Cargas de risco

Profissão perigo? Armadilhas no caminho de quem leva o país na carroceria

Série de reportagens mostra os riscos no transporte rodoviário no país, setor que escoa 65% das riquezas nacionais em BRs carentes de segurança e investimento

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Montes Claros, Francisco Sá, Grão Mogol, Brumadinho, Itatiaiuçu e Rio Manso – A composição longa de vários eixos e rodas seguia lenta e, além da sua faixa, invadia parte de uma segunda pista da rodovia duplicada. Mesmo com a ajuda de batedores, a carreta com uma peça de dimensões excedentes não fluía bem pela BR-381, a Rodovia Fernão Dias, enquanto atravessava o Sul de Minas na direção de São Paulo.

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“Uma carreta demorou para frear quando a composição parou. Não ligou as luzes de alerta. Eu estava do lado, e a escolta, atrás de mim. Outro caminhão não percebeu e freou tarde. Bateu com tudo na traseira da carreta. Pegou fogo na hora. Muitos carros queimaram, teve gente ferida e morta. Saí do caminhão e jurei que nunca deixaria de ficar atento. Essa rodovia é um perigo: descidas demais, curvas demais. E a vida é um sopro”, desabafou o caminhoneiro Fábio Augusto Camargo, de 39 anos, que viaja dia sim, dia não pela rodovia que mais mata ocupantes de carretas e caminhões no Brasil.


Fundamental para escoar 65% das riquezas nacionais para portos, pontos de comércio, armazéns e fábricas, o transporte rodoviário de cargas se mostra tão necessário ao país quanto carente de investimentos e segurança. Considerando os caminhões, carretas e suas composições, levantamento inédito feito pela equipe de reportagem do Estado de Minas com apoio de especialistas mostra que mais de 44% das mortes em rodovias federais nos últimos três anos e meio tiveram envolvimento de veículos pesados de carga.


E Minas Gerais é onde os sinistros envolvendo veículos de transporte mais resultaram em mortes, com 15% das vítimas. Quando são considerados apenas os ocupantes de caminhões e carretas, o estado registrou um de cada cinco óbitos, concentrando assim as estradas mais mortais para caminhões e carretas no Brasil.

De carona com o sofrimento


Dor e prejuízos que se somam a jornadas extenuantes, solitárias, à imprudência, à precariedade e falta de manutenção de vias, a fiscalizações ineficientes e à insegurança do crime que ronda os transportadores. Aspectos que ameaçam o meio que permite a circulação de bens e insumos no país e que integram os levantamentos exclusivos da série “Cargas de risco” do EM, a partir desta edição.


Para medir o impacto entre os sinistros totais, foram analisadas 258.741 ocorrências da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em todo Brasil, em dados cruzados com registros de vítimas que foram identificadas em desastres com a participação de carretas e caminhões, no período de 2022 – com a reativação econômica depois das restrições mais severas da pandemia do novo coronavírus –, até julho de 2025. No país, transportadores se envolveram em 20% dos casos, ou um de cada cinco registros, mas em desastres que resultaram em quase metade dos óbitos.

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