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Estado de Minas

Universidades de Itajubá e São João del-Rei se destacam em competição de aeronaves

As federais foram vices em duas categorias, retomando a liderança estadual no desafio máximo em competição de aeronaves radiocontroladas capazes de transportar cargas nos EUA


postado em 04/04/2015 15:30 / atualizado em 04/04/2015 15:57

Bruno Freitas

Prestes a decolar, a aeronave A barca, criada pela equipe Uirá, da Unifei, conquistou a segunda colocação da Classe Regular na SAE AeroDesign (foto: Rebeca Colombelli/Equipe Uira/Divulgação)
Prestes a decolar, a aeronave A barca, criada pela equipe Uirá, da Unifei, conquistou a segunda colocação da Classe Regular na SAE AeroDesign (foto: Rebeca Colombelli/Equipe Uira/Divulgação)

A forte tradição mineira no desenvolvimento de aeronaves radiocontroladas foi novamente premiada na Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE) AeroDesign East Competition, no início do mês, em Lakeland, na Flórida (EUA). Duas universidades federais do estado – Itajubá (Unifei) e São João del-Rei (UFSJ) – foram vice-campeãs no desafio máximo disputado em três classes (Advanced, Regular e Micro), retomando o pódio ocupado por Minas Gerais desde 2004.

Participaram da competição 73 instituições de ensino das Américas, da Ásia e da Europa, selecionadas depois da conquista das melhores colocações nas etapas regionais – em 2012, durante a seleção, Minas Gerais bateu recorde de inscrições com 17 equipes e cerca de 250 estudantes. Como critério, os estudantes de graduação e pós-graduação das áreas de engenharia, física e ciências aeronáuticas tiveram de projetar e construir aeronaves capazes de transportar cargas com o máximo de eficiência.

Outras duas equipes representaram o Brasil nos Estados Unidos: a Urubus, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), quarta colocada da Classe Regular; e a Car-Kará, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), 10º lugar na Classe Advanced. Ambos os projetos apresentaram problemas técnicos e não conseguiram completar as quatro baterias de voos. Com o resultado de 2015, o Brasil sagrou-se campeão pela sétima vez nas 14 participações na Classe Regular da competição aeronáutica da SAE International, além dos quatro primeiros lugares na Classe Advanced e um primeiro lugar na Classe Micro.

Para alcançar o segundo posto da Classe Regular, em que há obrigatoriedade de motores elétricos de até 1.000 watts e aeronaves de até 4,45m de diâmetro a equipe Uirá da Unifei projetou um avião com 2,89m de envergadura, 1,16m de comprimento e peso vazio de 2,90 quilos. Chamado de A barca, o projeto alimentado por um motor elétrico Scorpion Brushless transportou o maior peso carregado (13,55 quilos), além de apresentar o segundo melhor relatório técnico da categoria. Os materiais utilizados foram madeiras do tipo balsa e freijó, compensado, alumínio e plástico para entelagem – é vetado o uso de materiais compostos (fibra de carbono ou vidro) na estrutura. Foram quatro meses de desenvolvimento, segundo a estudante e um dos 13 membros da equipe Rebeca Colombelli da Costa. “Apesar do corte de verba para o projeto e do pouco tempo de desenvolvimento, o avião carregou a maior carga na competição”, aponta. Além das restrições, as aeronaves da Classe Regular devem ser capazes de decolar em uma distância máxima delimitada de 61 metros (200ft).

Representantes das diversas equipes que participaram da competição. Para presidente da SAE, experiência é de fundamental importância para trajetória profissional dos estudantes (foto: Rebeca Colombelli/Equipe Uira/Divulgação)
Representantes das diversas equipes que participaram da competição. Para presidente da SAE, experiência é de fundamental importância para trajetória profissional dos estudantes (foto: Rebeca Colombelli/Equipe Uira/Divulgação)


