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Estado de Minas TRÂNSITO

Pesquisa brasileira adapta modelo de helicóptero para ajudar a monitorar tráfego urbano

O equipamento não tripulado pode ser útil também no socorro às pessoas afetadas por enchentes


postado em 22/12/2013 00:12 / atualizado em 22/12/2013 09:41

Omicrocóptero usado nos testes: capaz de coletar e enviar imagens por meio de rede sem fio(foto: FERNANDA VILELA/DIVULGAÇÃO)
Omicrocóptero usado nos testes: capaz de coletar e enviar imagens por meio de rede sem fio (foto: FERNANDA VILELA/DIVULGAÇÃO)
Ficar preso em engarrafamento por conta de uma batida é algo que tira do sério muitos motoristas todos os dias. Um projeto feito em parceria por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) busca minimizar esse problema ao fornecer uma forma de os responsáveis pela gestão do tráfego nas cidades acompanharem melhor o que ocorre  nas ruas. Os especialistas desenvolveram um microcóptero – pequeno veículo aéreo não tripulado – munido de câmeras e sistemas de comunicação que colhe imagens das rodovias e as envia para as equipes em terra por meio de rede sem fio. O projeto ainda precisa ser aprimorado, mas pretende auxiliar a vida não só de quem fica com o carro parado nas vias. Os envolvidos no trabalho acreditam que a aeronave pode ser útil no atendimento a vítimas de catástrofes como alagamentos e enchentes.

Professor do Departamento de Sistemas de Computação da USP e um dos autores do projeto, Jó Ueyama explica que a ideia surgiu depois de ele e sua equipe observarem o funcionamento de aparelhos semelhantes. “Vimos, em outras pesquisas, um avião utilizado por agricultores para pulverizar áreas de plantação. Tudo feito de forma automática”, conta. “Pensamos que poderíamos utilizar o mesmo tipo de tecnologia para trabalhar com essa estratégia no trânsito, algum aparelho que avisasse sobre acidentes e problemas gerais nas vias, mas que não precisasse de um piloto”, complementa.

Para dar início ao projeto, os pesquisadores adaptaram um pequeno modelo de helicóptero, importado da Alemanha, que se encaixava nos objetivos do programa. O microcóptero é movido a bateria e equipado com sensores, câmeras de alta resolução leves e tecnologias de rede wi-fi, o que permite voos autônomos ou pré-programados. “Com esse sistema, conseguimos fazer com que ele se mova por controle remoto, com uma placa bem pequena de um computador, que tem um cabo que, conectado ao PC, repasa as imagens captadas e também ajuda a definir o trajeto a ser feito”, destaca.

O professor esclarece ainda que, para se comunicar com o microcóptero, os carros das equipes só precisam ser munidos de tecnologias simples. “Achamos que uma rede wi-fi seria a melhor saída, já que hoje em dia temos muitos carros com essa tecnologia, fora redes de telefonia, que seriam de grande ajuda para que a comunicação e a troca de informações coletadas fossem eficientes.”

A tecnologia que permite a comunicação entre automóveis e a pequena aeronave é chamada de veicular ad hoc networks (Vanets). “O microcóptero serviria como uma ‘mula de dados’ ou uma ponte de comunicação entre os veículos”, resume Ueyama. E motoristas comuns, com o equipamento de recepção adequado, também podem ser beneficiados. “Caso aconteça um acidente, ele passa as coordenadas não só para os agentes de trânsito ou o Corpo de Bombeiros, mas também para o seu carro”, ressalta.

O equipamento já passou por uma série de testes bem-sucedidos em altitudes mais baixas. Agora, ele será aprimorado para que voe mais alto. “Precisamos conseguir autorização da Aeronáutica para essa fase. Outro problema que precisa ser resolvido é fazer com que ele trafegue com segurança mesmo em tempos ruins. Hoje, ele tem um controle remoto, mas futuramente será autônomo”, destaca.

Outros usos  Ueyama acrescenta que outra aplicação que o microcóptero terá é auxiliar problemas com enchentes e alagamentos. “Esse projeto dá continuidade a um sistema que detecta enchentes e níveis de poluição em rios e córregos urbanos por meio de uma rede de sensores sem fio instalados perto de rios e lagos, permitindo que a população seja avisada sobre eventuais riscos”, descreve. “Agregados a esse sistema, os microcópteros podem ajudar comunicando-se com esses sensores, disseminando dados e desviando o trânsito, para que os veículos evitem áreas alagadas”, exemplifica.

Para Leonardo Sanches, professor do curso de engenharia aeronáutica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), o microcóptero é um dos produtos que devem virar tendência em sistemas de monitoramento aéreo. “A aplicação do uso de veículos aéreos não tripulados tem sido muito incentivada no Brasil. É um recurso que já observamos com sucesso em outros países, como os Estados Unidos”, lembra. Sanches acredita que o recurso pode trazer mais economia e eficiência. “Quando você faz essa vigilância pelo ar, consegue acessar lugares aos quais um carro não iria.”

Na opinião do professor da UFU, com aprimoramentos, o equipamento poderia auxiliar também na fiscalização ambiental, realizando, por exemplo, monitoramento marítimo, controlando melhor catástrofes naturais. No entanto, um bom sistema de navegação é fundamental para tudo isso. “Caso haja realmente a melhoria do sistema de localização, ele seria um bom recurso, pois poderia sobreviver a problemas de tempo ruim, algo que precisamos bastante”, completa.

Jó Ueyama explica que o projeto ainda não tem um custo definido para que o microcóptero possa ser vendido, mas que um dos objetivos é torná-lo viável também do ponto de vista econômico. “Comprar a base custa cerca de R$ 5 mil. Infelizmente, temos as tarifas de importação e as adaptações que custam um pouco também, mas temos fé em que poderemos tornar esse valores mais baixos, pedindo a isenção dessas taxas.”


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