Deu a louca no motorista de ônibus e ele parou no meio da Afonso Pena
Após pular um ponto, o que resultou em enxurrada de reclamações e xingamentos, o motorista abandonou o coletivo e saiu andando pela rua
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Não ando de ônibus desde que tirei carteira de motorista. Ou melhor, em alguns momentos, quando era mais jovem, e por um ou outro motivo não pude usar o carro, recorri ao ônibus, numa boa. Mesmo assim, tem décadas. Para se ter uma noção, ainda entrávamos no coletivo pela porta de trás. Mas minha colega aqui do jornal vem e vai de ônibus todos os dias. Na última segunda-feira, ficou no meio do caminho porque o motorista surtou e largou o veículo no meio da Avenida Afonso Pena.
Ela chegou contando o caso e fiquei sabendo que isso é mais comum do que imaginamos. Fiz uma pesquisa e o surto de motoristas foi muito comum em 2012 e 2013, quando a frota era muito antiga. Depois que as empresas trocaram a frota, por exigência da prefeitura, o problema foi amainado.
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Os piores casos são na linha 9250 (Caetano Furquim/Nova Cintra), em Belo Horizonte. É o maior trajeto, 28 quilômetros, e não tem como não estressar o motorista. Imagina dirigir 56 quilômetros ida e volta, sabe-se lá quantas vezes (não sei de quantas horas é o turno de motorista), com engarrafamentos, passageiros reclamando e risco de assalto.
Para completar, foram retirados todos os trocadores, sobrecarregando ainda mais os motoristas.
Minha colega contou que o motorista precisa prestar atenção no trânsito e nos pontos de ônibus. Se tem gente, ele para, abre a porta da frente, confere se todos entraram, recebe pagamento em dinheiro, dá o troco, libera a catraca. Quando alguém dá sinal para descer, tem de abrir as portas de trás, conferir se todos os passageiros desceram e fechar as portas.
Detalhe: se no mesmo ponto tem gente que desce e entra, ele deve fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Aí entra a impaciência dos passageiros, alguns grosseiros e mal-educados quando não se libera a catraca rapidamente, quando se demora na entrega do troco e a fila não anda.
Na segunda-feira, o que ocorreu é que, por incrível que pareça, o ônibus era antigão, caindo aos pedaços, coisa rara hoje em dia. A porta da frente não estava funcionando, o motorista era mais velho e já estava nervoso. Um passageiro ficava avisando pela janela sobre o defeito da porta e indicando a entrada pela porta do meio.
Em um dos pontos, os passageiros deram sinal e o motorista não parou, só o fez no quarteirão seguinte, o que resultou em enxurrada de reclamações e xingamentos. A viagem seguiu até que, em frente ao Palácio das Artes, ele parou no meio da avenida e falou em alto e bom tom: “Liguem para a BHTrans e reclamem, meu nome é fulano de tal, este é o ônibus de número tal”. Pulou a roleta, desceu do coletivo e saiu andando pela avenida, brigando com ele mesmo.
Tinha uma viatura perto e um passageiro caridoso comunicou o fato aos policiais. Em tempo: a linha era 4107, Serra/Alto Caiçara.
* Isabela Teixeira da Costa/Interina
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.
