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Estado de Minas

Primata Ardipithecus Ramidus era mais humano que macaco, diz estudo


postado em 08/01/2014 00:12 / atualizado em 08/01/2014 09:40

Crânio do Ardipithecus ramidus analisado no estudo apresentou semelhanças com o do Homo sapiens(foto: Tim White/Divulgação)
Crânio do Ardipithecus ramidus analisado no estudo apresentou semelhanças com o do Homo sapiens (foto: Tim White/Divulgação)
 

Um dos mais acalorados debates sobre as origens do Homo sapiens concentra-se em como a espécie africana Ardipithecus ramidus, que viveu há 4,4 milhões de anos, relaciona-se com a linhagem humana moderna. Ardi, como é chamado o primata, habitava a região onde hoje é a Etiópia e era pouco comum. Embora tivesse um pequeno cérebro e um dedão anatomicamente desenhado para trepar em árvores, ele tinha dentes caninos muito semelhantes aos do homem, e sua pélvis já estava modificada para o andar bípede, com pés firmes no chão e coluna ereta.

Os cientistas discordam sobre em que ramo evolutivo deve ser encaixada essa estranha mistura de características. Alguns argumentam que Ardi era um primata com traços humanos herdados de um ancestral da época em que as linhagens dos chimpanzés e dos homens se dividiram, entre 6 e 8 milhões de anos atrás. Outros defendem que a espécie era, na verdade, um parente direto do Homo sapiens, e que ainda exibia elementos de parentes distantes, macacos que pulavam de galho em galho.

Agora, baseados em estudos fósseis, pesquisadores da Universidade Estadual de Arizona reforçam a relação evolutiva próxima entre Ardi e humanos modernos. Liderados pelo paleoantropólogo William Kimbel, os cientistas examinaram o crânio parcial bem preservado de um exemplar da espécie e garantem que encontraram um padrão de semelhança que liga Ardi ao australopiteco e ao Homo sapiens, mas não aos macacos modernos. A pesquisa foi publicada na edição on-line de segunda-feira da revista Proceedings of the National Academy of Science (Pnas).

Crânio

O fóssil foi encontrado na Etiópia, local em que a equipe do coautor do estudo Tim White, da Universidade da Califórnia em Bekerley, vem escavando desde a década de 1990. A pesquisa mais recente realizada com esse mesmo crânio foi publicada na revista Science em 2009 e já dava dicas sobre os aspectos físicos típicos de humanos exibidos pelo antigo primata. “Dado o tamanho muito pequeno da caveira de Ardi, a semelhança dele com a base do crânio humano é incrível”, conta William Kimbel, conhecido mundialmente por ter participado da equipe que descobriu o mais antigo fóssil de um australopiteco – a espécie de Lucy –, em Hadar, na Etiópia.

A base craniana é uma fonte de muita importância para o estudo da filogenética (relação evolutiva natural), porque a complexidade anatômica e sua associação com o crânio, a postura e o sistema de mastigação dão dicas sobre a evolução adaptativa ao longo do tempo. Nos humanos, essa estrutura é profundamente diferente da encontrada em macacos e outros primatas. Segundo Kimbel, o mesmo ocorre com o fóssil de Ardi, anatomicamente mais próximo ao do australopiteco, um ancestral direto do Homo sapiens. Tudo indica, por exemplo, que a articulação da espinha com o crânio localizava-se mais para a frente, assim como ocorre com humanos e seus antepassados. Outras características semelhantes às observadas no Homo sapiens são a base mais curta na frente e aberturas laterais, para passagem de vasos sanguíneos e nervos, mais largas.

“A base craniana de Ardi preenche importantes lacunas no nosso entendimento sobre a evolução do homem acima do pescoço”, diz Kimbel. De acordo com ele, os estudos sobre a adoção da postura ereta e do bipedalismo terão de ser reavaliados agora, à luz da descoberta de que Ardi está mais próximo, na árvore evolutiva, do homem do que dos chimpanzés.

 


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