Jornal Estado de Minas

ALEXANDRE GARCIA

A abertura da CPI das ONGs da Amazônia segue na fila de espera no Senado

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Estava prontinha para começar a CPI das ONGs da Amazônia, com o apoio de 30 senadores, assinaturas mais que suficientes, no fim de agosto de 2019, mas Davi Alcolumbre, o senador do Amapá que presidia o Senado, demorava em pedir aos líderes que indicassem os membros de cada partido para começar a investigação. Parece que ele esperava pela COVID para barrar a CPI. A pandemia veio, o Senado se encolheu, como tudo foi encolhido por uma campanha que queria encolher o país, as empresas e as pessoas. E assim foi até abril do ano passado, quando o ministro Barroso deu liminar mandando o Senado abrir CPI para a COVID, passando por cima da fila de preferência que tinha à frente a CPI das ONGs. O plenário do Supremo confirmou, com um único voto contrário, do ministro Marco Aurélio. Os senadores, contrariando a independência estabelecida no segundo artigo da Constituição, baixaram a cabeça e se fez aquela CPI que todos conhecemos.





A CPI das ONGs da Amazônia continua à frente da fila de espera. Como gritam agora por uma CPI do Ministério da Educação, no caso dos pastores, e como o duplo assassinato no Javari vitimou um europeu, é hora de lembrar da CPI das ONGs amazônicas. Por que não saem? O autor do requerimento, senador Plínio Valério, representa o Amazonas e diz que há 100 mil ONGs por lá. Com tanta ONG nem haveria espaço para desmate, queimada, tráfico. Imagine cada ONG com 10 pessoas, já dá um exército de 1 milhão de protetores da Amazônia. Dá três vezes o efetivo das Forças Armadas. A ex-ministra Damares Alves me diz que ONGs estrangeiras usam aldeias como zoológico humano para vender documentários milionários na Europa. ONGs que agem como donas de territórios indígenas.

Diante de provas de compra, no município de Coari, de 4 mil km2 de terras por holandeses via ONG, segundo o senador Valério, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, em novembro último, prometeu para início deste ano a abertura da CPI. A área em Coari equivale a um décimo da superfície da Holanda. Mas até agora nada. Já vamos para o segundo semestre, com campanha eleitoral. O senador Valério disse à revista Oeste que uma grande rede de televisão é contra. Por quê? Coari, segundo o senador, tem sob o solo imensa riqueza de petróleo e gás. Assim como na “Cabeça do Cachorro”, meu amigo aviador conta que muitos de seus voos vão lotados de canadenses, como turistas. E, por lá, o chão está cheio de nióbio. Ainda segundo o senador Valério, tem ONG usando brasileiros como laranjas, em geral europeias.

Agora a desculpa é que é ano eleitoral. Ora, esta CPI não é politizável; é de defesa dos interesses nacionais, bem acima de partidos políticos. Uma auditoria do TCU mostra que 85% do dinheiro de muitas ONGs são despesas da própria diretoria. O senador Valério identifica hipocrisia e picaretagem. Parece pior: infiltração para dominar nossa riqueza natural. Tem dinheiro brasileiro e tem dinheiro de governo europeu, que não é repassado direto, mas via organismos “protetores” da Amazônia. Temos todo o direito de saber. ONGs que sejam instrumentos de interesses estrangeiros na Amazônia precisam ser mostradas à luz de uma CPI, que está apta a começar. Por que não começa? O silêncio que se faz é indício de que algo precisa continuar escondido sob a floresta.