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Estado de Minas

Caminho sem volta - Entrevista/Hugo Pardo Kuklinski

Livros e filmes com preços mais baixos seriam solução eficaz contra pirataria na internet, diz autor de Geekonomía


postado em 26/01/2012 10:54

"Não é possível frear o fenômeno social da inteligência coletiva." - Hugo Pardo Kuklinski, diretor-geral do Imagine Criative Center, de Barcelona (foto: Arquivo Pessoal)
Quando a discussão sobre copyright parecia já estar superada, o Congresso norte-americano voltou a debater o tema para tentar frear a pirataria. Para o doutor pela UAB-Barcelona, Hugo Pardo, é impossível voltar ao modelo de negócios do passado. Filmes e música com preços mais baixos seriam a solução para combater a pirataria na rede, acredita Pardo, também diretor-geral  do Imagine Criative Center.

Seu livro Geekonomía mostra a necessidade de uma mudança na legislação, que está defasada há mais de 300 anos. Mas seria essa a mudança que gostaríamos de ver? A lei é um retrocesso?
Vale recordar que a pirataria é a consequência natural de uma indústria com modelos de negócios anacrônicos. Foi assim nos anos 1950 no Reino Unido com as rádios piratas e continua com a indústria audiovisual e com a música. O Congresso norte-americano tem sido sempre a plataforma política onde os lobistas da velha indústria da comunicação dos Estados Unidos se apoiam para defender seus interesses comerciais. E continuará sendo assim por muito tempo, porque existe uma clara luta de interesses com a velha desculpa de que eles estão defendendo os autores. O lobby da indústria, porém, esquece de citar que nos Estados Unidos, até 1978, toda obra era, de fato, de domínio público. É interessante também lembrar o que destaca o jornalista e ativista David Bollier em seu livro Viral spiral, de 2008: os termos da lei de direitos autorais foram ampliados 11 vezes desde 1961 e hoje representam um benefício monopólico para as corporações e a economia norte-americana. Hoje os direitos após a morte do autor estão estabelecidos em 95 anos.

Quais são os principais problemas que o usuário da web enfrentará se a lei finalmente passar no Congresso norte-americano?
A violação da neutralidade da rede é um dos graves problemas que ocorrerão. Outra questão é uma ideia mais difícil de assumir em uma democracia que seria legislar contra as práticas de consumo de milhões de cidadãos, somente para favorecer o interesse do lobby da indústria. Não é possível frear o fenômeno social da inteligência coletiva. O lobby industrial tentará fazer isso, porém, a indústria está mudando para a fragmentação e não se pode retroceder no que se refere a tudo que foi conquistado no século 21. A não intermediação é um fato irreversível.

Como controlar os ma shups, a utilização de músicas ou partes de filmes em sites como o YouTube? O caminho seria fechar as portas desses canais imprescindíveis para a web 2.0?
Desde que foi vendido, o YouTube tem melhorado muito como ferramenta. Um dado da Industry Association of America (RIAA) mostra que o ataque ao Napster, em seus dois anos de existência (1999 até 2001), só contribuiu para torná-lo ainda mais popular.

Existe outro caminho senão a proibição de compartilhamento para proteger os direitos do autor na web? Podemos imaginar os estúdios de Hollywood utilizando, por exemplo, o Creative common para que os usuários da web possam compartilhar trechos de filmes? Como resolver o impasse?
Não é difícil prever a manutenção de um cenário de pelo menos 20 anos em que a indústria cinematográfica continuará as superproduções do modo como conhecemos hoje. O pesquisador Chris Anderson, em seu livro Free, afirma que os usuários pirateiam porque consideram que os preços de mercado (que não são decididos pelo artista, mas sim pelo intermediário), em geral, são excessivos para o valor real. Quando não existem alternativas de preço diferenciado, a opção são downloads gratuitos e ilegais em sites P2P (peer-to-peer). A indústria deve mudar no ritmo que os consumidores exigem e não os consumidores devem adaptar-se aos interesses comerciais da indústria, como foi até hoje. Geralmente os consumidores querem fazer as coisas corretamente. Essa é a melhor forma de reduzir a pirataria e dar a eles alternativas e preços razoáveis.


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