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Estado de Minas

Intensa atividade do sol pode afetar aparelhos eletrônicos e satélites

Estrela-mãe começa a entrar em período de intensa ação.


postado em 23/08/2011 11:03 / atualizado em 23/08/2011 11:44

 

Entenda como ocorre uma tempestade solar(foto: Arte D.A Press)
Entenda como ocorre uma tempestade solar (foto: Arte D.A Press)

De repente, satélites pifam, telecomunicações são cortadas e radares não “veem” mais. A rede de energia cai e os transportes param de funcionar. Tudo o que tem circuitos elétricos, de carros a computadores, queima. A descrição desse cenário apocalíptico parece saída do cinema. É, porém, algo mais próximo da realidade do que se imagina. O grande vilão, no entanto, não são alienígenas invadindo a Terra, mas o responsável pela vida no planeta: o Sol. Recentemente, três tempestades solares consecutivas levaram cientistas americanos a emitirem um alerta sobre perturbações no funcionamento eletrônico de alguns equipamentos. O astro-rei está despertando de um sono profundo, período no qual sua atividade fica baixa.

As atividades solares ocorrem com frequência, mas ninguém as sente, porque a Terra tem um campo magnético que a protege, chamado de magnetosfera (veja infografia). O problema é que, dependendo da intensidade de uma dessas tempestades, o “escudo” é comprimido fortemente pela força das explosões.

O Sol apresenta um ciclo de atividade de aproximadamente 11 anos, com a quantidade de manchas escuras, explosões e ejeções de massa coronal variando durante esse tempo. O último pico de atividade solar havia ocorrido entre 2000 e 2002. Nesse período, ocorreram várias explosões por dia, enquanto, na fase de atividade mínima – entre 2007 e 2010 –, semanas se passaram sem que ocorresse uma única explosão. “Atualmente, estamos em um período no qual a atividade está crescendo lentamente para o próximo máximo, que deve ocorrer entre 2013 e 2014”, diz Adriana Válio, astrônoma do Centro de Radioastronomia e Astrofísica Mackenzie e autora do livro Nossa estrela: o Sol.

O fenômeno que pode deixar a Terra mais vulnerável e que preocupa os cientistas é a “ejeção de massa coronal”. Essa explosão expulsa matéria da atmosfera solar para o espaço. O perigo está nas partículas radioativas, que, ao entrarem em contato com a magnetosfera, formam uma tempestade eletromagnética capaz de fritar tudo o que tiver circuito elétrico. “Quando a tempestade é muito intensa, acaba afetando regiões de alta altitude, como os polos e países como o Canadá, a Rússia e os do Norte da Europa”, conta José Leonardo Ferreira, doutor em ciências espaciais e professor do Instituto de Física da Universidade de Brasília (UnB). Satélites geoestacionários são os mais afetados, além de sistemas por GPS e radares.

Esses fatos já ocorreram antes. Em 1859, uma tempestade do tipo queimou as linhas de telégrafo na Europa e nos Estados Unidos. Em março de 1989, ocorreu um apagão causado por atividade solar em Montreal, no Canadá, que durou 11 horas. Hoje, o efeito seria muito pior. Um relatório assinado por cientistas de 17 universidades americanas e europeias diz que a humanidade levaria até 10 anos para se recuperar de um grande evento do tipo, por causa das avançadas estruturas elétricas atuais.

A solução é desligar tudo o que for elétrico, antes da tempestade. “A única defesa que temos é a previsão das atividades solares. Com elas, temos de dois a três dias para tomarmos medidas preventivas, como o desligamento dos satélites e dos sistemas que comandam os dutos petrolíferos e que, se afetados, podem render prejuízos econômicos e até ambientais”, explica Ferreira.


Detecção

Os Estados Unidos têm um satélite capaz de detectar as atividades solares e há estudos avançados sobre a observação da quantidade de manchas solares, que indicam a ocorrência de erupções e explosões no interior do Sol. Um artigo divulgado recentemente na revista Science relaciona o aumento das manchas solares com a intensidade das atividades na estrela. “Contudo, ainda não podemos prever a potência dessas explosões e ejeções de massa”, diz Adriana Válio.

Por isso, os cientistas se debruçam em estudos sobre a magnetosfera e os efeitos das tempestades eletromagnéticas no escudo protetor, na busca de algo que possa minimizar os efeitos das partículas solares. “Quando se compara a nossa atmosfera com a de Marte, vemos a importância do campo magnético. O de Marte é muito pequeno, e as partículas de alta energia do Sol chegam com facilidade. Se o mesmo ocorresse com a Terra, provavelmente, não haveria vida”, explica o cientista espacial José Leonardo Ferreira.

A preocupação com os ventos solares se estende aos astronautas da Estação Espacial Internacional que estão na órbita da Terra. Por estarem fora do campo de atuação da magnetosfera, eles são atingidos diretamente pelas tempestades. Quando as atividades do Sol se intensificam, esses homens são proibidos de sair da estação. “Ainda não temos, porém, como precisar os efeitos da radiação neles, já que os raios gama ultrapassam a proteção da estação espacial.”

Mesmo com as perturbações – que, segundo Joseph Kunches, do Centro de Previsões do Clima Espacial, subordinado à Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos EUA, podem durar dias –, o ciclo de atividade máxima do Sol produz lindas imagens nos polos, conhecidas como as auroras boreal, no Norte; e austral, no Sul.

 


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