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Estado de Minas

Nasa procura por vizinhos marcianos

Embalada pelo sucesso do robô Curiosity, agência espacial dos EUA quer coletar novas pistas sobre a existência de vida em Marte. Nova missão deve custar US$ 1,5 bilhão


postado em 24/07/2013 00:12 / atualizado em 24/07/2013 10:06


Brasília – Em 2020, a Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) deve enviar um novo veículo de exploração a Marte; desta vez, em busca de sinais que provem que organismos vivos já existiram no Planeta Vermelho. O plano é um passo lógico seguindo as descobertas de que Marte teve um passado cheio de água, com direito a rios que corriam no solo avermelhado até que a perda de quase toda a atmosfera do planeta os fez desaparecer. Mas há quem acredite que o corpo celeste conserve traços de vida ativa até hoje, escondida em forma microbiana sob o solo – e que ignorar essa possibilidade seria um desperdício de uma missão bilionária, que precede a tão aguardada missão tripulada agendada para 2030.

Depois do sucesso científico e midiático da missão do robô Curiosity no ano passado, a Nasa parece tentar repetir a dose sem se arriscar a qualquer tipo de fracasso. O Laboratório de Ciência de Marte (MSL) confirmou que o planeta tem um ambiente adequado para a vida, e forneceu diversas provas de que ele era ainda mais habitável no passado. A intenção agora é confirmar a suspeita de que o passado marciano abrigou organismos.

“O passo da evidência da habitabilidade para sinais de vida passada é grande”, assegura Ken Farley, professor de geoquímica do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) e um dos cientistas que participam do planejamento da missão. “Mesmo se nenhum sinal de vida seja descoberto, uma indicação de que Marte não teve vida seria um progresso significativo no processo de entender as circunstâncias da vida existente na Terra e as possibilidades de vida extraterrestre”, assegura.

Para essa jornada, a Nasa deve reaproveitar o projeto do veículo de seis rodas que chegou a Marte de paraquedas em agosto de 2012. “O orçamento vai se beneficiar dos investimentos feitos no projeto MSL reutilizando muito do design e do trabalho de engenharia feito para aquele projeto”, justifica Farley. Até mesmo peças sobressalentes do laboratório móvel devem ser aproveitadas na nova missão. O orçamento não foi definido, mas a agência espera investir US$ 1,5 bilhão com o equipamento, sem contar os custos do lançamento. Projetar, construir e enviar o Curiosity para Marte custou US$ 2,5 bilhões.

As ferramentas de análise ainda devem ser escolhidas por meio de uma competição, mas a diretriz da missão já deixou claro que experimentos biológicos estão de fora dos planos de viagem. O veículo deve carregar ferramentas de análise de imagem, mineralogia e química elementar e orgânica. A receita é parecida com a missão de 2011, com a exceção de que agora as análises de minerais devem ser feitas a uma escala microscópica. Sem grandes novidades que o diferenciem de antecessores, o novo robô pode acabar se perdendo em meio a uma coleção de equipamentos científicos enviados nas últimas quatro décadas a Marte – alguns ainda funcionam, enquanto outros já se enferrujaram (veja arte).
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A maior esperança da missão está no plano da Nasa de recolher amostras marcianas para serem enviadas à Terra. O robô deve ser capaz de selecionar mais de 30 fragmentos do planeta para exame detalhado. No entanto, ainda não é certo como elas serão enviadas à Terra – as rochas devem ficar à espera de algum tipo de “resgate” em Marte. “Ciência é uma coisa lenta. Não dá para esperar que uma missão chegue lá, resolva todas as questões científicas e dizer se existiu vida ou não. Ela (a missão) vai colocar mais uma pecinha num grande quebra-cabeça que estamos montando há muitos anos”, ressalta Douglas Galante, do Núcleo de Pesquisa em Astrobiologia (AstroLab) da Universidade de São Paulo (USP).

Incerteza

A insegurança da Nasa tem origem antiga. Em 1975, a agência enviou para Marte as sondas Viking, um ambicioso projeto que tinha como objetivo traçar um perfil da superfície e atmosfera marcianas, além de provar a existência de vida no planeta. Os resultados históricos obtidos pelo equipamento foram considerados inconclusivos por alguns especialistas. “A Nasa não vai procurar por vida sobrevivente em Marte até que tenhamos um protocolo definitivo para fazê-lo, capaz de dar uma resposta inequívoca”, critica Alberto Fairen, astrônomo da Universidade de Cornell.

Assinatura biológica


Quase 40 anos depois da missão Viking, os pesquisadores continuam sem saber como obter um atestado definitivo de assinaturas biológicas em Marte. “A instrumentação necessária para fazer isso está atualmente além da capacidade que acreditamos ter no nível de fidelidade necessário para convencer a comunidade de cientistas do que uma bioassinatura definitiva é no presente”, lamenta Jack Mustard, professor da Universidade de Brown e um dos responsáveis pelo projeto espacial.

Para a agência, uma busca por sinais de vida atual teria de se basear no conhecimento que já temos sobre o assunto, issto é, em princípios que regem os organismos na Terra. As regras, no entanto, podem não se aplicar ao que quer que exista em Marte. O veículo explorador de 2020 deve procurar por sinais universais, como estruturas celulares preservadas, compostos minerais de origem biológica e estruturas químicas e orgânicas que caracterizem formas de vida.


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