois ele foi para Brasília, convidado pelo presidente JK para criar um hospital, que mais tarde se transformou no Sarah Kubitschek.  Administrava e operava, era um craque no setor, afinal de contas, passar por uma cirurgia plástica renovadora era uma grande novidade – e assumida principalmente por quem tinha grana para enfrentar os custos. A família foi sendo formada, e a filha mais velha, Marina, resolveu seguir a carreira do pai e tornou-se também cirurgiã plástica. Até se casar com o embaixador Marcelo Jardim e rodar o mundo com o marido. Um dos lugares que mais a encantaram foi a China, onde teve contato direto com Madame Chiang Kai-Shek, que quis saber dela algumas ações da medicina feminina no país.

O tempo passou, o marido serviu em vários países, onde Marina aproveitava para fazer cursos com nomes conhecidos da área, até que voltaram para o Brasil e ela, atualmente, atua em hospital brasiliense. E segue de perto os passos do pai, que pouca gente ficou sabendo, na homenagem que lhe foi prestada aqui, que era filho de um famoso cirurgião mineiro, David Corrêa Rabello. O dr. David foi responsável pela primeira cirurgia de mudança de sexo feita neste país, que provocou uma verdadeira revolução na época: operou uma moça de 19 anos, transformando-a em um saudável rapaz. Essa modificação, realizada lá pelos anos 20, foi uma novidade e tanto. Comentários que sobreviveram ao feito relatam que o rapaz passou a viver normalmente, sem nenhuma restrição e preconceito contra a transformação. 

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