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Estado de Minas Desbravadores do espaço

Conheça homens e mulheres que embarcam em viagens além-Terra

Eles dedicam-se a projetos que já resultaram na tecnologia de satélites, por exemplo, e focam em desfechos ainda mais ousados, como a descoberta de outro planeta habitável


28/12/2013 00:12 - atualizado 29/12/2013 09:22

Vilhena Soares

Brasília – A curiosidade sobre o que poderia haver fora da Terra foi o pontapé inicial para os cientistas planejarem ir ao espaço. Para saber o que existia além do que eles conheciam, porém, era necessário ter certeza primeiro de que a viagem seria possível. Assim como em outros tipos de experimentos científicos, animais foram usados em testes. Uns projetos vingaram, outros não, mas todas as tentativas foram de grande importância para chegar aos avanços conquistados e planejar empreitadas ainda mais ousadas, como ter planetas como opção de moradia.

O lançamento de animais além-Terra começou em 1957. Até então, durante a Guerra Fria, os Estados Unidos e a União Soviética deram início a uma disputa para ver qual país obtinha mais sucesso nas conquistas espaciais. A cadela Laika foi o primeiro animal a visitar o espaço. Enviada pelos soviéticos, era o único tripulante da nave Sputnik 2, mas não resistiu à experiência e morreu de calor durante a missão. Em 1966, foi a vez dos cães Veterok e Ugolyok. Enviados também pela URSS, os animais permaneceram na órbita terrestre por 22 dias. Um recorde que até hoje não foi batido por nenhum outro cachorro.

“O envio de animais ao espaço foi um elemento-chave no desenvolvimento de missões espaciais tripuladas. Essas viagens se transformaram em um instrumento de teste para os sistemas ambientais – ar respirável, proteção radiológica e pressurização, por exemplo – da nave espacial e do impacto das viagens, como o lançamento, o voo e o pouso. As informações obtidas serviram para que o homem se preparasse para as operações tripuladas”, destaca Paul Kostek, membro do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE), dos Estados Unidos.

Segundo Kostek, testes com animais continuam sendo feitos para analisar novos pontos essenciais a projetos que têm o espaço como destino. “O Irã divulgou recentemente os bem-sucedidos lançamento e retorno de um macaco”, exemplifica. Apesar do anúncio oficial, em janeiro, o projeto desperta suspeitas. Isso porque o país apresentou à imprensa um animal diferente do enviado ao espaço. No começo deste mês, um segundo macaco foi lançado e também retornado com vida. A primeira tentativa do Irã nesse sentido fracassou em setembro de 2011.

Depois dos animais, os homens começaram a embarcar em projetos espaciais (veja ao lado). O primeiro deles, Yuri Gagarin, orbitou a Terra a bordo da cápsula Vostok 1, passando uma hora e 48 minutos no espaço. Ele é o autor da frase “A Terra é azul”, uma das mais famosas da história da ciência. A primeira mulher a ir para fora do planeta foi Valentina Tereshkova, astronauta russa que deu 45 voltas na Terra e conseguiu, pela primeira vez, pilotar manualmente uma cápsula espacial. Em 2006, um brasileiro ganhou o espaço. Marcos Pontes viajou em uma nave russa levando oito experimentos científicos de instituições de pesquisa nacionais para execução em ambiente de microgravidade.

Curiosidade secular Adolfo Stotz, presidente do Grupo de Estudos de Astronomia do planetário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), acredita que a exploração do espaço pelo homem se deve ao ímpeto de desbravamento de novas terras, há séculos inerente ao ser humano. “Temos na história casos semelhantes, como as grandes navegações e a conquista da Mesopotâmia. Há uma tendência à novidade. Quando sentimos que algo está se repetindo, que está tedioso, queremos ir além, ter algo novo”, explica.

Resultados de projetos que alimentam essa curiosidade podem trazer conforto e progresso. Segundo Stotz, se não fossem as viagens espaciais certamente não existiriam a tecnologia de telefones celulares e a de satélites, por exemplo.

Kostek fala de benefícios coletivos. Para ele, os passeios espaciais podem levar as pessoas a verem a Terra como uma área comum. Em vez de um local de cidadãos divididos em países, um lugar compartilhado por todos os seres humanos.

