Deepseek deixa Big Techs em pânico
A questão central agora não é apenas "quem" pode criar as IAs mais avançadas, mas "como"
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Siga noNos últimos anos, o Vale do Silício se consolidou como o epicentro da corrida pela inteligência artificial, com gigantes como OpenAI e Nvidia investindo bilhões para liderar essa revolução tecnológica. Os números são impressionantes: a primeira captou US$ 6,6 bilhões em rodadas de investimento no último ano, enquanto o treinamento do GPT-4 consumiu US$ 63 milhões. Segundo o New York Times, seus modelos mais avançados custam cerca de US$ 1 mil por tarefa processada, o que deixa clara a magnitude de recursos necessários para operar no topo do mercado. Nesse contexto, parecia inevitável que a liderança na IA estivesse restrita a poucos e grandes competidores.
Porém, a chegada do Deepseek, desenvolvido por uma discreta companhia chinesa, está desafiando essa narrativa e, treinado com apenas US$ 5,5 milhões, o modelo surpreendeu ao superar gigantes como a dona do ChatGPT, Google e Anthropic em desempenho, tudo isso rodando em chips tecnologicamente defasados. Ainda mais notável é o fato da novidade ser 100% gratuita.
Essa nova dinâmica levanta questões importantes sobre o futuro da inteligência artificial. Até agora, o consenso era de que a construção de IAs avançadas exigia investimentos exorbitantes e infraestrutura de ponta. A entrada de novos players desafia essa premissa, sugerindo que modelos eficazes podem ser desenvolvidos com uma fração do orçamento e em condições tecnológicas menos privilegiadas. O impacto disso no mercado é importante, forçando empresas como Meta a reagirem rapidamente – de acordo com o The Information, Mark Zuckerberg e sua equipe chegaram a montar "war rooms" para entender as implicações desta nova ferramenta.
A mudança no paradigma do desenvolvimento de IA também tem implicações geopolíticas. A Nvidia, cujo domínio sobre os chips mais avançados era considerado inquestionável, agora vê seu modelo de negócios sob ameaça. O governo norte-americano já limitava a exportação de suas GPUs para países como a China, na tentativa de manter o Ocidente na dianteira tecnológica. No entanto, o Deepseek mostrou que a inovação não está restrita às condições impostas por esses bloqueios, levantando dúvidas sobre a eficácia dessa estratégia em conter rivais.
Do ponto de vista econômico, a democratização da tecnologia pode ser um divisor de águas. Segundo um estudo do Stanford Institute for Human-Centered Artificial Intelligence, o desenvolvimento de inteligência artificial tem o potencial de aumentar a produtividade global em até 16% até 2030. Porém, se os custos para criar e operar essas tecnologias forem reduzidos, os benefícios poderão ser ainda mais amplos, alcançando empresas menores e mercados emergentes que até então estavam fora do jogo. Isso pode criar um ambiente mais competitivo, onde grandes players não têm mais o monopólio da inovação.
A chegada do Deepseek marca um momento importante na história da IA, afinal, ele não apenas desafia o domínio das Big Techs do Vale do Silício, mas também redefine o que significa competir nesse mercado. A questão central agora não é apenas "quem" pode criar as IAs mais avançadas, mas "como". Esse novo cenário exige uma adaptação rápida, não apenas tecnológica, mas também estratégica e cultural, em um mercado que parecia destinado a ser liderado apenas pelos mais ricos.