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Estado de Minas

Brincando de anatomia

Equipe multidisciplinar da Federal de Juiz de fora cria atlas interativo para estudantes


postado em 23/03/2013 00:12 / atualizado em 24/03/2013 17:11

O estudo da anatomia humana é imprescindível para médicos, fisioterapeutas, dentistas e outros profissionais da saúde conhecerem as estruturas do corpo humano e compreender a função atribuída a cada um dos órgãos. Disciplina básica em cursos da área de saúde, tradicionalmente a anatomia é oferecida pelas universidades logo no início da graduação, momento em que muitos estudantes ainda não desenvolveram técnicas eficientes de apreensão da informação. Os estudantes se debruçam sobre livros, atlas, cadáveres e peças plásticas. Ainda assim, é notória a dificuldade de muitos deles no aprendizado e identificação das estruturas, assim como na memorização da ampla nomenclatura que envolve a área.
A metodologia de ensino consiste em levar os universitários a classificar as peças anatômicas com o auxílio de um atlas, complementando a aula teórica. O sucesso da parte prática vai depender muito do material de estudo oferecido ao aluno. Pensando nisso, os professores do Departamento de Anatomia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Alice Belleigoli Rezende, Vanessa Neves de Oliveira, José Otávio Guedes Junqueira e Henrique Guilherme de Castro Teixeira estabeleceram uma parceria com o Departamento de Ciência da Computação, por meio do professor Rodrigo Luiz de Souza da Silva, para a elaboração de um atlas interativo de anatomia humana.
Segundo Alice, a dificuldade já existia e agravou-se diante da redução da carga horária dessa disciplina, proposta pelas novas diretrizes curriculares implantadas pelo Ministério da Educação. “Os professores tiveram dificuldade de selecionar, dentro do extenso conteúdo, quais estruturas deveriam ser priorizadas. Outro problema enfrentado pelo educador é a limitação das aulas práticas, por causa da precariedade das peças anatômicas e da baixa disponibilidade de cadáveres para dissecação. Assim, surgiu a ideia do atlas virtual”, conta.
Na avaliação dos professores, diante dessas limitações à aprendizagem da anatomia, cabia a eles buscar meios que aprimorassem o ensino, transformando o conteúdo em algo mais atrativo e agradável. “É primordial encontrar estratégias pedagógicas que possam romper com a metodologia tradicional e assim minimizar as deficiências no ensino da disciplina, reduzir os elevados índices de reprovação e taxas de abandono”, avalia Vanessa.

FERRAMENTA Os docentes defendem os recursos informatizados como estímulo ao estudo de maneira mais prática. “A dificuldade de reposição de peças anatômicas nos laboratórios e o número insuficiente de atlas de anatomia nas bibliotecas tornam necessária a produção de uma ferramenta alternativa de ensino de anatomia que facilite a aprendizagem e possibilite o acesso do aluno ao conhecimento dentro e fora do laboratório. O fato de o aluno não poder transportar as peças anatômicas reais para estudo em casa reforça também essa necessidade”, observa Henrique.
De acordo com a professora Alice, os atlas convencionais nem sempre refletem os modelos originais que se encontram nas universidades e muitos alunos sentem dificuldades para identificar as estruturas anatômicas durante o exame acadêmico.
As peças que pertencem ao laboratório do Instituto de Ciências Biológicas (ICB/UFJF) são fotografadas e digitalizadas. Em seguida, as imagens são recortadas e os contornos são definidos. Um grupo de programadores é responsável por configurar o atlas interativo. O aluno pode escolher um entre os 10 sistemas anatômicos e suas subdivisões, como aparelho respiratório, muscular e esquelético. Cada parte da estrutura, além de ser nomeada, é demarcada por alfinetes azuis ou vermelhos. Esses últimos conduzem a informações complementares quando clicados.
Todas as imagens do atlas são fotos de peças anatômicas do acervo da UFJF e serão disponibilizadas on-line para o acesso dos alunos em maio, um ano depois de o projeto ter começado. O objetivo é atender os mais de mil alunos que passam pelo Departamento de Anatomia a cada semestre, além daqueles da rede pública e particular de ensino superior de todo o país, já que o acesso ao portal do atlas será livre.

Estratégia lúdica

Ainda visando promover o aprendizado, a equipe de professores da UFJF adotou uma estratégia lúdica. Desenvolveram o jogo Brincando e aprendendo anatomia, também virtual, em que os alunos precisam ser precisos e rápidos nas respostas. Assim como o atlas, o jogo é dividido em sistemas (esquelético, articular, muscular, nervoso, circulatório, respiratório, digestório, urinário, genital masculino e feminino) e regiões (crânio; gradil costa e coluna vertebral; membro superior; membro inferior). Os nomes das estruturas vão aparecer e o jogador deve clicar na imagem correta. Se identificar corretamente, outro nome é apresentado. Se errar, é punido no tempo de resposta. Ou seja, se tinha 10 segundos para responder, passa a ter cinco. Quanto mais veloz o aluno for nos acertos, maior a pontuação. São várias fases. Cada uma delas é desbloqueada pelo sucesso no nível anterior.
Visando incentivar a participação, haverá ainda um ranking entre os participantes. O objetivo é que a competitividade estimule o regresso dos alunos ao jogo, favorecendo o aprendizado. O jogo apresenta diferentes graus de dificuldade. É constituído, dentro de cada sistema, de quatro níveis sucessivos de complexidade (identificação de ossos; estruturas ósseas; estruturas relacionadas; casos clínicos) que atenderão os alunos de disciplinas e cursos com diferentes graus de aprofundamento.
"Apostamos no jogo como um material didático que simultaneamente facilita a memorização, desperta o interesse e motivação do aluno pelo conteúdo enquanto ele se diverte. Dessa forma, métodos inovadores de ensino que envolvam jogos e testes teóricos e práticos de forma interativa são promissores. Complementam o conteúdo teórico e prático, auxiliam no processo de aprendizagem e permitem uma maior interação entre conhecimento, professor e aluno", conclui Vanessa.


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