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Estado de Minas PEDIATRIA

Acupuntura vai muito além das agulhas. E dos adultos!

Técnicas da medicina chinesa ganham espaço e podem ajudar pais na solução de problemas de saúde dos pequenos


postado em 19/03/2013 10:55 / atualizado em 19/03/2013 13:16

(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Nathália Gomes faz tratamento com técnicas da acupuntura e da Medicina Tradicional Chinesa há três meses. Manuela Pereira, há quatro meses. E Catarina Lima, sempre que necessário. Nada de surpreendente nisso, a não ser pelo fato de que Nathália tem 9 anos, Manuela tem 2 anos e meio e a pequena Catarina, apenas 20 dias.

De acordo com o professor de pós-graduação em acupuntura e de acupuntura pediátrica da Faculdade Incisa/Imam, Luís Otávio Santos Alves, a idade não é restrição para uso das técnicas. “Até porque essa prática vai muito além das agulhas – existe a manipulação dos pontos com as mãos, aparelhos de laser de baixa frequência, massagens e aplicação de pressão com sementes em pontos específicos”, pondera o fisioterapeuta. Com esses estímulos em pontos específicos, são liberados neurotransmissores que vão agir em todo o organismo.

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O professor explica que apenas com a modalidade pediátrica da massagem chinesa tui-na, que utiliza movimentos de deslizamento, pressão e torção, já é possível tratar dores de estômago e de cabeça, tosse e diarreia. “E com uma grande vantagem: nas crianças, a resposta é ainda mais rápida do que nos adultos”, define Luís Otávio. Ele afirma que ela pode ser utilizada para melhorar e curar desde uma intolerância alimentar, como a restrição à lactose, por exemplo, até as alergias respiratórias.

Comportamento
Com a ampliação do número de casos de hiperatividade diagnosticados em crianças, o consultório tem recebido mais pais em busca de tratamento com a medicina tradicional chinesa. “As crianças são bombardeadas por informações e têm pouco contato com os pais. Muitas vezes, esse pouco tempo de convivência é preenchido por cobranças em relação às tarefas e ao desempenho escolar, por exemplo. Com cuidado, carinho e a acupuntura, é possível reduzir a ansiedade”, relata o acupunturista.

É o caso de Nathália Leopoldino Gomes, de 9 anos, em tratamento há três meses para reduzir a ansiedade e melhorar a atenção. Após uma obervação da escola sobre a agitação da menina, a primeira indicação foi de atividades físicas. Mas a tia de Nathália, Isabella Gomes, que já tinha feito acupuntura, resolveu se informar se a técnica também poderia ajudar.

“Os resultados já são visíveis. Na hora de fazer os deveres de casa, por exemplo, ela se concentra mais. Quando precisa esperar alguma coisa, já tem mais paciência. Acredito que a vantagem é, além do resultado rápido, evitar a dependência da criança em relação a qualquer medicamento. O corpo é tratado como um conjunto”, relata Isabella. Um pouco receosa no início, hoje Nathália se sente à vontade. O tratamento começou com a auriculoterapia, que são as sementinhas aplicadas em diversos pontos da orelha, e hoje já inclui as agulhas.

Luís Otávio lembra que as crianças têm muita energia e essa é uma das maneiras de canalizá-la. “Além do esporte, dança e outras atividades, a acupuntura é uma forma de diminuir o ritmo. Hoje as crianças têm uma rotina bem agitada”, argumenta.

O acupunturista Luiz Otávio Alves e a paciente Nathália, que teve melhora no comportamento e rendimento escolar: a maioria dos pequenos pacientes chega ao especialista depois de meses de consultas e diagnósticos incorretos, prejudicando a propriedade preventiva da técnica (foto: Luís Otávio Santos Alves/Divulgação)
O acupunturista Luiz Otávio Alves e a paciente Nathália, que teve melhora no comportamento e rendimento escolar: a maioria dos pequenos pacientes chega ao especialista depois de meses de consultas e diagnósticos incorretos, prejudicando a propriedade preventiva da técnica (foto: Luís Otávio Santos Alves/Divulgação)


Prevenção
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a acupuntura tem propriedades preventivas, profiláticas e curativas. Mas muitas vezes os pequenos pacientes chegam ao especialista depois que já passaram por várias consultas e exames, sem diagnóstico. “Nestes casos, a parte preventiva fica prejudicada”, explica Luís Otávio.

