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Estado de Minas

Acusações de ex-diretor da Odebrecht atingem cerca de 50 políticos da base e da oposição

Na lista, há os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Renan Calheiros (PMDB-AL), além do presidente da República, Michel Temer


postado em 11/12/2016 06:00 / atualizado em 11/12/2016 08:17

O vazamento da delação premiada do ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho causou preocupação ao Palácio do Planalto e movimentou a cena política brasileira. O executivo cita cerca de 50 políticos, desde o presidente Michel Temer e a cúpula do PMDB a nomes de partidos como DEM, PSDB, PT, PSD, PP e PSB. Na lista, há os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Renan Calheiros (PMDB-AL), três ministros, um secretário do governo, ao menos sete ex-ministros, além de senadores, deputados, ex-parlamentares e assessores. Ao todo, segundo o delator, eles teriam recebido R$ 75 milhões, entre propina e financiamento legal e ilegal de campanha.

O presidente Michel Temer, que passa o fim de semana em São Paulo, já admitiu publicamente que o governo trata com “preocupação” e sem “ingenuidade” a delação. A ordem no Planalto, entretanto, é reforçar que as delações precisam se comprovadas e que o governo precisa “continuar trabalhando” pelo país. O ex-executivo da Odebrecht ainda precisa apresentar provas e depor. A delação deverá ser encaminhada para o ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). Somente após a homologação a delação poderá embasar investigação e eventuais processos.


O foco do presidente nessas últimas semanas de trabalho no Congresso será garantir a aprovação da PEC do Teto no segundo turno no Senado e o andamento da reforma da Previdência nas comissões na Câmara. Cláudio Melo Filho disse em delação que Temer teria pedido R$ 10 milhões ao empreiteiro Marcelo Odebrecht em 2014. O Planalto negou a informação e afirmou, em nota, que as doações foram declaradas ao TSE, e que não houve caixa 2 nem entrega de dinheiro a Temer. Um interlocutor do presidente diz que é preciso aguardar se há coerência em todos os depoimentos que ainda estão por vir, já que 77 executivos da empreiteira firmaram acordo de delação premiada.


Logo após as notícias de que os executivos da Odebrecht fariam delação premiada, o presidente disse estar preocupado com os efeitos da delação da Odebrecht. “Se dissesse que não há preocupação com a delação da Odebrecht, seria ingênuo. Claro que há preocupação de natureza institucional. Há preocupação, claro, não há dúvida de que há”, disse, ao lado de Rodrigo Maia e Renan Calheiros, no fim de novembro, quando anunciou acordo para impedir anistia ao caixa 2 no projeto de lei em tramitação na Câmara. De acordo com a legislação, Temer não pode ser investigado por irregularidades cometidas fora do mandato.


NÚCLEO
As acusações também recaem sobre homens de confiança de Temer, como o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, que distribuiria a propina, e o secretário Moreira Franco. No Congresso, as revelações atingiram parlamentares que estão na disputa por cargos estratégicos dentro das duas Casas e até para o ingresso no núcleo duro do Planalto. Na lista estão os nomes do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que trabalha para a reeleição na Casa, e do senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), cotado para suceder a Renan Calheiros (PMDB-AL). Também foi citado o deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), indicado para substituir o ex-ministro Geddel Vieira na Secretaria de Governo.

Outro citado é o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), que deve disputar a presidência da Casa em 2017. De acordo com o delator, o peemedebista, que consta com o codinome “Índio”, recebeu cerca de R$ 2,1 milhões. Em nota, Eunício diz que nunca autorizou o uso de seu nome por terceiros e jamais recebeu recursos para a aprovação de projetos. Procurado, Maia não quis se pronunciar ontem. (Com agências)

 

O delator
Ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, de 49 anos, passou mais da metade da vida na empresa. Aos 22 anos, começou a trabalhar na empreiteira, em 1989, numa obra em Luziânia (GO) como estagiário. A partir de 2004, o baiano passou a comandar a diretoria de relações institucionais, cargo anteriormente ocupado pelo pai dele, Cláudio Melo. A relação entre as famílias Odebrecht e Melo era grande. O ex-presidente Marcelo Odebrecht e Cláudio Melo Filho deram continuidade à amizade e confiança construída pelos pais. Melo Filho era, inclusive, o suplente de Marcelo no conselho administrativo da empreiteira. Há 12 anos, estava à frente da área institucional da empresa, uma das mais estratégicas. Melo Filho era um dos principais interlocutores da empresa com políticos. Na delação premiada ao Ministério Público Federal (MPF), ele reforça que seu envolvimento com “questões relevantes” foi pequeno em 2005, pois não conhecia os políticos mais atuantes. O relacionamento com essas figuras foi construído aos poucos e com a ajuda dos conselhos do pai, que indicava os políticos com capacidade de serem líderes e que mereciam uma tratativa institucional.


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