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Estado de Minas

Técnica de radiofrequência permite tratar varizes sem tirar as veias doentes

Como as varizes alteram a circulação venosa, é importante observar dores nas pernas, sensação de queimação e cansaço. Há várias técnicas para tratá-las, sendo a radiofrequência a mais nova delas


postado em 15/06/2012 13:03 / atualizado em 15/06/2012 13:22

Depois de mais de uma década trabalhando em pé, o vendedor Adriano Boaventura, de 36 anos, passou a sentir por uma dor constante nas pernas. Além dela, a sensação de queimação, inchaço e peso. Ele começou a prestar atenção na aparência das veias e desconfiou que pudesse se tratar de varizes, embora as que não se apresentassem tortuosas e alongadas. O resultado do ultrassom, contudo, não deixou dúvidas sobre o estágio de dilatação das veias e a necessidade de removê-las.

O vendedor admite que, por acreditar que o problema só acometesse mulheres que já tiveram muitos filhos, demorou a procurar ajuda médica. “A gente imagina que os homens estão livres disso. Fiquei me enganando por medo de enfrentar uma cirurgia”, conta.

Para os especialistas, acreditar que as varizes só aparecem com o avanço da idade e exclusivamente em mulheres é um equívoco comum. Entretanto, apesar de atingirem quatro vezes mais mulheres e serem quase regra durante a gravidez, as varizes estão presentes em cerca de 30% da população, incluindo os homens. Segundo os médicos, a idade dos pacientes que têm varizes também vem diminuindo.

Como o problema tende a piorar com o passar do tempo, os médicos reforçam a necessidade de cuidados preventivos. Fatores evitáveis, como o uso precoce de anticoncepcionais, ficar muito tempo sentado ou de pé e o sedentarismo, são alguns dos grandes culpados pela diminuição da faixa etária em que o problema aparece.

Quem tem histórico familiar deve tomar ainda mais cuidado, pois a hereditariedade é o principal fator de risco para o mal. “Quem tem parentes com varizes apresenta o dobro de chances de desenvolver a doença", explica o cirurgião vascular Daniel Mendes Pinto. Segundo ele, a principal causa do surgimento de varizes é a fraqueza da parede das veias, que se dá por origem genética. Obesidade e má postura também podem contribuir para o problema.

Enquanto as varizes menores têm impacto mais estético, as chamadas varizes calibrosas são sintomáticas e incomodam muito o paciente. O tratamento para esses casos vai depender do grau da doença. Normalmente, os tratamentos disponíveis aliviam os sintomas e previnem sua evolução, que pode resultar em trombose venosa, dermatites ou mesmo úlceras, segundo o angiologista Rodrigo Moreialvar, da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.

A escolha do melhor método depende também da veia a ser tratada. A escleroterapia (injeção de uma solução dentro dos vasos) "seca" a veia, permitindo que ela seja reabsorvida pelo corpo. O procedimento dura cerca de 20 minutos e não exige repouso. Uma aplicação em forma de espuma potencializa o efeito do remédio e pode ser usada com sucesso em varizes de médio calibre.

Já a cirurgia convencional é indicada para a retirada de varizes mais grossas e que acarretam problemas funcionais. Geralmente, é feita com anestesia local, e as varizes são retiradas por meio de pequenos cortes na pele. O paciente pode ficar um dia internado, retomando a rotina em uma semana.

Cirurgias a laser também são comuns, já que são menos invasivas e oferecem recuperação rápida. Nesste caso, uma microfibra ótica com laser de iodo é introduzida na veia doente. Ela fecha totalmente as paredes, e o organismo desvia o sangue para veias saudáveis.

Recuperação mais rápida
As varizes em veias maiores das pernas, em especial as safenas, podem ser tratadas com um procedimento que desde 2005 vem sendo utilizado em países desenvolvidos com grande sucesso: a radiofrequência. Ela pode tratar somente o segmento da veia doente, sem a necessidade de retirá-la totalmente. Esta, segundo Daniel Mendes, é a grande vantagem da técnica sobre os procedimentos convencionais.

A radiofrequência para cuidar de varizes é usada em veias safenas, veias varicosas de grosso calibre e em veias perfurantes e pode ser feita em vários segmentos venosos, com anestesia raquidiana ou local, dependendo do volume de veias a serem tratadas.


O princípio da técnica é a transferência de energia para a parede da veia, de modo que ocorra uma redução do calibre da fibrose: “Fazemos um pequeno corte de 2mm e posicionamos o cateter no interior da veia a ser tratada, fazendo o disparo da radiofrequência. A liberação de energia é uniforme e controlada. É um procedimento rápido e muito menos agressivo que a retirada convencional das safenas ou das veias calibrosas”, esclarece o médico.

A pouca agressão aos tecidos leva à recuperação mais rápida. Os estudos mostram que o prazo para o retorno às atividades habituais de trabalho após uma cirurgia venosa convencional é de 18 dias. Com a radiofrequência, o retorno se dá depois de seis dias. Ocorrem menos hematomas e menos dor pós-operatória, com recuperação mais rápida e mais confortável. De dois a quatro meses depois a veia é absorvida pelo organismo.


Dona Eunice Benfica, de 81, foi uma das pacientes que experimentaram a técnica. Depois de ter seis filhos e sem tempo para cuidar da saúde, os problemas de varizes foram se acumulando ao longo do tempo. Desde que nasceu seu penúltimo filho, há mais de 40 anos, ela sofria com dores nas duas pernas. Além das varizes, que lembravam raízes de árvores, havia também feridas pequenas que não cicatrizavam. As safenas tinham problemas sérios de circulação.

Ela conviveu com todos os incômodos até que um dia passou mal em casa e foi levada às pressas para o hospital, onde foi detectada uma trombose. Tratada a doença, dona Eunice foi submetida, em janeiro, ao procedimento que usa a radiofrequência para o tratamento das veias. “Me recuperei rapidamente e nunca mais tive dores nas pernas, e o mais importante: as feridas não voltaram.”

 


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