“O aumento do turismo espacial será lento, vai demorar de 20 a 40 anos. Mas à medida que mais pessoas viajarem para o espaço e partilharem suas experiências, poderemos esperar que mudará o modo como vemos o mundo e como podemos usá-lo”, acredita.

Novos destinos  As novas percepções sobre a Terra não resultarão na decisão de abandoná-la, segundo Adolfo Stotz. O especialista acredita que uma mudança de planeta seria muito complexa e trabalhosa. “Mas, ainda assim, seria interessante saber que temos vizinhos semelhantes, os exoplanetas, locais que poderiam ser semelhantes à Terra. Acho que eles podem trazer um bom material a ser explorado”, complementa.

Para Stotz, as buscas por outros planetas devem continuar e render bons frutos aos terráqueos, mais até do que as visitas. “Viagens como a para Marte demoram muito, a distância é enorme. Não vejo tantos progressos por essa linha, mas acredito que possamos ter realmente uma vitória ao descobrir um planeta, semelhante ao nosso, e quem sabe, até com vida. O universo é grande demais para supormos que estamos sozinhos”, completa.

Kostek é mais entusiasmado com a ida a Marte. Segundo ele, a dúvida atual é com relação ao autor da empreitada. “Só não sabemos quem fará isso primeiro. Se só um país, se nações associadas ou se uma missão financiada com fundos privados”, analisa. A atual situação financeira dos Estados Unidos provavelmente vai atrasar o desenvolvimento de uma missão, diz ele.

“Mas além dos custos financeiros, precisa ser analisada a logística de fornecimento de uma missão”, argumenta. Nesse caso, o know-how norte-americano tem como vantagem uma herança até midiática. Em 20 de julho de 1969, o mundo acompanhou pela televisão Neil Armstrong descendo a escada do módulo lunar da Apollo e pisando pela primeira vez em solo lunar.

O astronauta proferiu, então, outra frase histórica: “Um pequeno passo para um homem, mas um grande salto para a humanidade”, alimentando a disputa espacial com os soviéticos.

 

jornada humana

 

Desde o voo de Yuri Gagarin, pouco mais de 500 homens e mulheres já fizeram uma visita ao espaço, seja para ficar algumas horas, seja para passar meses. Veja alguns dos momentos mais
marcantes dessa história:

 

12 de abril de 1961
O soviético Yuri Gagarin se torna o primeiro homem no espaço. A bordo da cápsula Vostok 1, lançada por um foguete Soyuz, ele orbita a Terra uma vez, passando uma hora e 48 minutos no espaço. Ao reentrar na atmosfera, ejeta seu assento e desce de paraquedas

10 de fevereiro de 1962
O americano John Glenn repete o feito de Gagarin a bordo da cápsula Friendship 7

13 a 16 de junho de 1963
Os soviéticos enviam a primeira mulher para orbitar o planeta. Valentina Tereshkova dá 45 voltas na Terra e consegue, pela primeira vez, pilotar manualmente uma cápsula espacial para posicioná-la corretamente
na reentrada na atmosfera

20 de julho de 1969
A Apollo 11 pousa na Lua e Neil Armstrong se torna o primeiro homem a pisar no satélite. Buzz Aldrin o acompanha no passeio

17 de julho de 1975
Para marcar o início da cooperação soviética e americana na conquista espacial, os astronautas Alexei Leonov
e Thomas Stafford acoplam as cápsulas em que estavam orbitando a Terra e apertam as mãos por uma escoltilha

20 de fevereiro de 1986
Depois de EUA e União Soviética enviarem pequenos módulos espaciais para abrigar astronautas, os russos lançam a Mir, primeira grande estação espacial da história, que recebe astronautas e cientistas por anos até
sair de órbita, em 2001

Novembro e dezembro de 1998
Os primeiros módulos da Estação Espacial Internacional (ISS) – o russo Zarya e o americano Unity – são acopladas no espaço. Hoje, o projeto conta com a cooperação de 16 países. O local, onde são realizados vários experimentos científicos, pode abrigar até seis astronautas de uma vez

30 de março de 2006
Marcos Pontes se torna o primeiro brasileiro a viajar ao espaço e parte rumo à ISS a bordo de uma nave russa Soyuz com outros dois astronautas. Na estação, realiza experiências em microgravidade para universidades brasileiras


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