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Estado de Minas ELES FIZERAM A DIFERENÇA

Conheça personalidades que estiveram por trás de feitos históricos neste ano

Até um paciente figurou na lista de uma das principais revistas científicas do mundo


postado em 25/12/2014 18:00 / atualizado em 25/12/2014 18:03

Paloma Oliveto

Foi um ano de muitos frutos para a ciência. Depois de uma década de espera, finalmente uma sonda pousou, pela primeira vez, na superfície de um cometa. O feito não só amplia o conhecimento sobre esse corpo celeste, como também é uma demonstração de que a jornada humana pelo universo alcança voos cada vez mais altos. Que o diga a Índia, cuja missão bem-sucedida a Marte pegou de surpresa países que estavam nessa corrida há muito mais tempo.

A medicina também deu passos largos, com a comprovação de que, um dia, o câncer poderá ser combatido pelo próprio organismo, sem necessidade de tratamentos agressivos, como a químio e a radioterapia. A estratégia já está dando certo para pacientes de melanoma graças à persistência de uma médica que sempre sonhou em curar a doença com a ajuda das células T, presentes no sistema imunológico.

Mas 2014 teve seu lado trágico. Uma epidemia de ebola explodiu na África Ocidental, dizimando mais de 6 mil pessoas, incluindo muitos profissionais da saúde. Entre eles, Sheik Humarr Khan, um virologista que, convidado a trabalhar no exterior, preferiu se mudar para a zona rural de Serra Leoa para ficar próximo dos mais necessitados. Sem querer abandonar os pacientes, acabou, ele mesmo, infectado, morrendo da doença.

Formado por cientistas renomados de diversas áreas, o time de editores de uma das principais revistas especializadas, a Nature, da Inglaterra, elegeu as personalidades mais importantes do ano. Veja quem foi destaque.



(foto: AFP PHOTO / DANIEL ROLAND )
(foto: AFP PHOTO / DANIEL ROLAND )
Andrea Accomazzo, diretor da missão Rosetta
Há tempos ele não consegue dormir direito. Acorda de madrugada, achando que algo pode dar errado. Então, lembra-se de que já passou. Philae pousou no cometa 67P às 14h03 (horário de Brasília) de 12 de novembro. A missão Rosetta, executada a 500 milhões de quilômetros da Terra, foi um sucesso. A fixação é explicável. Desde 1999, Andrea Accomazzo integra o projeto da Agência Espacial Europeia e, ao longo desse tempo, alcançou o cargo de diretor de voo da missão. A jornada, iniciada em março de 2004, começou com a sonda sobrevoando Marte e a Terra e usando a força gravitacional dos planetas para ganhar velocidade. Quando se confirmou o pouso, Accomazzo declarou: “Nós estamos sobre o cometa 67P/Churyumov-Geramisenko, e estamos muitos felizes”. Mas o diretor ainda não consegue dormir em paz. Enquanto Philae hiberna, a Rosetta continua suas observações até o fim de 2016.


(foto: AFP PHOTO / The Seoul)
(foto: AFP PHOTO / The Seoul)
Maryam Mirzakhani, matemática

Ao longo de 10 anos, Maryam Mirzakhani buscou a solução para um problema matemático com o qual se deparou quando ainda era estudante de graduação em Harvard. Àquela altura, ela já era um talento e tanto: a iraniana superdotada acumulava medalhas em olimpíadas internacionais. Aos 31 anos, Maryam se tornou professora da prestigiada Universidade de Stanford, onde faz pesquisas sobre a teoria de Tehichmüller, a teoria ergódica e a geometria simplética – temas extremamente confusos até mesmo para matemáticos. Foi o problema de uma década, porém, que rendeu a ela a medalha Fields, conhecida como  o Nobel da Matemática, neste ano. A jovem descobriu como calcular o volume em espaços de superfícies hiperbólicas e conquistou a honraria ao lado do brasileiro Artur Avila. A conquista da iraniana tem um componente histórico. É a primeira vez que uma mulher recebe esse prêmio, que reconhece o trabalho de matemáticos desde 1936.


(foto: Heidi Ledford/Divulgação Nature)
(foto: Heidi Ledford/Divulgação Nature)
Suzanne Topalian, médica e pesquisadora oncológica

Quando era estudante de medicina, Suzanne Topalian perseguia a ideia de combater o câncer com o próprio organismo do paciente. Para ela, um dia seria possível fazer com que as células de defesa agissem como as drogas fortes e a radiação. Em 1985, ela começou a trabalhar no laboratório do imunologista tumoral Steven Rosenberg, do Instituto Nacional do Câncer dos EUA. O plano era ficar dois anos, mas se passaram 21 até Suzanne migrar para o próprio laboratório. Insistindo nas pesquisas mesmo quando os primeiros resultados deram errado, ajudou a desenvolver, em 2006, a droga nivolumab. Há dois anos, divulgou estudo mostrando que a molécula produziu respostas dramáticas em pacientes de melanoma avançado e de câncer de pulmão. Agora, cientistas procuram fórmulas de imunoterapia para combater tumores.


(foto: AFP PHOTO/SAJJAD HUSSAIN )
(foto: AFP PHOTO/SAJJAD HUSSAIN )
Koppillil Radhakrishnan, engenheiro

Gastando menos que o empregado nas filmagens do blockbuster Gravidade, a Índia ultrapassou Japão e China e se tornou o primeiro país a conseguir colocar uma sonda na órbita de Marte – e na primeira tentativa. À frente da empreitada de US$ 74 milhões (o filme hollywoodiano custou US$ 100 milhões) está o engenheiro Koppillil Radhakrishnan, que cuida de assuntos gerais na Organização de Pesquisa Espacial Indiana: de exploração marciana a sistema de alerta de tsunamis. Nos próximos três anos, a Índia pretende chegar à Lua, um plano perseguido também pela China e pelo Japão. Em Marte, a missão Mangalyaan vai recolher dados sobre condições climáticas do planeta vermelho, além de tentar ajudar a encontrar uma resposta que todos querem saber: se já existiu vida por lá. Para tanto, o equipamento vai procurar traços de metano – um composto orgânico – na atmosfera marciana.


