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Estado de Minas

Arqueólogos fazem escavações na Gruta do Santo, em Lagoa Santa

Equipe busca de vestígios de pessoas que viveram na mesma época de Luzia, fóssil humano mais antigo das três Américas


postado em 01/07/2012 13:49 / atualizado em 01/07/2012 14:03

Ontem, o grupo começou a exumar o 29º corpo. Trabalho deve ser concluído em até três semanas(foto: Roberto Rocha/Esp.EM/DA Press)
Ontem, o grupo começou a exumar o 29º corpo. Trabalho deve ser concluído em até três semanas (foto: Roberto Rocha/Esp.EM/DA Press)


Quase 40 anos depois de pesquisadores terem descoberto o crânio de Luzia, o fóssil humano mais antigo encontrado nas três Américas, com cerca de 11,5 mil anos, um grupo de arqueólogos retornou esta semana à região conhecida como “a Minas da Pedra Lascada” para escavar o solo da Gruta Lapa do Santo, em Matozinhos, a 47 quilômetros de Belo Horizotne, onde já foram encontrados, na década passada, os restos mortais de 28 homens e mulheres do período holoceno (últimos 10 mil anos). Agora, o principal objetivo de 35 profissionais é localizar e exumar ossadas de contemporâneos de Luzia, cujo achado revolucionou a literatura da pré-história no continente – uma das teses que era descartada até aquela época foi a de que habitantes da região teriam convivido com a chamada megafauna, como preguiças gigantes e tigres-dente-de-sabre.

O sítio arqueológico em que os profissionais concentram suas atividades fica a poucos quilômetros da Gruta Lapa Vermelha, onde os restos mortais de Luzia foram desenterrados. Ontem, eles começaram a exumar o 29º corpo na Lapa do Santo. O trabalho deve ser concluído em duas ou três semanas. A grande esperança dos arqueólogos, porém, é descobrir ossadas bem mais antigas. “Nosso objetivo é encontrar sepultamentos da época do povo de Luzia”, disse André Strauss, coordenador do projeto. O trabalho, financiado pelo instituto alemão Max Plack, conta com arqueólogos, geógrafos, historiadores e biólogos da própria entidade europeia, da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Museu Nacional do Rio de Janeiro.

 

A partir da triagem do material arqueológico, os persquisadores encontraram grafismos, partes de roedores e de esqueletos(foto: Roberto Rocha/Esp.EM/DA Press)
A partir da triagem do material arqueológico, os persquisadores encontraram grafismos, partes de roedores e de esqueletos (foto: Roberto Rocha/Esp.EM/DA Press)
 

 

Eles vão permanecer no local até o fim da primeira semana de agosto. Até lá, esperam retirar do solo fósseis e objetos que ajudem a revelar segredos e curiosidades de quem habitou a Minas da Pedra Lascada, formada por áreas de Lagoa Santa, Pedro Leopoldo, Confins e Matozinhos. “Bem aqui, onde estou pisando,” recorda André, “foi localizado o caso de decapitação mais antigo da América. Era um homem que teria vivido na região há cerca de 8,6 mil anos, segundo o método de carbono 14”. A descoberta a que ele se refere foi feita na década passada por um grupo comandado pelo arqueólogo Renato Kipnis e pelo bioantropólogo da USP Walter Neves, orientador do mestrado de Strauss e responsável por localizar o crânio de Luzia.

Aliás, o bioantropólogo “batizou” Luzia em alusão à Lucy, como foi chamado o fóssil de Australopithecus afarensis, um ancestral do ser humano atual, encontrado na Etiópia, em 1974, e que teria vivido no continente africano há cerca de 3,5 milhões de anos. A região da Minas da Pedra Lascada também tem muitos segredos que despertam a atenção dos arqueólogos. Um deles é o fato de crânios de adultos, por exemplo, serem enterrados com esqueletos de crianças e vice-versa. Strauss, porém, acredita que dificilmente os especialistas vão conseguir desvendar esse tipo de mistério.


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