Ainda cursando o ensino médio, ele já é desenvolvedor de softwares daempresa M4U, no Rio de Janeiro. Todo o seu conhecimento em cálculo e programação foi adquirido “na marra” – por curiosidade própria aos oito anos de idade – em buscas no Google e Wikipédia. “Foram três dias e duas madrugadas viradas” na internet, como ele postou no seu perfil do microblog (@pedroh96), para alcançar o feito.
Em seu blog, Pedro, além de explicar em detalhes como fez o projeto, postou um vídeo comprovando que ele funciona, por enquanto, somente em seu smartphone. A criação, na verdade, é uma alteração no sistema da Apple. Ele intercepta a comunicação que o iPhone faz com os servidores da Apple. Isso foi feito por meio do SiriProxy, que redireciona o tráfego dos servidores do Siri para o seu computador, permitindo assim modificá-los. Ele usou como base o reconhecimento de voz do Dragon Dictation, da Nuance, para fazer o sistema entender português e responder à requisição.
Antes disso, ainda foi preciso transformar o arquivo que Siri manda para os servidores em um áudio convencional, já que ele é enviado utilizando diversos codecs (códigos para comprimir o arquivo). Pedro Franceschi contou com a ajuda de Micael Silva e um outro colega para tornar esse codec audível e reconhecer o seu conteúdo. Segundo conta, depois de outras inúmeras etapas e muitos cálculos que envolveram ordenação progressiva das séries harmônicas, cosseno em dimensão N e outras linguagens próprias de matemática e programação, o resultado foi positivo.
O usuário comanda a Siri e visualiza as respostas em português, mas o áudio da assistente ainda permanece em inglês. Pedro explica, em sua postagem no blog, que o recurso ainda “não tem como ser disponibilizado para o público por questões técnicas”. Segundo ele, assim que o jailbreak (método desenvolvido por hackers para instalar aplicativos não oficiais e usar o iPhone no país de preferência) do iPhone 4S sair, ele irá trabalhar “arduamente” para fazer o Siri em português funcionar para outros usuários.
Há ainda outros detalhes para acertar, como erros de tradução que não são tratados e passar todo o processo para o celular, já que o sistema ainda precisa do computador para funcionar. Enquanto isso, Pedro se diverte no Twitter com os comentários acusando o vídeo de fake (falso) e com a campanha de alguns usuários para Apple contratá-lo. Será?
https://migre.me/7ojdO
Pedro Franceschi - desenvolvedor de softwares da M4U
Seu fascínio por tecnologia é direcionado somente aos produtos da Apple? Por que?
Sim, porque é uma plataforma que tenho contato desde muito jovem, conta com muitos usuários, é simples de mexer e eu a adoro. Fico cada vez mais desmotivado a desenvolver para outras plataformas quando vejo suas falhas de estrutura/engenharia.
O que você acha, como desenvolvedor de softwares, dos dispositivos Android?
Particularmente, não gosto. Respeito a plataforma, ela tem seus méritos, mas por questão de gosto não me agrada. Talvez devido
à linguagem de programação (Java).
Qual o maior desafio para disponibilizar o Siri para outros usuários?
O desafio é encontrar uma forma de deixar a usabilidade/responsividade exatamente do jeito que a Apple faria, que é como os usuários do iPhone estão acostumados. Com o jailbreak (desbloqueio) do iPhone 4S, que deve ser liberado em breve, isso se tornará possível e então trabalharei numa versão para o público final.
Quem é ele?
Pedro Franceschi já é figura conhecida no meio tecnológico. Em 2010, com apenas 13 anos (foto), foi um dos palestrantes do TEDxSudeste (https://migre.me/7p8ls). Já lançou vários projetos para iPhone e iPad (disponíveis no seu blog pessoal em www.pedrofranceschi.com. O iUsers, sistema criado por ele para que o tablet da Apple suporte multi-usuários, ganhou publicação até no The New York Times (https://migre.me/7p8PK). “O que me incentiva a investir nesses projetos inéditos é fazer algo diferente, que impressione as pessoas, e também me divertir. Acho que fazer uma coisa que você ama vale mais”, resume o jovem gênio.