(foto: Corie Lok/Nature Divulgação )
(foto: Corie Lok/Nature Divulgação )
Radhika Nagpal, especialista em robótica

Biologia nunca foi o forte dessa indiana, que penou para tirar boas notas na disciplina no ensino médio. Ela sempre sonhou com a engenharia e, hoje, é pesquisadora da área na Universidade de Harvard. Mas, então, eis que a biologia surgiu novamente em sua vida. Este ano, a equipe de Nagpal desenvolveu um “enxame” de 1.024 kilobots, pequeninos robôs que se comunicam por luz infravermelha e operam inspirados nos ninhos e colmeias de formigas, abelhas e cupins. Juntos, eles se organizam em formas bidimensionais, como estrelas. O trabalho poderá, no futuro, levar à invenção de equipes robóticas que se auto-organizem para responder a desastres ou agir em grandes faxinas ambientais.


(foto: AFP PHOTO / JIJI PRESS )
(foto: AFP PHOTO / JIJI PRESS )
Masayo Takahash, oftalmologista

A pesquisadora do Centro Riken de Desenvolvimento Biológico em Kobe, no Japão, quer devolver a luz a pessoas que perderam a visão devido a doenças degenerativas da retina. Masayo Takahash criou linhagens de células-tronco pluripotentes induzidas, aquelas com potencial para se transformar em qualquer tecido, a partir de camadas de pele retiradas dos próprios pacientes. Ao longo de uma década de investigações, a oftalmologista encontrou a fórmula certa. Até que, neste ano, após testar resultados em ratos e macacos, começou os transplantes celulares em pessoas com uma condição muito comum, a degeneração macular associada à idade, na qual os vasos sanguíneos destroem células fotorreceptoras e, por fim, a visão. A paciente inaugural foi uma mulher de 70 anos. Apenas daqui a 12 meses, Masayo vai revelar o resultado. Antes disso, fará mais transplantes de células-tronco.


(foto: REUTERS/Bobby Yip )
(foto: REUTERS/Bobby Yip )
David Spergel, astrofísico

As manchetes de jornais, revistas e sites científicos do mundo todo anunciaram: descobertas evidências de ondas gravitacionais no universo. Os sinais de longa distância forneciam evidências de que o cosmos ainda em formação passou por um rápido, mas imenso, período de expansão chamado inflação cósmica. Em meio à empolgação, David Spergel, astrofísico da Universidade de Princeton (EUA), ficou um tanto desconfiado. Especialista no Universo primordial, Spergel examinou os sinais e constatou que, na verdade, a equipe de cientistas que havia analisado os dados capturados pelo telescópio BICEP2 havia cometido um erro nos cálculos da distância das ondas. A equipe, já cotada para um Prêmio Nobel, reconheceu o engano.


(foto: Ewen Callaway/Nature Divulgação )
(foto: Ewen Callaway/Nature Divulgação )
Sjors Scheres, biólogo

O trabalho desse biólogo não envolve tubos de ensaio e placas dePetri. Sjors Scheres está envolvido em bilhões de cálculos. Sua missão é programar softwares. Mas não qualquer software. No Laboratório de Biologia Molecular de Cambrigde, o que o inglês faz é buscar uma forma de produzir imagens em altíssima resolução de ribossomos, estruturas formadas por proteínas e moléculas de RNA. Entre as contribuições de Scheres está a primeira imagem de um cromossomo híbrido – a compreensão dessa “sopa” de material genético é essencial para, entre outras coisas, desenvolver antibióticos mais eficazes.


(foto: Reprodução Twiiter)
(foto: Reprodução Twiiter)
Sheik Humarr Khan, infectologista

Quando a epidemia de ebola atingiu seu ápice em Serra Leoa, o infectologista Sheik Humarr Khan foi aconselhado a sair do país. Mas ele se recusou. Queria terminar o trabalho de sequenciamento do vírus circulante naquela região e também tratar os pacientes. O custo foi alto: Khan foi infectado e morreu em 29 de julho. De acordo com os que o conheciam, o médico acreditava tanto que a ciência deveria estar a serviço de todos que largou o posto de médico na capital, Freetown, para trabalhar na pobre e abandonada região rural de Kenema. A pesquisa da qual participou está mostrando como o vírus apresenta rápida mutação e, agora, em toda a África Oriental, laboratórios sequenciam o DNA viral atrás da história evolutiva do ebola.


(foto: Billie Weiss/ Boston Red Socs)
(foto: Billie Weiss/ Boston Red Socs)
Pete Frates, paciente

Há dois anos e meio, o jogador de beisebol Pete Frates, de 29 anos, recebeu o diagnóstico de esclerose lateral amitrófica. Desde então, o jovem perdeu as habilidades de falar e de se mexer. Em novembro do ano passado, ele assistia a um jogo quando viu, pela primeira vez, uma demonstração do desafio do balde de gelo, no qual pessoas postam e compartilham vídeos delas mesmas tomando um banho congelante a fim de levantar fundos para pesquisas sobre a doença. Em agosto, Frates resolveu abraçar a causa. Fez, ele mesmo, o desafio e, com a ajuda do softwares de comunicação que o auxiliam a se comunicar, postou o vídeo, que se tornou viral. Desde então, angariou US$ 115 milhões.


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