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Estado de Minas

As falhas da revolução

Com novo protagonista e período histórico - o índio Connor e a independência dos Estados Unidos -, batalha entre assassinos e templários deveria ser o clímax da série


postado em 31/01/2013 00:12 / atualizado em 31/01/2013 10:00

Bruno Silva

(foto: Ubisoft/Divulgação)
(foto: Ubisoft/Divulgação)
Por trás de sua intrincada trama sobre grandes épocas da história, grupos conspiratórios e seres de um passado muito distante, a série Assassin’s creed criou um conceito brilhante. Por meio da Animus, a máquina que divide a saga entre presente e passado – cada um com um avatar controlado pelo jogador –, a Ubisoft sempre conseguiu desenvolver belas tramas para as figuras históricas Altair e Ezio, enquanto revelava muito pouco sobre o personagem do presente, o improvável assassino Desmond Miles. Cada título sempre deixou mais perguntas do que respostas.

É nesse clima de incertezas que Assassin’s creed III tenta repetir a dose de seus antecessores. Mas a Ubisoft está diante de um detalhe inédito. Pela primeira vez, o que se passa no presente é mais interessante e relevante do que a simulação do passado. Como de costume, o jogo começa exatamente onde parou o anterior (pule o próximo parágrafo se não quiser saber segredos importantes da trama).

Desmond e a equipe atual de assassinos adentra a câmara deixada pela primeira civilização, uma sociedade de seres avançados que criou a raça humana e foi dizimada por um cataclisma solar, que promete se repetir a poucas semanas da data em que o game começa. No local, o grupo busca encontrar respostas para não sofrer o mesmo destino da primeira civilização. Porém, a porta que sela a parte principal da câmara só pode ser aberta com um artefato especial.

E, para encontrá-lo, Desmond é levado novamente à Animus, para obter as respostas na vida de mais um de seus antepassados: o índio norte-americano Ratonhnhaké:ton – ou, como é renomeado no decorrer da trama, Connor, que se junta à ordem dos assassinos no fim do século 18, na época da revolução que criaria os Estados Unidos.

A história demora um bocado para ficar interessante. O jogo começa com um terceiro personagem (cujo nome não será revelado para não estragar surpresas) e, depois de algumas horas, Connor assume. Assim como ocorreu com o italiano Ezio Auditore, o gamer acompanha a vida do nativo desde sua infância, passando pelos eventos que o fazem se juntar à ordem dos assassinos. Esses pedaços da trama correspondem a 20% do jogo, mas parecem durar uma eternidade toda vez que você é lembrado da urgência dos acontecimentos fora da Animus.

Mais uma vez, a Ubisoft caprichou na recriação do contexto histórico. São três grandes cenários: Boston, Nova York e a fronteira, um gigantesco mapa de paisagens naturais onde está a maioria das atividades extras do jogo. Nas cidades, as missões da história principal passam por momentos-chave da Revolução Americana, como a Festa do Chá. Como sempre com o milenar conflito entre assassinos e templários como pano de fundo, o que permite à história aproximar e afastar Connor dos eventos históricos quando for conveniente.

Embora a presença de Connor ajude a acentuar as contradições filosóficas na luta por liberdade – o jogo explora a todo momento a ideia de que nem todo mocinho é bom, nem todo bandido é mau –, o novo protagonista não convence. Parte por não conseguir superar seu antecessor, o carismático italiano Ezio Auditore, e parte por ter uma participação fraca no roteiro, perdida entre os louváveis esforços da Ubisoft em criar uma ambientação fiel à cultura dos índios norte-americanos.

DEMASIA Não ajuda também o fato de o jogo constamente distraí-lo com objetivos secundários. Se o Assassin’s creed original falha na repetição exaustiva dos mesmos tipos de tarefas em cada cidade, o pecado da aventura de Connor é o excesso. Você pode colecionar diversos itens, como penas de águia ou páginas perdidas do almanaque de Benjamin Franklin, completar desafios de diversos grupos existentes no jogo, como o dos caçadores de animais, ou descobrir atalhos dentro de uma extensa rede de túneis sob Boston e Nova York.

Algumas das tarefas são tão grandes que parecem fazer parte de outro jogo, como a construção da Homestead, a fortaleza assassina no meio da floresta, ou o ótimo minigame de batalha naval, que, com um pouco mais de polimento, poderia até ser vendido como um título separado. Você até pode ignorar tudo isso e seguir com a história, mas o jogo fará questão de sempre lembrá-lo de milhões de atividades alternativas, inclusive no meio das missões principais. Isso sem esquecer, mais uma vez, dos acontecimentos cataclísmicos que estão para ocorrer enquanto estamos na simulação.

A imensa quantidade de conteúdo afeta até a parte técnica, que diversas vezes deixa a aventura à beira do insuportável. Suas fundações são sólidas: o novo motor gráfico Anvil Next, utilizado no jogo, permite uma liberdade e fluidez de movimentação dignas de consoles da próxima geração, mas ela acaba sufocada pela vasta quantidade de polígonos que o sistema precisa carregar para mostrar as cidades e a fronteira.

A Ubisoft prestou atenção demais no conteúdo e no estilo e quase deixou um quesito de lado: o desempenho do próprio jogo. Assassin’s creed III é, de longe, o jogo com o maior número de bugs da série, que vão desde cenas travadas até não conseguir movimentar seu personagem, fazendo com que você tenha de sair da Animus, ou, em alguns casos mais extremos, resetar o próprio console. Os problemas fazem o game parecer, em vários momentos, um produto inacabado.

Há também o multiplayer, uma mistura de pique-esconde com a jogabilidade da série já encontrada nos dois games anteriores, Brotherhood e Revelations, com a adição de um novo modo cooperativo chamado Wolfpack, em que até quatro jogadores enfrentam oponentes controlados pelo computador, que devem caçar alvos em um limite de tempo.


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