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Estado de Minas

Especialistas analisam cenário político após um ano do impeachment de Dilma

Em 17 de abril de 2016, a Câmara aprovou a admissibilidade do impeachment em uma sessão de domingo


postado em 16/04/2017 10:54

(foto: Evaristo SA/AFP)
(foto: Evaristo SA/AFP)

Um ano após o sim dado pelo deputado Bruno Araújo (PSDB-PE) — hoje ministro das Cidades — que sacramentou a abertura do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, processo que culminaria no Senado em agosto, o país está com as ruas mais pacificadas, a inflação e os juros mais baixos, um contingente maior de desempregados, uma sangria política que ninguém consegue estancar e a incerteza do que acontecerá em curto prazo por causa dos desdobramentos da Operação Lava-Jato.

“A sangria política não foi estancada, como desejava o senador Romero Jucá (PMDB-RR), porque ela não foi provocada por Dilma Rousseff. Não digo que ela foi injustiçada. A queda de Dilma foi provocada pelos problemas na economia e pela má condução na relação com o Congresso. Mas tirá-la do poder não eliminou o problema da corrupção”, lembra o cientista político e professor do Insper, Carlos Melo.

O voluntarismo da petista, por exemplo, é uma das razões apontadas pelo professor para justificar o desastre administrativo e econômico que contribuiu para a queda. “Michel Temer não fica se metendo nas decisões da equipe econômica. Essa é a grande diferença”, afirma. Para o analista político da XP Investimentos Richard Back, não é apenas a autonomia dada pelo atual presidente que contribuiu para a melhoria do cenário. “A equipe econômica é qualificada e tem o respeito do mercado, tanto dos agentes financeiros quanto do setor produtivo”, reforça Back.

É bom lembrar que a votação na Câmara, em 17 de abril, não selou o afastamento de Dilma do cargo. Ela permaneceu como presidente até 12 de maio, quando o Senado aceitou o processo com 55 votos favoráveis e 22 contrários. Ainda assim, ela tornou-se presidente afastada e o então vice, Michel Temer, interino, deixando o país em uma esquizofrenia com dois comandos. Mas o resultado da Câmara gerou expectativas no mercado, que acabaram se consolidando. Nessa época, inclusive, que começaram especulações em torno da possível equipe do futuro governo, o tal do “ministério de notáveis” — que acabou não saindo do papel, bem como o enxugamento da máquina pública. Temer queria reduzir o tamanho da Esplanada. Pressionado por aliados, o presidente teve de rever posições como a fusão do Ministério da Cultura com a da Educação e comanda hoje um governo com 28 pastas.

"O Brasil não corre mais o risco de cair no abismo, mas estamos ali, na beirinha, olhando para o fundo do buraco”, diz Bach. “Não há dúvidas de que o país vive um outro patamar na relação estado-sociedade-mercado, bem mais pacificado. Saiu um governo que tinha uma relação estado-trabalho para entrar uma gestão baseada na relação estado-capital”, acrescenta o diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antonio Augusto de Queiroz, o Toninho do Diap.

Corrupção

Se as coisas passaram a andar com mais normalidade na economia, a política continua mergulhada no caos, principalmente, por causa da Lava-Jato. “O modelo de fisiologismo continua o mesmo. Tanto é que, agora em 2017, o governo não conseguiu aprovar nada, sequer colocou quórum para votar a renegociação da dívida dos estados”, ressalta Carlos Melo. Na avaliação do cientista político, o sistema de governo de coalizão necessita de lenha suficiente para queimar no forno e o combustível de Temer acabou. “No começo da gestão, tudo dava certo porque Temer tirou os petistas do poder e redistribuiu os cargos. Hoje, não tem mais o que entregar”, analisa.

Para o mercado, até mesmo a questão política — com exceção feita à Lava-Jato — está em um patamar melhor do que no tempo de Dilma. Para investidores, Temer tem uma agenda clara do que pretende ser votado e uma relação mais harmoniosa com os congressistas. Os desdobramentos das investigações do escândalo de corrupção é que deixarão sequelas. “Muitos vão morrer pelo caminho, mas Temer deve sobreviver”, aposta um investidor.


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