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Estado de Minas

Crise do governo Temer não deve ter refresco nem no recesso do Congresso

Novas delações, de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro, e o encaminhamento de outras denúncias contra o presidente Temer pela PGR não aliviam pressão sobre o Planalto


postado em 16/07/2017 06:00 / atualizado em 16/07/2017 07:49

(foto: Ana Volpe/Agencia Senado)
(foto: Ana Volpe/Agencia Senado)

Brasília – O início do recesso parlamentar na sexta-feira não significou que a crise política entrou de férias. Longe disso. Ao longo das próximas duas semanas, até que o Congresso retome os trabalhos, governistas e oposicionistas seguirão trabalhando nas bases para conquistar votos contra ou a favor do processo envolvendo o presidente Michel Temer. Novas delações do ex-deputado Eduardo Cunha e do doleiro Lúcio Funaro devem ser oficializadas.

Quando retornar de uma missão oficial aos estados, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deverá apresentar novas denúncias, por obstrução de Justiça e formação de quadrilha. “Quando foi o último recesso que serviu para amenizar as crises?”, questionou o cientista político e professor do instituto de ensino e pesquisa (Insper) Carlos Melo.

Ele lembra que, em janeiro de 2016, após a decisão do Supremo Tribunal Federal de definir o rito de tramitação do impeachment, a impressão era de que a então presidente Dilma Rousseff escaparia da cassação. Quando o Congresso retornou aos trabalhos, em fevereiro, bastaram três meses para que a petista fosse afastada do cargo.

Para Melo, após o êxito do governo na Comissão de Constituição e Justiça  (CCJ) da Câmara, onde conseguiu — à custa da troca de deputados e da liberação de emendas parlamentares — aprovar, por 41 a 24, um relatório favorável ao presidente, os interessados em afastar o peemedebista buscarão novas alternativas.

“Podemos prever que fatos novos – se existirem – apareçam na última semana de julho, mais próximo do retorno dos trabalhos parlamentares”, completou Melo. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), marcou para 2 de agosto a sessão plenária para votar o relatório apresentado pelo deputado Paulo Abi-Ackel, após a base conseguir derrubar o texto adverso apresentado pelo deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ).

O próprio Planalto já trabalha com novos atrasos provocados por falta de quórum em agosto, levando o processo para setembro.

A ideia inicial do Planalto era resolver o caso antes do recesso. Agora, a estratégia é empurrar com a barriga. “Esse governo já sobreviveu a tantos escândalos e tem tantos ministros envolvidos em denúncias que fica difícil precisar o que é necessário para que ele seja derrubado”, reconheceu o professor de ciência política do Ibmec-MG Adriano Gianturco.

É com isso que o Planalto conta. Para um integrante da cúpula do governo, quanto mais o processo demorar mais a classe política e os agentes econômicos chegarão à conclusão de que é melhor deixar Temer até o fim do mandato e delegar ao povo a escolha do novo presidente por eleições diretas em outubro de 2018.

Um fiel escudeiro do presidente Michel Temer garante que dá para relaxar nas próximas duas semanas. Carlos Marun (PMDB-MS) diz que a vitória na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dá a segurança que o governo precisa nos próximos dias. “Essa denúncia já está liquidada.

É um sinal de tranquilidade, mas não de desconcentração. E de felicidade porque conseguimos provar a fragilidade da denúncia. Depois dessa, duvido que venham outras denúncias. Caem por terra todas as outras acusações”, defende Marun.

Para o deputado federal Daniel Coelho (PSDB-PE) não há possibilidade de um recesso tranquilo pela frente, pois a crise política existe, independentemente de parar o Congresso ou não. Em relação ao encaminhamento da denúncia em plenário, Coelho diz que não faz diferença o governo conseguir derrubar a denúncia.

“O placar dos votos é que será determinante. A chance de a base governista vencer é enorme, mas um governo que tem 270, 280 votos contra ele não tem condições de governar”, acredita.

Há também quem acredite que o contato dos deputados com o eleitorado nos estados pode ser prejudicial para o governo, pois sentiriam o termômetro da influência que um voto pró-Temer poderia causar nas próximas eleições, em outubro de 2018. “Todas as pesquisas indicam que o Temer tem que sair.

Os deputados ficarão constrangidos e isso arrastará um número importante de votos”, acredita o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP).


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