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Estado de Minas

Mineiros disputam UFC dos robôs em Miami no mês de maio

País é peso pesado em batalha de robótica.


postado em 13/02/2014 11:10 / atualizado em 13/02/2014 11:12

Shirley Pacelli

Na arena, General e Touro. Do lado de fora, muitos gritos: pessoas histéricas disputam espaço para acompanhar a batalha. Esse é o cenário de uma luta entre... robôs. Acredite. Minas Gerais é a casa do vice-campeão mundial – General –, integrante da equipe Uai!rrior (uairrior.com.br), da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), no Sul do estado. Durante a Ultimate Robot Combat na Campus Party 2014, em janeiro, na capital paulista, ele saiu vencedor entre os outros sete participantes. Em maio, vai disputar o STEM, campeonato mundial que faz parte da USATL, grande conferência de robótica que será realizada em Miami (Estados Unidos).

A batalha lembra um UFC de verdade, com juízes e até pesagem das máquinas. As modalidades também são distintas. No combate há a luta entre dois robôs radiocontrolados, dentro de uma arena fechada de 9m x 9m. O objetivo é causar o maior dano possível ao adversário. Os jurados analisam também a agressividade. No Hockey, times de três robôs radiocontrolados se enfrentam em uma arena menor, onde disputam uma partida de hóquei. E há ainda o sumô, no qual robôs pequenos se enfrentam e devem empurrar um ao outro para fora da arena. Nos Estados Unidos há também o futebol de robôs, robôs de lego e humanoides, mas não há a presença de nenhuma equipe brasileira. No combate há diversas categorias de robôs no Brasil: a middleweight (55kg), a featherweight (13,6kg) e a hobbyweight (5,5kg).

Débora Martins, de 21 anos, estuda ciências atmosféricas na Unifei e cuida da gestão da Uai!rrior, que existe há 13 anos. “Demoramos seis meses no projeto do General e outros seis para a montagem e finalização”, diz. São 23 pessoas na equipe e as mulheres ainda são minoria: apenas nove. O fato de os cursos com maior demanda para a robótica, como as engenharias de controle de automação, eletrônica, elétrica e mecânica, serem dominados pela ala masculina explica a diferença. Normalmente, os combates duram em torno de três minutos ou até o robô parar. Usando lâminas afiadas, potentes martelos, discos de impacto e até fogo, os adversários tentam se destruir. “Apesar disso, ali no boxe é irmandade. Para ver a luta acontecer, emprestamos até peça para o concorrente”, garante a jovem.

O vitorioso Touro ficou conhecido como Anderson Silva entre adversários (foto: Facebook/Divulgação)
O vitorioso Touro ficou conhecido como Anderson Silva entre adversários (foto: Facebook/Divulgação)
PESO PESADO Um dos principais oponentes do General é o Touro, robô conhecido na arena como Anderson Silva, em homenagem ao famoso lutador brasileiro. Armado com seu cilindro, Touro tem uma trajetória de vitória longa – foi ouro no mundial. Ele é cria da equipe Riobotz (riobotz.com.br), da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. O grupo existe desde 2003 e agrega diversas medalhas de competições internacionais. Em toda a sua história já construíram 40 robôs. Hoje em dia, há 20 robôs ativos de diferentes categorias e versões. A Riobotz é dona do primeiro e único robô peso pesado do Brasil: o Touro Maximus, com 100kg. Ele já foi prata no mundial.

A equipe tem de 15 a 20 integrantes, normalmente. Marco Antonio Meggiolaro, de 40 anos, coordenador da equipe RioBotz e professor de engenharia mecânica da PUC Rio, conta que o campeonato é o maior incentivo aos acadêmicos para se esforçar mais nos estudos. Apesar do predomínio de jovens da área de engenharia, eles precisam desenvolver talentos em áreas como marketing e comunicação para conseguir patrocínios e até administração para saberem distribuir as tarefas e cobrar produtividade dos integrantes.

“Eles buscam melhorias, viram a noite trabalhando e estão sempre aperfeiçoando os robôs para não perder. Às vezes eles têm 40 minutos para consertar um robô entre uma luta e outra. Existe uma filosofia de troca de informações mesmo com o adversário”, ressalta. Meggiolaro diz que a regra é expandir o conhecimento. Em 2006 ele escreveu um tutorial sobre a montagem dos robôs da PUC Rio e expôs o conteúdo na internet em português e inglês. O arquivo teve mais de 20 mil downloads. Há uma versão impressa à venda na Amazon.

LANÇA-CHAMAS Maloney (PUC Rio), Exorcista (PUC-PR), Kako (Vingador), Blockbreacker (Oddbotz) são alguns dos outros robôs que participam de duelos nacionais. O engenheiro elétrico Thales Nicoleti, de 24 anos, tomou gosto pelas competições depois que saiu da Uai!rrior e resolver montar sua própria equipe de combate – a Masterbots. Ele compete com o robô Firester, que tem um lança-chamas. O também engenheiro elétrico Flávio Hendrikx, de 43 anos, compete há oito anos, mas desde o fim dos anos 1990 já tinha o próprio robô. Ele conta que há 20 anos não existia nada parecido no Brasil com as batalhas norte-americanas que ele seguia pela TV. A sua equipe Triton Robôs (tritonrobos.com.br) tem o Orion. Hendrikx gastou R$ 30 mil na montagem e gasta anualmente cerca de R$ 5 mil na manutenção – praticamente um filho. “Se você investir só R$ 5 mil para fazer seu robô, vai perdê-lo na primeira batalha”, ressalva.


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