Jornal Estado de Minas

Tuberculose continua matando em pleno século 21

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A linha preferida do romantismo, lá pelo século 18, eram heróis ou heroínas sofrendo de uma doença fatal: a tuberculose. Doença que não perdoava nem ricos nem pobres. Em seu livro de memórias, Afonso Arinos de Melo Franco conta que, tuberculoso, foi se tratar na Suíça, onde se curou. Mas o tratamento era completamente diferente daqui. Ele ficou internado em um hospital onde, todas as noites, ia dormir debaixo de uma janela que dava para o clima gelado do país. O corpo todo era bem agasalhado, mas a cabeça e nariz ficavam de fora. Por aqui, frio e doença de pulmão eram dois temas incontornáveis e isso ocorria em pleno século 20. Em BH, o sanatório para doentes ficava no alto dos morros, um deles se transformou depois que a tisica foi desmistificada pelo tratamento no atual e excelente Hospital Madre Teresa.

Mesmo com todo o progresso, a doença continua mantendo suas dificuldades.
E isso ocorre porque em cada 10 pessoas que iniciam o tratamento, pelo menos uma abandona os medicamentos. E interrupção traz complicações que podem levar à morte. Tem mais: a tuberculose é considerada uma das 10 principais causas de morte no mundo. No Brasil, são registradas por ano cerca de 4,5 mil mortes pela doença. Apesar de ter cura, o abandono do tratamento é o principal motivo para a tuberculose ainda continuar matando. O tratamento gratuito, o que não ocorria antes, ofertado no Sistema Único de Saúde (SUS), dura, em média, seis meses. Apesar da melhora dos sintomas já nas primeiras semanas após início, a cura só é garantida ao final do esquema terapêutico.

No Brasil, de cada 10 pessoas que iniciam o tratamento, pelo menos uma abandona o uso dos medicamentos.
A interrupção do tratamento antes da conclusão pode levar o paciente à resistência aos antibióticos ou mesmo a complicações que podem levar a óbito. Além disso, pode aumentar o risco de transmissão da doença para outras pessoas. Por isso, o tratamento diário e contínuo é fundamental para a cura da doença, que teve 75 mil novos casos registrados no ano passado no país.

Pela forte determinação social, a maior prevalência da doença é em países em desenvolvimento. O perfil clássico de quem tem tuberculose é de pessoas de classe baixa que acumulam vulnerabilidades sociais, econômicas e biológicas, moram às margens das grandes cidades urbanas, trabalham na informalidade ou percorrem longas distâncias para chegar ao trabalho. Quando essas pessoas começam o tratamento para tuberculose, ficam bem nas primeiras semanas. Voltam a seu peso normal, o cansaço diminui e o apetite melhora. Por isso, acham que já estão curadas e abandonando o tratamento. Mas essa melhora a partir do início do tratamento não é sinônimo de cura.
A cura só vem com o tempo de tratamento, que precisa ser seguido até o final, tendo a confirmação de cura por exame laboratorial e avaliação clínica.
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