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Estado de Minas

Rumo ao infinito

Quantidade de dados produzida este ano deve chegar a 2,7 trilhões de gigabytes. E especialistas garantem que não haverá limites para armazená-los. O que fazer com o excesso de informação?


postado em 29/03/2012 10:36

Esta linha de texto que você acaba de ler demorou menos de 30 segundos para ser escrita. No entanto, nesse pouco tempo, mais de 84 milhões de e-mails foram enviados, 255 mil pessoas comentaram em posts do Facebook, 6,5 mil aplicativos no iPhone foram baixados, 6 mil músicas começaram a ser ouvidas no Pandora e 400 hectares de terra foram plantados no jogo social Farmville. Parece loucura, mas a humanidade deve produzir este ano 2,7 zetabytes (ou 2,7 trilhões de gigabytes), levando-se em conta o estudo feito pela IDC Digital Universe: ele mostra que, a cada dois anos, dobra a quantidade de bytes criados pelo homem.

Algumas perguntas que surgem diante de números grandiosos são: a tecnologia vai acompanhar a necessidade dos usuários de trocar informações e guardar arquivos? Haverá um limite? Segundo especialistas ouvidos pelo Informátic@, não há motivo para preocupação. As fotos, os vídeos e qualquer outro arquivo estão a salvo. “As grandes empresas já estão se mexendo para resolver isso. A questão está sendo solucionada pela própria indústria por meio do barateamento dos equipamentos utilizados para fabricação dos dispositivos”, explica Bruno Badini, CEO da Vertigo, empresa de consultoria em tecnologia da informação.

Segundo a consultoria Canalys, o investimento no mercado de data centers alcançou US$ 26,2 bilhões em todo o mundo. Só o Google contribuiu com US$ 951 milhões para garantir espaço para todos. Para a empresa Data Center Dynamics, no Brasil, o crescimento nesse mercado no ano passado foi de 43%. “Não raro vemos computadores com 5TB de HD. Quanto mais demanda, mais produção. Não haverá limites. Enquanto houver dispositivos e espaço, tanto físico ou virtual, a quantidade de dados vai crescer”, ressalta Badini.

O fundador da WebSoftware, empresa desenvolvedora de sistemas para empresas, Erick Vils, acredita que o grande problema não vai ser o espaço para armazenamento, mas sim como gerir todas as informações. “Guardar dados é algo que se faz todo dia. No entanto, ainda é preciso saber como tirar proveito de tudo que se recebe. As empresas e os usuários criam tantos arquivos que, no fim, desconhecem do que se trata. Armazenar não é o problema, mas sim como isso está sendo feito”, aponta. Para Vils, ter uma base de contatos grande no e-mail é bom, mas também é preciso organizá-la de forma que seja útil para o usuário, por exemplo. “O modo como os arquivos são guardados pode ajudar no futuro.”

Uma das áreas que têm contribuído para disseminar ainda mais as informações são os sites ligados a vídeo. O YouTube, maior plataforma desse segmento, anunciou a marca de 4 bilhões de produções assistidas globalmente por dia – e, além disso, são enviadas 60 horas de filmes por minuto. “O aumento da banda larga no Brasil resultou em uma popularização dos vídeos. Tanto é assim que as empresas buscam por soluções para diminuir os custos gerados. A tendência é que investimentos sejam feitos para atender a demanda”, diz Rodrigo Paolucci, diretor de marketing e vendas da Samba Tech, empresa de plataforma de vídeos on-line.

Estresse
A preocupação também está ligada aos usuários. O excesso de informação pode causar problemas de saúde. Em uma recente exposição na Suíça, especialistas da Universidade de Berna afirmaram que, para uma pessoa comum, 350 páginas é o máximo que se consegue ler por dia – compreendendo as informações. No entanto, o volume de dados que chega até ao ser humano em 24 horas é de 7.355GB, ou mais de 1 bilhão de livros. “Há um aspecto de novidade, atrativo na internet que pode gerar um fascínio. Além disso, esse excesso gera uma espécie de estresse, cansaço, ansiedade. As pessoas se sentem quase que obrigadas a ter atenção a tudo”, explica Rosa Farah, coordenadora do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (NPPI/PUC-SP).

A capacidade de guardar dados na memória também pode ser atingida pelo excesso de informação. Estudo da Universidade de Columbia, em Nova York (EUA), mostrou que, ao se deparar com questões difíceis, as pessoas tendem a pensar que a maneira mais fácil de encontrar a resposta é pelo computador – como em algum site de pesquisa – e deixam de lado o uso das informações armazenadas no cérebro. “Pode ser um problema, principalmente para quem lida com educação. Para os alunos é mais fácil ir atrás de uma informação on-line do que ler um volume inteiro. Mas ainda é questionável se as pessoas estão menos interessadas em pensar”, aponta Farah. O conselho dela é buscar informações na rede como se faz com um jornal impresso. “Devemos escolher quais cadernos ler ou que considerar mais interessantes. É preciso desenvolver uma atitude crítica, seletiva e de autocontrole”, afirma.

Cérebro lotado
Segundo cientistas, há, sim, um limite para armazenamento de dados no cérebro. Pesquisadores da Northwestern University revelaram que 2,5 petabytes (ou 1 milhão de gigabytes) é o que o órgão pode armazenar. Isso equivale a guardar 3 milhões de horas de programas de televisão, algo que um ser humano só poderia alcançar se vivesse 300 anos sem parar de assistir a tevê.


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