
A importância dos amigos
São eles que transformam as dores em risadas e fazem da vida algo mais leve, ainda que por um momento
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Ontem contei um pouquinho das minhas férias, e foi durante esse período de descanso que recebi da minha querida amiga Leda Coimbra uma bela crônica do escritor José Luiz Ricchetti. Tão verdadeira que é, que assim que terminei de ler decidi que apublicaria aqui.Nunca tinha ouvido falar do escritor e por isso fiz uma pesquisa sobre ele na internet.
José Luiz é engenheiro e empresário. Atuou na área por mais de 40 anos, viajou pelomundo e, em 2018, abraçou a carreira de escritor.A crônica intitulada “A rede dos afetos” foi escrita em novembro do ano passado, peloque consegui apurar, e fala de família e amigos. Transcrevo-a a seguir:“Certa vez, durante uma conversa despretensiosa, um amigo disse: ‘Minha família mebasta.’ Naquele momento, concordei com um aceno distraído, mas a frase meacompanhou por dias, como uma melodia inacabada que insiste em voltar à memória.
Por que algo tão simples parecia tão incompleto?A família é, sem dúvida, nosso porto inicial. É nela que ancoramos nossos primeiros sonhos e aprendemos a nos equilibrar nas tempestades da vida. Porém, o tempo, esse marinheiro impassível, inevitavelmente muda os ventos. Os filhos crescem, casam-se,seguem para outros horizontes. O companheiro ou companheira pode partir antes denós, deixando um vazio que nem o mais acolhedor dos lares consegue preencher.
E então, quem resta? Os amigos, esses irmãos escolhidos, muitas vezes são os únicos que permanecem. Sãoeles que nos estendem a mão quando o mundo parece maior do que podemos suportar. São eles que transformam as dores em risadas e fazem da vida algo mais leve, ainda quepor um momento.
Mas, infelizmente, vivemos num tempo em que amizades são negligenciadas, colocadasem segundo plano por uma rotina que prioriza compromissos e esquece os afetos.Amigos, porém, não nascem de agendas apertadas; eles florescem na constância daspequenas trocas, nos cafés improvisados, nos telefonemas sem motivo aparente, nosimples “como você está?” que aquece a alma.A vida é uma estrada longa, e por vezes solitária. Sem amigos, o caminho se tornaainda mais árido. Eles são como poços de água fresca no meio do deserto, oferecendo alívio quando tudo parece seco e sem cor.Voltei a encontrar aquele amigo anos depois. A família que antes ‘bastava’ tinha se espalhado pelo mundo. Os filhos estavam ocupados com suas próprias vidas, a esposa já não estava mais ali.
Ele me olhou com olhos cansados e disse, quase como um sussurro: ‘Sabe, você tinha razão. Amigos são insubstituíveis. ’Desde aquele dia, prometi a mim mesmo nunca deixar as amizades se perderem pelo caminho. Se a vida é feita de escolhas, escolher os amigos é um dos atos mais sábios e generosos que podemos praticar.
Porque, no fim das contas, são eles que seguram nossas mãos quando o peso da existência nos pede uma pausa. A família é o lar. Mas os amigos são a ponte. E atravessar a vida sem eles é, no mínimo, uma jornada incompleta.” (Isabela Teixeira da Costa/Interina)