Editorial

Conflitos internacionais e o apelo pela existência

Os pedidos por pacificação precisam ter sucesso prático imediato, cessando as mortes e a ruína

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Em meio aos horrores das guerras na Europa e no Oriente Médio, a estabilidade mundial está ameaçada. Como se não bastassem o confronto da Rússia com a Ucrânia e a tensão na Faixa de Gaza, que se arrastam aflitivamente, a recente hostilidade entre Israel e Irã possui potencial para afetar drasticamente o globo – principalmente com a escalada após a entrada dos Estados Unidos no enfrentamento, com o bombardeio em instalações nucleares do país persa, sábado à noite no horário de Brasília.


Um combate prolongado entre israelenses e iranianos, ainda mais com envolvimentos externos, acarreta desdobramentos amplos, inclusive na economia e no clima do planeta, uma vez que as nações terão de buscar alternativas para o mercado de energia com o provável aumento do preço do petróleo. O fechamento do Estreito de Ormuz, um dos principais pontos de escoamento do combustível e de gás no mundo, é uma arma que Teerão pode lançar – e que atingiria indistintos povos.


Habitualmente, os governos e as grandes empresas do setor decidem entre dois caminhos nesse caso: incentivos às alternativas renováveis ou aumento na exploração do produto fóssil para obter lucro maior a partir do valor elevado. Fato é que a situação atual, que infelizmente já foi vista antes, novamente evidencia como as crises geopolíticas, além dos efeitos financeiros, exercem impacto também na luta contra o aquecimento global. A necessidade de uma completa transição para fontes sustentáveis – que não agridem a natureza – fica escancarada diante de outra preocupante instabilidade no Oriente.


Esforços amplos que restabeleçam a paz na região, motivados em primeiro lugar pela conservação de vidas, devem trabalhar, ainda, pensando na preservação ambiental. O apelo pelo entendimento começa pela garantia dos direitos humanitários, mas nada impede que ganhe o reforço da defesa climática. Em sua quarta carta à comunidade internacional, divulgada na última sexta-feira, a presidência brasileira da COP 30 – conferência do clima da ONU, que acontece de 10 a 21 de novembro em Belém (PA) – lançou uma agenda de ações que coloca em destaque justamente a discussão sobre matriz energética.


Triplicar renováveis duplicando a eficiência; acelerar tecnologias de zero e baixas emissões em áreas de difícil descarbonização; assegurar o acesso universal a energia; desenvolver a mudança para o afastamento dos combustíveis fósseis, de forma justa, ordenada e equitativa. Esses quatro pontos, que estão descritos no topo da lista do documento, dialogam com a urgência do fim da crueldade da guerra.


O mutirão mundial que vai se estabelecer no evento no Norte do Brasil acrescenta esse desafio em sua pauta: fazer com que a diplomacia se fortaleça diante dos embates, poupando vidas, destruição e retrocesso em políticas ambientais. É triste que a humanidade conviva sob a ameaça e a realidade de conflitos devastadores. A profundidade do confronto no Oriente, que já prejudica diretamente milhões de pessoas, pode alcançar distâncias impensáveis até agora.


Os pedidos por pacificação precisam ter sucesso prático imediato, cessando as mortes e a ruína. Com a sombra de artefatos nucleares e a interdependência econômica mundial, a existência no planeta depende de harmonia. Sem o devido respeito, vidas seguirão sendo perdidas – seja por meio do uso de armas e vítimas das consequências das alterações climáticas. O planeta não suporta mais guerras, assim como não aguenta o avanço do aquecimento. O agravamento do conflito entre Israel e Irã, com o perigo nuclear e o risco de aumento do valor do petróleo, pode apresentar resultados trágicos sem precedentes. Neste momento, o apelo pela paz é urgente e os interlocutores internacionais precisam pensar globalmente, deixando de lado os interesses particulares.

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