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Estado de Minas

Fim do Orkut mostra que redes sociais estão fadadas a acabar

Especialistas dizem que, em menos de três anos, Facebook pode ir pelo mesmo caminho


postado em 10/07/2014 10:13 / atualizado em 10/07/2014 10:14

Gustavo Menezes ainda acessa comunidades do Orkut. ''Não há nada assim em outros lugares, nem no Facebook''(foto: OSWALDO REIS/ESP.CB/D.A PRESS)
Gustavo Menezes ainda acessa comunidades do Orkut. ''Não há nada assim em outros lugares, nem no Facebook'' (foto: OSWALDO REIS/ESP.CB/D.A PRESS)
Brasília – O anúncio feito na semana passada de que o Orkut vai acabar – em 2008, chegou a ter 40 milhões de usuários no Brasil, segundo Pesquisa Brasileira de Mídia 2014, publicada no início do ano pelo governo federal – traz à tona uma questão nem tão anormal assim no mundo cibernético: o fim de uma rede social. Haja vista o sumiço do ICQ, do MySpace, Fotolog e outros tantos.

Para analistas de mídias sociais, os usuários querem sempre novidades – e as páginas precisam se atualizar a todo momento. E, embora quase ninguém leia os termos de adesão na hora de se cadastrar em uma plataforma, dificilmente haverá uma cláusula vitalícia impedindo que os internautas procurem novos sites adequados ao que buscam. A dança das cadeiras é cruel e quem não entra na ciranda da atualização constante pode perder o lugar.

Há pesquisadores dizendo até que, em menos de três anos, o Facebook perderá 80% dos usuários. Alguém aí se lembra do Fotolog, MySpace ou Formspring? As redes sociais têm um prazo de validade. O funeral do Orkut está marcado para 30 de setembro. A partir dessa data, não será mais possível acessar a página, criada há 10 anos. A Google, empresa que mantém o Orkut, orienta os usuários a salvarem as informações de perfil, recados, comunidades e fotos que estão guardadas no site, além de que, desde já, não é possível realizar novos cadastros.

“Esperamos que vocês encontrem outras comunidades on-line para alimentar novas conversas e construir ainda mais conexões, na próxima década e muito além”, anunciou a Google, que mantém o site, no blog do serviço. O estudante Gustavo Menezes, de 21 anos, era um dos poucos sobreviventes por lá. “Fiquei um tempo sem acessar, mas um dia bateu a curiosidade de procurar as comunidades que eu frequentava e descobri que ainda eram movimentadas. Achei curioso e resolvi participar também.”

Ele é mais um entre os tantos que vão sentir falta do sistema de comunidades existentes no site. “Não há nada assim em outros lugares, funciona bem melhor do que os grupos do Facebook.” Outras 75 mil pessoas, que sofrerão do problema a partir de setembro, assinaram uma petição para convencer a Google a manter o site.

O especialista em marketing Gabriel Rossi considera coerente a posição da Google de descontinuar o Orkut. “Por mais que eles criem diversos aplicativos e outras empresas, a plataforma de buscas é o principal foco da companhia, a missão deles é ser um grande indexador da internet. A rede, então, fica perdida nessa história, não se encaixava nas posições da gigante.”

Para a analista de mídias sociais Marina Magalhães, a rede social foi de fundamental importância para a consolidação da internet no Brasil. “O Orkut revolucionou todas as mídias, que, na época, não eram tão interativas como hoje, e trouxe a inclusão digital para a vida dos brasileiros. Foi o primeiro a fazer isso. Fora daqui, havia somente o MySpace, por exemplo, mas a gente não usava.”

Passado recente

O MySpace, criado em 2003, foi uma das primeiras redes sociais a fazer sucesso globalmente. Embora não tenha chegado com força ao Brasil, que tinha todas as atenções voltadas para o Orkut, a plataforma chegou a ter 300 milhões de usuários registrados em 2007. O êxito foi tamanho que, apenas dois anos depois de ser lançado, o site foi comprado pelo conglomerado de mídia News Corp. por US$ 580 milhões. A ascensão do Facebook, no entanto, cooptou os usuários da plataforma, que, entre 2010 e 2011, perdeu 43% dos usuários. Em queda vertiginosa, o site foi vendido por apenas US$ 35 milhões em junho de 2011. A página foi reformulada no ano seguinte e, desde então, tornou-se um portal, basicamente, de streaming de música.

Outra rede social que fez muito sucesso por aqui foi o Fotolog. Criado em 2002, a plataforma registra 33,4 milhões de fotos publicadas e, em 2008, ostentava 22 milhões de membros registrados, boa parte deles do Brasil. Seu esquecimento pode ser explicado porque as funções que oferecia, postar fotografias e acompanhar a atividade de amigos, foram integradas em outras plataformas, como o próprio Orkut e o Facebook.

Redes sociais mais efêmeras ainda encantaram internautas e foram substituídas em pouco tempo. O Formspring, por exemplo, site em que se podia, basicamente, fazer perguntas e respostas, explodiu no fim de 2009, angariando mais de 25 milhões de usuários registrados em pouco mais de um ano e meio. As poucas funções do site, entretanto, podem explicar a breve decadência e posterior descontinuamento, em 2013.

Futuro

Embora não pareça, as gigantes da área também precisam ficar de olho. Segundo pesquisadores da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, o Facebook perderá 80% dos usuários até 2017. O resultado foi obtido analisando o número de buscas no Google pela plataforma e comparando com os mesmos dados nos últimos dias do MySpace. Em resposta, o site usou a mesma fórmula para calcular que a universidade perderia todos os alunos até 2021.

Para Gabriel Rossi, o Facebook acertou em um ponto essencial para conquistar o 1,23 bilhão de usuários que tem. “Eles criaram uma internet dentro da internet. É possível ouvir música, assistir a vídeos, acompanhar notícias e até ter uma conversa despretensiosa com amigos, tudo em um único site.”

Marina Magalhães concorda. “Eles têm uma percepção muito boa sobre o que as pessoas querem em uma rede social. Acho que se o Orkut tivesse percebido isso, poderia ter durado mais. É uma mídia que está sempre mudando.”

Usuários migram para nova rede

Os órfãos do Orkut não estão desamparados. Os poucos usuários ainda ativos, que não se sentem contemplados pelo que oferece o Facebook, já escolheram um novo lar: o VK. A rede social russa tem mais de 100 milhões de usuários ativos e foi escolhida como porto seguro por apresentar um sistema de comunidades próximo ao existente no futuro falecido.

E não precisa correr para o curso de russo mais próximo: o VK está disponível em diversos idiomas, incluindo o português. Segundo o próprio site, o número de inscrições de usuários do Brasil aumentou 2.000% nos dois dias depois do anúncio do fim do Orkut, e continua a crescer.
Outra rede social que deve ajudar a minimizar o luto é o Reddit, que funciona como um grande fórum sobre praticamente tudo, separado por assuntos e tópicos de discussão. Se você acaba de descobrir uma banda e quer conhecer pessoas que também gostam dela, lá você pode encontrar tudo isso.

 


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