Foi o caso da psicóloga Fabiane Elisa Diniz Alves Pereira. Ela teve o primeiro contato com acupuntura há seis anos, quando um dos cachorros de estimação da família apresentou diagnóstico de displasia e já havia deixado de andar, pois sentia muita dor. “Na época, eu não acreditava em acupuntura nem para mim. Mas como a alternativa era o sacrifício, resolvi arriscar”. O animal não precisou ser sacrificado e viveu mais cinco anos, praticamente sem uso de analgésicos.

Depois disso, a própria Fabiane fez o tratamento, para amenizar a ansiedade no período em que estava tentando engravidar. Um mês depois de começar as sessões, o teste deu positivo e Manuela nasceu saudável. Há pouco mais de um ano, a menina começou a apresentar uma diarreia crônica, com redução na velocidade de crescimento e no peso. Foram meses de exames e consultas até que, por fim, Fabiane levou a filha para a acupuntura pediátrica. Lá, o diagnóstico foi uma alteração no baço.

“Logo após a primeira sessão, a diarreia começou a ficar mais espaçada, não acontecia todos os dias. Depois de quatro meses de tratamento, o problema desapareceu e já passamos as sessões, que eram semanais, para quinzenais. O crescimento e ganho de peso começaram a se normalizar. As roupinhas todas ficaram pequenas e ela voltou a correr e brincar no quintal”, comemora a psicóloga.

Fabiane, antes desconfiada, hoje faz o curso de acupuntura. “Mas algumas pessoas ainda ficam chocadas quando conto que minha filha faz uso da técnica”, afirma. No início, para que a menina se adaptasse, as bonecas e bichinhos de pelúcia viravam “cobaias” das agulhas. Hoje, a própria Manuela já diz que o tratamento não dói. “É importante também construir uma relação de confiança com a criança. Os responsáveis sempre devem estar presentes na sessão e tudo deve ser explicado para ela, em linguagem adequada à idade. Não é na base do susto”, explica Luís Otávio.

Tanto Fabiane quanto Luiz Otávio concordam que, apesar de ter crescido em credibilidade nos últimos anos, a acupuntura ainda tem um espaço a ser conquistado. “Muita gente associa a uma atividade mística, mas é apenas uma lógica diferentes daquela a que estamos acostumados”, diz Fabiane. “É claro que determinadas enfermidades devem ser tratadas também com o uso de medicamentos alopáticos, mas a acupuntura traz resultados muito satisfatórios para várias alterações de adultos e crianças”, afirma o professor.

Recém-nascidos
A médica pediatra Letícia Lima: embora o receio dos pais seja compreensível, a acupuntura é uma técnica segura.
A médica pediatra Letícia Lima: embora o receio dos pais seja compreensível, a acupuntura é uma técnica segura. "O profissional preparado é a melhor garantia". (foto: Divulgação)
A médica pediatra Letícia Lima também já incorporou a acupuntura à sua rotina pessoal e profissional. A filha Catarina, antes mesmo de completar o primeiro mês de vida, já recebeu massagens terapêuticas aprendidas no curso de especialização concluído pela mãe. “Ela estava com cólica e o resultado foi muito bom. Bebês menores podem ser tratados sem introdução de agulhas, apenas com manipulação pelas mãos e com o uso de escovinhas”, explica Letícia.

“Passei um mês na China e observei o uso sistemático da acupuntura de forma preventiva, inclusive em crianças. E não só para doenças respiratórias – também para cólicas, refluxo e outras alterações no aparelho gastrointestinal, enxaqueca, hiperatividade e várias enfermidades”, diz a médica. Ela ressalta, no entanto, que a cultura de cada país também interfere. “Lá, eles já têm o hábito de beber muito líquido e se exercitarem. Aqui, as crianças já estão comendo muito mal e ficam só dentro de casa, sedentárias”, diz.

Letícia explica que as diferenças em relação à medicina ocidental começam no diagnóstico. “A entrevista – chamada de anamnese – que fazemos com o paciente e os pais, é mais detalhada e avalia todos os principais órgãos do corpo, com destaque para o coração, fígado, intestino grosso, baço e rins. Investiga-se a dieta, as atividades diárias e o comportamento familiar, enfim, todos os elementos que podem interferir na harmonia do organismo”, explica a acupunturista.

Assim como a maioria dos pais que levam os filhos para o tratamento, Letícia foi, primeiro, paciente. Sofrendo com a enxaqueca e após passar por três neurologistas, a acupuntura resolveu o problema: há um ano, ela não tem crises. “Embora o receio dos pais seja compreensível, a acupuntura é uma técnica milenar e segura. Um profissional preparado é a melhor garantia para os resultados”, reforça. A médica sugere que os adultos mais desconfiados experimentem, porque “a acupuntura traz benefícios para todos”.


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