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Estado de Minas

"O PMDB vai ter candidato ao Planalto", diz ministro Eliseu Padilha

Ministro defende diálogo mais cuidadoso com o PSB nas votações no Congresso


postado em 15/05/2017 06:00 / atualizado em 15/05/2017 07:46

Brasília – Em processo de recuperação de uma cirurgia na próstata, o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, está mergulhado nas negociações para a aprovação da reforma da Previdência. Celebrando um ano de governo Temer, afirma que o sucesso da equipe econômica veio antes do esperado, embora admita o peso do desemprego na baixa avaliação do governo Temer. Tendo como elemento principal os 330 votos que considera consolidados na base de apoio, vai mapeando quem de fato está com o governo no teste de fogo que virá: as mudanças nas regras da aposentadoria. Defende o fechamento de questão do PMDB e um diálogo cuidadoso com o PSB, legenda mais rebelde da base. Como tantos aliados do presidente Temer, inclusive colegas de Esplanada, Padilha também está envolvido na Lava-Jato. Afirma que só falará sobre isso nos autos e que o governo tenta separar as coisas para conseguir governar. Tem dúvidas se Lula estará em condições de se candidatar ano que vem e adianta: “O PMDB terá candidato a presidente da República”.


Quais os pontos positivos deste um ano de governo?


Dois pontos são dignos de registro. O presidente Michel Temer conseguiu manter um relacionamento singular com o Congresso Nacional, que lhe deu uma base de 411 deputados, dos quais 330 votam com governo. Todos os projetos encaminhados ao Congresso foram aprovados. Ponto número dois é o sucesso da parte econômica do governo.

O que isso rendeu?

Estamos com a inflação abaixo da meta, juros caindo rapidamente para um dígito, dólar caindo e o real se valorizando, Bovespa com números singulares, quase 68 mil pontos. E a ações de Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil com avaliação surpreendente. Neste primeiro ano, o sucesso da área econômica do governo está além do esperado.

Se de fato já há indícios de retomada da economia, por que a avaliação do governo ainda é tão baixa?

Essas informações não chegam ao João, José, ao povo. Quando tivermos reversão do desemprego, teremos crescimento no apoio ao governo.


Mas algumas agências dizem que o nível de emprego só melhora em 2019.


Mas se vai consolidar até 2019, até lá vai ter crescimento. À medida que a população for sentindo que estão crescendo emprego e todas as atividades comerciais e empresariais também, ela vai vendo que melhorou. E o governo começa a melhorar.

Não ser popular ajuda a implementar medidas amargas?

Não. Como hoje o governo não tem uma boa avaliação, temos que trabalhar muito os parlamentares. Eles têm de dar muita explicação.

O governo vai ter o teste de fogo da base na reforma da Previdência. Queria votar tudo até 30 de junho. O calendário está mantido?

O governo tinha a pretensão de aprovar, até 30 de junho, toda a reforma da Previdência. Temos de ter certeza de aprovar nos dois turnos na Câmara no primeiro semestre e tentar encaminhar ao Senado para aprovação também.

O PMDB não tem tradição de fechar questão em votações. Vai fechar na Previdência?

Chegou o momento de o PMDB dar testemunho forte de que é governo. Eu acredito que o PMDB vai, sim, fechar questão.

Ser o maior partido da coalizão tem mais ônus do que bônus?

Partido que tem o presidente da República tem que ter mais responsabilidade pela manutenção e sustentação do governo.

No caso da reforma da Previdência, a demora aproxima a votação da eleição do ano que vem. Como separar isso?


Tem que se conscientizar dos avanços que ocorreram na reforma. Todas as solicitações que chegaram no relator, na medida do possível, foram atendidas. Nós precisamos da reforma para dar a esses parlamentares a certeza de que a população estará mais segura com a reforma do que sem ela. Ela é feita para garantir a aposentadoria de quem já está aposentado e dos que vierem a se aposentar.

Ainda há espaço para mudanças no texto?

Enquanto o tema se encontra no parlamento, há condições. O governo, no entanto, entende que chegou no limite em que pode fazer concessões. Estamos em 75% do que prevíamos de economia na mensagem inicial. O número de R$ 800 bilhões (de economia) já caiu para R$ 600 bilhões. Temos que segurar nesse valor, sob pena de prejudicarmos nosso ajuste fiscal.

O governo conseguiu reverter a batalha da comunicação na Previdência?


