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Estado de Minas

Droga para Parkinson está em desenvolvimento no Brasil

Medicamento vem sendo estudado há uma década na Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto. Já aplicados em macacos, testes devem levar até 12 meses para chegar aos humanos


postado em 15/04/2014 00:12 / atualizado em 15/04/2014 09:05

Um medicamento que combate os efeitos colaterais do tratamento do mal de Parkinson poderá ser colocado à venda no Brasil a partir de 2016. A droga está em fase de desenvolvimento na Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, no interior do estado. Já foram feitos testes em ratos. Na etapa atual, os experimentos são realizados em macacos. “É a última parte da pesquisa antes de passarmos às provas com seres humanos”, diz a professora Elaine Del-Bel, do Departamento de Morfologia, Fisiologia e Patologia Básica da Faculdade de Odontologia da universidade.

O medicamento em teste reduz os tremores, que ocorrem principalmente nas mãos, em pacientes com a doença. A droga auxilia o organismo a evitar a perda de neurônios que produzem uma substância responsável pela comunicação entre as células nervosas. Os efeitos do tratamento, segundo a professora, geralmente aparecem entre quatro e 10 anos de uso da droga que combate a doença. A expectativa da professora, doutora em farmacologia, é que os testes em seres humanos comecem entre seis meses e um ano.

Os movimentos involuntários anormais e repetitivos do corpo, presentes no Parkinson, são chamados de discinesias. Estudos apontam que essa disfunção pode ser controlada com a regulação do neurotrasmissor óxido nítrico, um gás que atua na comunicação entre neurônios e está presente no sistema nervoso central nas regiões do cérebro afetadas pela doença. Tanto o óxido nítrico quanto a dopamina, outro neurotrasmissor, agem em conjunto para que os movimentos do corpo sejam realizados devidamente. Em pessoas com a doença de Parkinson, há uma diminuição progressiva dos neurônios ligados à dopamina, afetando os movimentos. O tratamento atual consiste, principalmente, em um medicamento à base de L-Dopa, substância precursora da dopamina, ou seja, o paciente recebe o remédio e o organismo transforma a substância no neurotransmissor dopamina, melhorando os sintomas da doença de Parkinson (lentidão dos movimentos, dificuldade de caminhar, etc.).

"Como o tratamento é longo, com o passar do tempo o paciente desenvolve um efeito colateral ao medicamento e começam a surgir os primeiros sintomas de discinesias", explica a pesquisadora. O início dos estudos para a identificação do medicamento começaram há uma década. Ainda não há indícios das causas do mal de Parkinson. É uma doença do cérebro que provoca dificuldades de locomoção, movimentação de membros e coordenação. De forma geral, aparece depois dos 50 anos tanto em homens como em mulheres. Quando ocorre em jovens, é por motivo hereditário. A doença pode ser diagnosticada com base nos sintomas e no exame físico. No entanto, pode haver dificuldade na detecção da doença, principalmente em pessoas mais velhas. Os sinais (mudanças no tônus muscular e postura instável, por exemplo) se tornam mais evidentes à medida em que a doença avança. Com os exames podem ser apurados dificuldade para começar e terminar movimentos voluntários, como pegar uma caneta, atrofia muscular e variação de batimentos cardíacos.

Os sintomas da doença, que em sua fase inicial também provoca tremores, ficam mais intensos quando o paciente está nervoso. Durante o sono, os sinais da doença desaparecem. É comum a familiares perceber que um parente está com o mal de Parkinson quando o doente passa a demorar mais tempo para atividades diárias que antes desempenhava com desenvoltura, como tomar banho, vestir roupa e cozinhar, segundo informações da Associação Brasil Parkinson (ABP), que auxilia portadores da doença. É comum que os familiares coloquem a culpa da lentidão na “velhice”.

Os movimentos mais atrasados de quem tem o mal, no entanto, avançam mais rapidamente do que o efeito natural do passar dos anos. Além de medicamentos, podem ajudar no tratamento do mal de Parkinson sessões de fisioterapia, fonoaudiologia, nutrição e a participação do paciente em cursos de oficinas de arte e coral, conforme a ABP, fundada em 1985.

Cobaias

A professora Elaine Del-Bel reclamou do comportamento de representantes de organizações não governamentais (ONGs) de defesa dos animais que no ano passado arrombaram um laboratório em Sorocaba, também no interior paulista, para libertar cachorros utilizados em experimentos com medicamentos. Segundo ela, somente com a utilização de animais é possível dar continuidade a pesquisas de desenvolvimento de medicamentos. “É o único meio que nos aproxima do conhecimento da causa de doenças, como o mal de Parkinson. E, conhecendo a causa, há esperança de conhecer a cura”, argumenta a pesquisadora.

A doença leva o nome do médico inglês James Parkinson, que nasceu em Londres em 11 de abril de 1755. Aos 62 anos, publicou o Essay on Shaking Palsy, em que descreveu os sintomas da enfermidade. A pesquisa envolveu seis pacientes, todos do sexo masculino, com idades entre 50 e 72 anos. Parkinson relatou tremores involuntários, projeção do tronco e modificação do ritmo de caminhada. O nome do médico, porém, só foi atribuído à doença por volta de 1875, por sugestão do neurologista francês Jean Martin Charcot, que também contribuiu para aprofundar os conhecimentos em torno do mal de Parkinson.


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