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Estado de Minas

Ouvidos pela PF em Minas na Operação Hashtag negaram envolvimento com terrorismo

Líder de entidade em Varginha nega relação com Estado Islâmico


postado em 22/07/2016 15:40 / atualizado em 22/07/2016 17:31

Duas pessoas foram ouvidas em Varginha (Sul de Minas) na Operação Hashtag, deflagrada pela Polícia Federal na quinta-feira, para investigar suspeitos de articular ataques terroristas no Brasil durante a Olimpíada do Rio de Janeiro. Ao todo, foram presos 10 suspeitos na operação, levados para Campo Grande (MS).

As duas pessoas de Varginha (que seriam um casal) foram alvo de um mandado de busca e apreensão e foram liberadas duas horas após depoimento prestado à PF. Os dois investigados pertencem à Sociedade Islâmica de Varginha. Eles negaram a qualquer ligação com grupos terroristas.

O líder da entidade, sheik Omar Rodio, nega qualquer relação com o terrorismo e disse acreditar que a ação do governo brasileiro, por intermédio da PF, só vai aumentar o acirramento dos ânimos e o preconceito contra muçulmanos no país.

“Os muçulmanos passaram a ser expostos no Brasil como se fossem terroristas. Isso fez criar o medo entre as pessoas”, afirmou Omar Rodio. “A ideia colocada é que o governo do Brasil considera como se nós muçulmanos fôssemos ligados a grupos terroristas”, reclamou Rodio, que também criticou a forma como a lei antiterrorismo foi colocada em prática.

Criada há quatro anos, a Sociedade Islâmica de Varginha tem sua sede em uma mesquita no Centro da cidade, onde são ministradas palestras pelo seu líder sobre o Islã. A comunidade conta com 35 integrantes, entre os quais os dois investigados, que tiveram os nomes preservados.

Omar Rodio disse que a entidade prega a paz e que não faz nenhuma alusão ao terror. “Não temos nenhuma relação com o Estado Islâmico ou qualquer outro grupo terrorista. A paz é o sentido fundamental do Islã”, destacou o líder da comunidade de Varginha, lembrando que as suas pregações seguem a “Suna” (“caminho trilhado”, em árabe) do profeta Maomé (Muhammad, no Islamismo), baseadas no Alcorão, o livro sagrado do Islã.

Ele afirmou que não existiam provas ou indícios contra os investigados em Varginha e que a operação da PF causou constrangimento aos frequentadores da mesquita local. “As pessoas da comunidade ficaram chateadas, pois não há nada de errado e sofreram buscas e foram tratadas como bandidas. Fomos procurados não porque somos terroristas, mas apenas porque somos muçulmanos”, afirmou Omar Rodio. “A sensação foi que a Polícia Federal e o governo saíram atirando para todos os lados, sem medo de acertar ninguém”, protestou.

O líder da sociedade islâmica salientou que a comunidade muçulmana no Brasil é alvo de preconceito e que já houve ataques contra mesquitas no país – em Brasília e SP. Relatou que, principalmente, após os episódios violentos na Síria e as ações e os ataques do grupo terrorista do Estado Islâmico em países da Europa (Bélgica, Turquia e França), os muçulmanos passaram a ser vítimas de preconceito religioso e de atitudes hostis por parte de membros de outras religiões que desconhecem as pregações do profeta Maomé e do Alcorão. Em Varginha, uma integrante da comunidade islâmica chegou ser xingada na rua de “mulher-bomba”. “Pelo fato de sermos muçulmanos, passamos a ser vistos como pessoas perigosas. Isso um preconceito. É como dizer que todo mundo que mora na favela seja bandido”, afirmou.

Omar Rodio também criticou a lei antirretorismo que, segundo ele, afronta o estado de liberdade de direito. “Esta lei contraria, por exemplo, a liberdade ao culto religioso. Ela também contraria a liberdade de expressão. Ela prevê que uma pessoa pode ser presa por pensar em cometer um crime. Como a pessoa pode ser considerada criminosa somente por pensar?”, questiona.


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