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Estado de Minas

Pobre cidade


postado em 29/07/2019 04:00

Não sei quantas vezes vi os canteiros da Avenida Getúlio Vargas receberem grama nova depois que a redação do EM mudou-se para o Bairro Funcionários. Na semana que passou, os canteiros centrais estavam sendo replantados, depois de vários dias de trabalho braçal para fofar a terra, pisada e repisada pelos transeuntes. Se bem me lembro, aquelas grades em formato curvo, que foram criadas pelo arquiteto Álvaro Hardy, que já se foi, e doadas à cidade pela Vale, nunca representaram qualquer empecilho para ser puladas e o canteiro pisado pelos apressados, que não pensam um só minuto na conservação da cidade. Na maioria das vezes, o espaço reservado para a transposição de lado do canteiro está a uns dois ou três passos – mas é melhor pular a cerca e pisar sobre o gramado. Quero ver só quanto tempo esse cuidado de gramar os canteiros vai durar.

Essa falta de educação é uma característica dos brasileiros, que não respeitam bens públicos criados para o embelezamento da cidade. As feiras de arte e artesanato, que foram criadas para funcionar na Praça da Liberdade, tiveram que ser mudadas para outros locais mais inóspitos. Tudo porque os frequentadores, que se acreditavam serem pessoas de nível mais elevado, conseguiram acabar com os canteiros do local e até com as plantas. Como era frequentadora assídua das tais feiras – principalmente a de antiguidades –, cansei de acusar aqui os maus-tratos dos frequentadores. É claro que não adiantava nada, a impressão que se tinha é de que todos estavam querendo “tirar o pai da forca” de tanta pressa. Os canteiros eram empecilhos, barreiras totalmente ignoradas.

Aliás, esse comportamento não fica nas praças, fica nos bairros também. Quando o Cidade Jardim foi criado, a recomendação era que todos os passeios deviam ter uma divisão: metade para caminhada e metade para o embelezamento, com grama bem cuidada pelos moradores. Não precisou nem que o bairro se transformasse em dificuldade para seus moradores – que não podem se mudar de lá e tampouco vender as casas para construção de prédios, para que esse cuidado fosse deixado de lado. Ninguém, mas ninguém mesmo, cuida da tal grama obrigatória do passeio. O que existe na maioria dos casos é um lado de passeio e outro de terra batida, a maioria com desníveis perigosos para quem se arrisca a andar a pé.

Como tenho visto alguns passeios serem reformados dentro das mesmas recomendações, alguém me informou que a lei ainda existe e que a prefeitura multa quem não cumpre as recomendações iniciais. O que é certamente uma tolice só. Como é tolice essa poda de árvores que está sendo feita na mesma região. Os troncos antigos são cortados, mas as raízes continuam ocupando lugares nos passeios e, é claro, criando uma visão de desleixo para a região. Os impostos continuam sendo cobrados anualmente, mas seu retorno para o bem da cidade é praticamente nenhum.

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