Começamos a reverter o que eram as informações falaciosas. Tínhamos que multiplicar a capacidade de transmitir informação para deputados e senadores para que pudessem contestar fatos narrados que não tinham procedência. Por exemplo, dizer que essa reforma veio para tirar direitos. Falou-se que, para se aposentar, o sujeito teria de trabalhar 49 anos. Em nenhum momento foi dito isso. O que se dizia é que teria de ter um número de anos de contribuição para se aposentar. Isso só vai acontecer daqui a 20 anos.

Vocês respiraram mais aliviados com a presença do Renan Calheiros na reunião dos senadores do PMDB com o presidente Miche Temer?


Sempre tivemos a certeza de que ele estaria com o partido, mais dia, menos dia. Nós temos deixado claro que isso era indispensável e insistíamos na presença dele e ele correspondeu.

Tem espaço para mudar o texto no Senado?


Temos procurado falar muito com os senadores. E a ideia é que tenhamos a mesma postura que tivemos na reforma trabalhista. Fazer as mudanças na Câmara e, depois, se for necessário, promover mudanças em uma medida provisória. Como estamos em um ano pré-eleitoral, todo atraso na tramitação é praticamente irrecuperável. Tudo se fará para ganhar tempo.

O governo não teve 330 votos para aprovar a reforma trabalhista.


Olha o número de ausências. Temos, normalmente, 330 votos. Não exigia quórum qualificado.

Como vocês vão trabalhar para vencer resistências, como a do PSB, por exemplo?

Vamos trabalhar por partido. O PSB é uma bancada dividida. Temos relação direta com a liderança do PSB, os deputados, buscando convencê-los de que, sendo governo, eles precisam votar com o governo. E que tem um dos mais importantes ministérios, o de Minas e Energia, onde o ministro Fernando Bezerra Filho tem tido um excepcional desempenho.

Como está sua planilha de votos?


Está crescendo. Eu parto dos 330 e, a partir daí, vamos vendo com quem não contamos ainda. Está bem próximo do número necessário, dos 308 votos. Neste momento, para nós, vazar números não é um pouco interessante. Mas estamos bem.

Só vai para plenário quando vocês tiverem certeza da aprovação?

Certeza você sabe como é, né? Mas quando estivermos convicção de aprovação.

A Lava-Jato continua preocupando o governo?

Lava-Jato e governo são processos diferentes. Processo de governar é do Executivo e a questão da Lava-Jato cabe à Justiça Federal, ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal fazer as apurações e julgar. Estamos trabalhando como se não tivesse nenhum tipo de óbice em decorrência da Lava-Jato.

Mas como está a pressão em relação ao núcleo duro do governo?

Eu tenho um compromisso de só falar sobre Lava-Jato nos autos do processo, por intermédio dos meus advogados.

Em entrevista anterior, quando o PMDB assumiu a articulação política do governo, havia a ideia de o partido romper com o PT após as eleições municipais para ter candidato próprio em 2018. O PMDB, agora, é governo. Terá candidato em 2018?

Sem dúvida nenhuma. Pergunte ao presidente Romero Jucá que ele vai dizer que o PMDB terá candidatura própria à Presidência da República.

Falar isso neste momento não atrapalha a relação com o PSDB?

O PSDB também está dizendo que vai ter candidatura. A pergunta pode ser invertida. A relação com o PMDB ficaria mal por que o PSDB está dizendo que vai ter candidatura própria? Não.

Henrique Meirelles (ministro da Fazenda) é um nome?


Pode ser, por que não? Embora hoje seja mais difícil porque ele não é do PMDB.

O presidente Michel Temer mantém a disposição de não ser candidato ou já colocou um “não sou candidato, mas...”?


Ainda não.

Qual sua opinião sobre as regras que valerão para a eleição do ano que vem?

Tudo indica que teremos financiamento público.

Com lista fechada ou aberta?

Penso que, nesse particular, a eleição não vai mudar, vai continuar sendo pelo sistema proporcional. As coincidências de vontades não acontecem muito neste sentido.

E o que pode ser aprovado?

O que a gente tem ouvido: fim de coligações nas eleições proporcionais, cláusula de desempenho e fim da reeleição.

Com extensão do mandato para cinco anos?

Não falaram.

Qual a explicação para que o ex-presidente Lula ainda se apresente como um candidato altamente competitivo?


Pesquisa sempre é um retrato do momento.

Lula estará no páreo em 2018?

Ele tem se declarado candidato. Hoje, teria condições de ser. Não sei se terá em 2018.


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