Tempos atrás, quando viajava, Wolfenson levava um equipamento para fazer imagens mais pretensiosas e uma câmera portátil para capturar cenas de momentos que interessassem. “Hoje nem me lembro mais que tenho uma câmera assim. Meu celular a substituiu completamente. E ele ainda nos garante a possibilidade real de verdadeiros furos jornalísticos”, afirma, ressaltando, entretanto, que os celulares estão ainda muito distantes de uma comparação com as câmeras profissionais.
Junto com a Motorola, que havia lançado dois modelos de celulares com bom enfoque para imagens, Bob Wolfenson fez recentemente uma exposição em São Paulo. O foco foi o cotidiano. Entre centenas de fotos feitas em cinco dias, ele selecionou 24, uma para cada hora. “Tentei sintetizar o que ocorre num dia, buscando capturar a melhor imagem que representasse o horário em que ela foi feita. O celular se mostrou bem prático: por ser tão portátil, me propiciou fazer fotos de momentos em que a rapidez era necessária, como de dentro do carro e em movimento. Levantar e poder fazer despretensiosamente uma foto do café da manhã, sem precisar preparar uma câmera, foi tudo de bom.”
USE, USE, USE
A melhor dica de Bob Wolfenson para fazer boas fotos com um celular é simples: “Use bastante, até mesmo como um caderno de notas, pois é assim que você vai entender melhor o aparelho e seus recursos. Faça fotos sem a intenção de ficar postando na internet, mas como uma forma de se exercitar. Se você pretende seguir rumos mais profissionais, as fotos feitas com celular são bom aprendizado.”
O fotógrafo revela que não usa nada além dos recursos próprios da câmera. Filtros, como os do Instagram, devem ser usados posteriormente, se a situação pedir algo diferente. E procure fazer fotos com o celular em situações que haja bastante luz. “Imagens capturadas contra a luz terão qualidade questionável. Por outro lado, fotos feitas assim podem apresentar resultados bem bonitos. Às vezes vale a pena perder em qualidade e ganhar em criatividade”, ensina.
AS MANHAS DO INSTAGRAM
O repórter fotográfico do EM Alexandre Guzanshe (@guzanshe) é viciado em Instagram. Ninguém melhor, portanto, para dar algumas dicas a quem pretende fazer fotos mais bonitas e criativas usando o aplicativo:
1) Com certeza, para fazer fotografias bonitas usando um celular, escolher um aparelho que ofereça alta resolução e melhor definição é o início de tudo
2) Procure fotografar em lugares e ambientes que tenham mais luz
3) Arrisque enquadramentos e cortes diferentes. Lembre-se que o formato do Instagram é quadrado
4) Fotografe com um aplicativo específico para fotos (existem opções gratuitas e pagas) e só depois importe a imagem para o Instagram
5) Use e abuse dos filtros. Aplique uns em cima de outros. Teste o foco seletivo
6) Siga alguns fotógrafos no Instagram e veja seus trabalhos. Aprender também é ver
7) E lembre-se de que quem fotografa é o seu olhar e não a câmera
O apelo da cinemagrafia
O melhor do celular não são as fotos convencionais, mas a possibilidade de passar para um novo patamar da fotografia. A exibição em meios digitais abre novos horizontes, acredita o escritor, fotógrafo e especialista em tecnologia José Antônio Ramalho, que assina a coluna Atalho, do Informatic@ .“Uma técnica fotográfica que está se tornando popular é a cinemagrafia, foto que permite mostrar movimento em alguma parte da imagem. É isso mesmo. Uma foto com animação. Se você imprimi-la, é uma imagem normal, mas se abri-la no navegador ou outro programa de imagem, mostra movimento de pessoas ou de objetos”, explica.
O fotógrafo está viajando pelo mundo pelo projeto De Polo a Polo e, com um Nokia Windows Phone usa o aplicativo que permite a criação desse efeito e pode ser baixado gratuitamente no link https://bit.ly/11jWDkK. “Tirar uma cinemagrafia é tão fácil quanto uma foto convencional. Na maioria dos aplicativos desse gênero, basta ativar o aplicativo e apontar a câmera para a cena. A única diferença é que você deve manter o enquadramento por um tempo maior do que o normal, pois a câmera irá tirar diversas fotos para depois criar a animação das áreas que voce apontar”, ensina Ramalho.
Outro recurso que crescerá muito, segundo ele, é a fotografia tridimensional em 360 graus, que permite colocar a pessoa que vê a foto dentro da imagem, possibilitando assim que ela olhe para cima, para baixo, para os lados e veja o cenário que existia ali, e não apenas uma imagem estática. Nos dois casos, aplicativos especializados fazem a captura das imagens e montam a cinemagrafia ou foto 360 graus no próprio celular. Para ver na prática exemplos desses dois tipos de fotografia, acesse a página https://ramalho.com.br/a-fotografia-moderna/.
O PODER DAS LENTES
Embora megapixels sejam importantes, no caso dos celulares a qualidade das lentes também conta muito. Os modelos mais simples usam plástico e os mais sofisticados fazem uso de lentes de renome, como a Karl Zeiss. “No caso das câmeras portáteis, esqueça o zoom digital, pois ele só vai piorar a qualidade da imagem. E não é preciso mais do que 5MP num equipamento do tipo para capturar uma boa imagem, que poderá ser ampliada até o tamanho de um formato A4. Mas no caso dos celulares, quanto mais megapixels, mais chances você terá de recortar a imagem e ainda assim conseguir uma boa foto.”
Nesse quesito, o campeão é o Nokia 808, que captura imagens com 38MP. Só para se ter uma idéia, as câmeras profissionais topo de linha capturam fotos com 24MP. Tirando esse aparelho, que é uma exceção, a maioria dos celulares tops oferecem entre 8MP e 14MP, ressalta Ramalho.
Numa seleção de modelos envolvendo os três sistemas operacionais móveis mais populares (o iOS, da Apple, o Android, da Google, e o Windows Phone da Microsoft) ele faz uma solução dos melhores. “Utilizando o Android, temos o Sony Xperia SP, com 8MP, o HTC One, com 8MP e o Samsumg Galaxy S4, com 13MP. Com o iOS, o iPhone 5 com seus 8MP, é sem dúvida a melhor opção. E utilizando o Windows Phone 8 como sistema operacional, o Nokia Lumia 920, com 8,7MP, se destaca.
Além da boa qualidade de lente e dos vários megapixels, os aplicativos de fotografia tornam os celulares especiais e dão um banho nas câmeras digitais convencionais. Programas como o Instagram e similares traçaram um novo rumo para as fotos das redes sociais, mas há muitos outros que ajudam a levar a fotografia para novos horizontes.