Segunda colocada na Classe Micro – sem restrições geométricas, mas com a condição se transportar a aeronave dentro de um tubo circular de 15,3cm de diâmetro – a Trem Ki Voa, da Federal de São João del-Rei (UFSJ), optou por construir a Chaverim com 0,80m de envergadura, 0,64m de comprimento e peso vazio de 0,35 quilo. O nome do projeto representa a menor aeronave já construída pela equipe. Quanto menor o comprimento do tubo, mais pontos a equipe ganha. Durante a competição, o avião transportou o maior peso carregado da classe (1,007 quilo) e a terceira melhor relação carga paga x peso aeronave. A estrutura, explica o professor Cláudio de Castro Pellegrini, foi construída com o uso de madeira de balsa, fibra de carbono e isopor. A exemplo da Uirá, o baixo custo foi um desafio. “Devido a dificuldades financeiras, a equipe foi obrigada a desenvolver um projeto de baixo custo, sendo que 98% do custo foi com as despesas com viagem, estadia e deslocamento”, conta Cláudio.

Vinte e três alunos participaram do desenvolvimento, entre o título brasileiro em novembro e a ida aos Estados Unidos. “Foram dois meses e meio até a entrega do relatório e um mês de construção das aeronaves que foram para a competição. Os membros da equipe não tiraram férias”, acrescenta o professor. Na categoria, as aeronaves também usam motores elétricos e a decolagem tem de ser feita via lançamento manual, mas desde 2011 o uso de barras de chumbo como carga foi substituído por barras metálicas (aço) ou material similar à escolha da equipe.

Lançamento humanitário Na Classe Advanced, sem vencedores brasileiros, não existem restrições geométricas e de motor, desde que a soma das cilindradas não exceda 7,54cc (7,538cm3 ou 0,46in3). Os estudantes, porém, têm de lançar uma carga humanitária (simulando o envio de alimentos, por exemplo) numa área específica por meio de um segundo piloto que tem como base um sistema de visão remota instalado no avião. A altura mínima de lançamento é 30 metros acima do solo. Também podem participar estudantes de pós-graduação.

Frank Sowade, presidente da SAE Brasil, destaca a importância da competição na formação dos estudantes. “Os programas estudantis são uma experiência extracurricular que faz diferença na formação do engenheiro, pois introduzem a aplicação prática e sistêmica da tecnologia, desafiam a criatividade e a inovação, além de estimular o trabalho em equipe”, afirma ele, que também é engenheiro.

No Brasil, o projeto AeroDesign é uma iniciativa da seção São José dos Campos da SAE Brasil desde 1999. As quatro equipes brasileiras que participaram da etapa internacional ganharam o direito de representar o país ao conquistar as melhores pontuações na 16ª edição da competição SAE Brasil AeroDesign em novembro do ano passado. Participaram 85 equipes de 71 instituições.


Principais títulos na competição

» 2014
Equipe Uirá (Regular), da Universidade Federal de Itajubá (Unifei). 4º lugar na Classe Regular

» 2013
Equipe Uai Sô Fly, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). 1º lugar na Classe Regular (17,2kg)

Equipe Cefast, do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet MG). 3º lugar na Classe Regular (13,3kg)

» 2012
Equipe Uai Sô Fly, da UFMG.
1º lugar na Classe Regular

» 2011
Equipe Tucano, da Universidade Federal de Uberlândia. 3º lugar na Classe Regular (15,5kg)

» 2010
Equipe Cefast, do Cefet MG.
1º lugar na Classe Regular (14,65kg)

» 2008
Equipe Cefast, do Cefet MG.
3º lugar na Classe Aberta

» 2009
Equipe Uai Sô Fly, da UFMG.
2º lugar na Classe Regular

» 2007
Equipe Uirá (Regular), da Universidade Federal de Itajubá (Unifei). 3º lugar na Classe Regular (14,2kg)

» 2006
Equipe ALE, da UFMG. 1º lugar na Classe Regular

Equipe Tucano, da Universidade Federal de Uberlândia. 2º lugar na Classe Regular

» 2004
Equipe CEAV/UAV, da UFMG.
2º lugar na Classe Regular

SITES DAS EQUIPES

Cefast: cefast.com.br
Uai Sô Fly: uaisofly.com
Uirá: www.uiradesign.com
Tucano: tucanoaerodesign.com.br


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