Os pesquisadores acabam de iniciar o escalonamento do produto para produção de formulações comerciais, na recém-inaugurada planta piloto de polímeros da Coppe, a primeira do Brasil capaz de escalonar tecnologias para a produção de micro e nanopartículas poliméricas com aplicações nas áreas médica, biotecnológica e farmacêutica.
O processo de encapsular o filtro solar em pequeníssimas partículas plásticas – com diâmetro variando entre 100nm e 500nm (nanômetros) – forma um filme que armazena o filtro, impedindo que ele seja absorvido pela pele. Além disso, o polímero não impede a absorção da luz pelo filtro solar e ainda potencializa a proteção contra o sol, em virtude de um efeito físico, que se caracteriza por espalhar a luz. Devido ao seu pequeno tamanho – 1nm equivale a 1 bilionésimo do metro, ou seja, menor do que um grão de areia –, o polímero não causa esfoliação e não arranha a pele. “A técnica que desenvolvemos na Coppe para encapsular as substâncias apresenta vantagens como impedir a absorção da substância pelo organismo, evitando irritações e alergias, além de aumentar a proteção solar, uma vez que envolto nas nanopartículas o protetor fica mais eficiente contra a ação dos raios ultravioletas”, explica José Carlos Pinto, professor do Programa de Engenharia Química (PEQ) e coordenador do Laboratório de Engenharia de Polimerização da Coppe.
Patente
Para fazer o encapsulamento do produto, os pesquisadores usam a técnica de miniemulsão, que reúne as substâncias do protetor e os polímeros formando bolinhas de filtro solar. Posteriormente é aplicado um catalisador, que endurece essas gotas e mantém o filtro aprisionado. “É como se colocássemos água e azeite em uma batedeira e ligássemos o aparelho. No final, são formadas gotas d’água recheadas com azeite”, explica José Carlos. Os testes in vitro e in vivo em animais e posteriormente em seres humanos comprovaram o efeito protetor do armazenamento nos polímeros como a capacidade dos plásticos de aumentar a proteção contra os raios solares. Mostraram também que o produto não causa nenhum tipo de alergia. Os bons resultados levaram a Coppe a registrar a patente do processo de encapsulamento e do produto. Algumas empresas já se mostraram interessadas, mas não houve nenhum acordo para produção industrial até o momento.