Três dias depois de desistir de apoiar a candidatura do engenheiro Paulo Brant à Prefeitura de BH, o prefeito Marcio Lacerda (PSB) afirmou ao Estado de Minas que o fim da candidatura se deu por causa de uma condenação administrativa do executivo e não pelo fato de os socialistas terem ficado praticamente sem tempo de TV com a debandada de aliados.
De acordo com o socialista, a candidatura de Brant foi reafirmada na manhã de sexta-feira e, por volta das 18h, o PSB soube de uma condenação por “infração grave na condução dos interesses do Bemge caracterizada pela inobservância às normas de boa gestão e de boa técnica bancária”.
Lacerda disse ao EM que Brant havia informado ao partido sobre uma questão com o BC mas que seria apenas uma multa. Na sexta-feira, por volta das 18h, o socialista disse ter tido acesso à íntegra da condenação administrativa e por isso desistiu.
“A verdade é que sequer constava passagem pelo Bemge no currículo dele. Nós realmente não nos preocupamos, exceto no momento em que chegou a informação de que era grave”, afirmou.
Segundo o prefeito, a informação seria fatal para a campanha de Brant, que seria baseada na imagem do bom gestor. De acordo com o PSB, pela condenação, Brant está impedido de exercer por nove anos qualquer cargo de direção ou gerência em instituições fiscalizadas pelo Banco Central.
“Mesmo que tivéssemos dois minutos de TV não daria para explicar isso para a população, principalmente nesse momento de tantas investigações e denúncias. Seria muito difícil para nossa estratégia de campanha apresentá-lo como um bom gestor que ele é – para mim esse assunto Bemge não empana a carreira dele –, mas em uma campanha esse assunto Bemge seria fatal. Em um debate seria destruidor.”
Pedido de desculpas
Lacerda lamentou o fato de não ter ido falar com Brant pessoalmente sobre o fim do seu apoio. Argumentou que, faltando seis horas para o fim do prazo para alterar as atas das convenções, precisava priorizar a escolha de uma nova coligação. “É até difícil se desculpar por isso, mas priorizei a construção da nova aliança. Precisava reunir os advogados dos partidos para fazer as mudanças legais necessárias”, disse.
Questionado se devia um pedido de desculpas ao engenheiro, Lacerda disse: “Acho que sim. Apesar da dificuldade da correria da agenda, acho que foi um erro, certamente. Mas se nós não tivéssemos corrido atrás de uma nova aliança teríamos muita dificuldade”, disse.
Lacerda disse que, depois de ter enviado emissários para comunicar Brant sobre a desistência do apoio, tentou marcar um encontro com ele e mandou mensagens mas ele não respondeu. “A gente lamenta profundamente o acontecido”, disse.