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Estado de Minas

Ferramenta permite comandar o celular pelo som ou movimento

Em testes, a precisão do acessório chegou a 99%. O baixo preço de produção da peça também chama a atenção


postado em 11/06/2015 13:00 / atualizado em 11/06/2015 13:04

Brasília – Jogar videogames e tirar fotos são algumas das funções executadas facilmente em smartphones pela tela sensível ao toque. Conquistado graças à tecnologia touchscreen, o recurso está prestes a ganhar um complemento: o Acoustruments. A ferramenta, criada por cientistas da Disney Research em parceria com pesquisadores da Universidade Carnegie Mellon, ambas nos Estados Unidos, consegue aumentar o número de comandos dos celulares inteligentes por meio de funções sonoras. Entre as vantagens, estão o baixo custo de produção e a possibilidade de incorporar acessórios que aumentem a funcionalidade sem a necessidade de o usuário tocar na área de comando.


O Acoustruments é feito de tubos de plástico, que podem assumir formas distintas e ser acoplados a outras estruturas, como botões e sensores. “A ideia foi inspirada por instrumentos de sopro, capazes de produzir sons de forma expressiva apesar da concepção física geralmente simples. Todos os telefones têm um alto-falante e um microfone, que podem funcionar como instrumentos. Estamos fornecendo às pessoas uma interatividade tangível por meio desses recursos”, explicou ao Estado de Minas Gierad Laput, aluno da Universidade Carnegie Mellon e autor principal do projeto.
O alto-falante do smartphone produz algumas “varreduras” de frequências ultrassônicas. Aos serem ligadas ao telefone, as peças da nova ferramenta alteram o sinal acústico emitido, resultando nos comandos. “Em poucas palavras, o Acoustruments usa canos para obter um ultrassom (inaudível para pessoas) a partir do alto-falante e do microfone. Ao ajustar as propriedades físicas ao longo da tubulação, como o ato de cobrir buracos em uma flauta, o ultrassom é alterado e podemos usá-lo para a interatividade”, explica Laput.


Os tubos de plástico podem ser acoplados a sensores de pressão e movimento, e a botões de diversos formatos, possibilitando que o telefone seja controlado com rolamento, apertos ou movido sobre a mesa. Esses recursos poderiam ser usados, por exemplo, como comandos extras em jogos de realidade virtual. “Com o Acoustruments, dá para adicionar funcionalidade tangível, além do uso da tela de toque convencional. Ele também pode melhorar a interação em dispositivos conectáveis sem a necessidade de montagem sofisticada ou eletrônica”, detalha.
Os pesquisadores da Universidade Carnegie Mellon e da Disney usaram o acessório para construir uma boneca interativa, capaz de responder quando a barriga dela é tocada; e um despertador que, acoplado ao Acoustruments, pode ser comandado sem a necessidade da tela touch screen do celular. “Usar smartphones como computador para controlar brinquedos, eletrodomésticos e robôs já é uma tendência crescente, principalmente quando falamos dos fabricantes. O Acoustruments pode fazer da interatividade desses aplicativos novos e ‘acopláveis’ algo ainda mais rico”, aposta Laput.

Custo reduzido

Em experimentos para testar a eficácia da nova ferramenta, a equipe descobriu que ela pode atingir 99% de precisão no controle do telefone. Outra vantagem é que o material usado, o plástico, tem custo baixo e pode ser confeccionado por meio de impressora 3D ou manualmente. “Usando técnicas de produção em massa, o custo tende a ser drasticamente reduzido. Continuaremos a investigação nessa área, mas não há planos para comercializar a tecnologia por agora”, adianta Gierad Laput.


Para Rangel Arthur, diretor associado da Faculdade de Tecnologia da Universidade de Campinas (Unicamp), as possibilidades do uso de recursos auxiliares unidos por meio do Acoustruments são o ponto mais interessante da solução, além da forma como o aparelho utiliza o som: seletivamente e sem interferências internas. “Na parte de captura, o celular já tem um microfone. A estrutura auxiliar proposta ajuda a concentrar os sinais e também a ter o comportamento desses filtros, eliminando ruídos que possam interferir na identificação do comando requerido, fazendo com que as outras estruturas conectadas a ele funcionem sem o risco de falhas causadas por barulhos externos”, destaca.


Os criadores do Acoustruments citam que outra vantagem do acessório é poder controlar o aparelho sem ser distraído pela tela do celular. Rangel Arthur avalia que essa habilidade pode facilitar a vida de pessoas com deficiência. “A ideia é não utilizar a tela touchscreen. Com o acessório, vários sensores podem ser espalhados ao redor do telefone, o que aumenta o grau de interação. Vejo que essa proposta pode ser importante não somente como um brinquedo ou uma ferramenta auxiliar, mas também para pessoas com deficiência, seja visual, seja motora”, destaca o especialista.


Rangel avalia que estudos que buscam novos recursos para celulares, como o Acoustruments, têm aumentado consideravelmente na área tecnológica. Segundo ele, a tendência é de que novos aparelhos e acessórios surjam ainda com mais recursos. “Essa área tem um potencial gigantesco, tanto na área de acessórios quanto na criação de aplicativos e novo softwares que tornem o uso do telefone mais fácil e versátil.” O diretor diz que a Unicamp conta com um departamento voltado para a área de automação residencial e que tem como foco o desenvolvimento de recursos para pessoas que sofreram acidentes e podem realizar ações do cotidiano em casa por meio do controle remoto. “Acredito que especialistas que se dediquem a projetos semelhantes a esse possam ter um grande sucesso futuro, é um bom caminho a seguir.”

 


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