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Estado de Minas

Presidente da Andrade Gutierrez diz que PT pediu propina retroativa a 2003

Empreiteiro afirma que valores deveriam ser pagos em 2008, em referência a obras obtidas no início do governo Lula


postado em 05/05/2016 06:00 / atualizado em 05/05/2016 07:44

Preso na Lava-Jato, o ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio de Azevedo integrou esquema de suborno (foto: Brunno Covello - Gazeta do Povo - 25/7/15)
Preso na Lava-Jato, o ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio de Azevedo integrou esquema de suborno (foto: Brunno Covello - Gazeta do Povo - 25/7/15)

Brasília O ex-presidente da empreiteira Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, disse em delação premiada que o PT exigiu que a construtora pagasse propinas de forma retroativa ao início do mandato do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, em 2008, o ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari pediram “de forma bastante clara”, de acordo com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que uma taxa de 1% de todas as obras do governo fossem repassadas à legenda. Os pagamentos deveriam ser retroativos a 2003, no início da gestão Lula e daquele ano em diante. Azevedo diz que a conversa foi testemunhada pelo executivo Flávio Machado.

O PT tem negado todas as acusações de recebimento de dinheiro ilegal feitas por colaboradores da Operação Lava-Jato. “Todas as doações que o PT recebeu foram realizadas estritamente dentro dos parâmetros legais e posteriormente declaradas à Justiça Eleitoral”, informou a legenda à reportagem em fevereiro. Os advogados de Vaccari, preso em Curitiba, têm sustentado a mesma defesa.Anteontem, Berzoini se disse “indignado” com as acusações.

O procurador-geral da República diz que as acusações do ex-senador Delcídio Amaral (ex-PT-MS) e do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró batem com as de executivos da Andrade Gutierrez. De 2009 a 2014, a Andrade doou cerca de R$ 94 milhões ao PT, oficialmente e de forma registrada. Desse valor, Azevedo estima que R$ 40 milhões foram referentes a propinas e não a doações espontâneas.

O executivo da empreiteira contou que o ex-ministro da Casa Civil Antônio Palocci e Giles Azevedo, homem de confiança da presidente Dilma, lhe pediram para pagar uma dívida com a agência de publicidade Pepper, que trabalhou na campanha de 2010 da petista. Palocci e a ex-ministra Erenice Guerra “teriam atuado de forma decisiva”, de acordo com Janot, “no esquema ilícito relacionado à construção da Usina Belo Monte”. A obra teria 1% de subornos, sendo metade para o PT e outra metade para o PMDB.

O delator contou que Andrade pagou mais de R$ 3 milhões a Lula a título de palestras no exterior. O objetivo “era o de aproximar a empresa de empresários destes países”, relata a PGR. As obras fora do Brasil acabaram não se concretizando, apesar disso. Durante os dois mandatos do petista (2003-2010), a empreiteira foi ajudada por ele a obter uma obra na Venezuela, segundo Azevedo. Mas Flávio Machado disse ao presidente da empreiteira que Vaccari cobrou 1% do empréstimo concedido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para realizar o empreendimento no país.

FATIA VARIADA Outro executivo da Andrade, Rogério Nora disse que, na Petrobras, havia propina de 2% nos contratos da Diretoria de Engenharia para o PT. Na área de Abastecimento, 1% era destinado ao PP. A informação foi confirmada por Flávio Machado. Ele acrescentou que, na usina de Angra 3, o ex-ministro Edison Lobão (PMDB) e o senador Romero Jucá (PMDB-RR) pediram 3% de subornos.

As informações sobre a delação de Andrade estão no pedido de Janot para incluir Lula e mais 29 pessoas no maior inquérito da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), apelidado de “quadrilhão”. A assessoria do Instituto Lula disse que o pedido é “uma antecipação de juízo, ofensiva e inaceitável, com base unicamente na palavra de um criminoso”.

O ministro Ricardo Berzoini (Governo) afirmou estar “indignado com mais um vazamento com claros objetivos políticos”. “Manifesto minha total tranquilidade em relação às investigações, confiando que a verdade prevalecerá”, disse. A reportagem não localizou os demais acusados pelos executivos da Andrade Gutierrez.

CRÍTICA PETISTA
A bancada do PT na Câmara dos Deputados divulgou nota ontem, repudiando a iniciativa do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de oferecer denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Supremo Tribunal Federal (STF). Para os petistas, o pedido de investigação se baseia numa delação premiada do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS) que não se sustenta. Os deputados também criticam a “seletividade” da conduta de Janot, uma vez que o vice-presidente da República, Michel Temer, foi poupado do pedido e lamentam que as investigações tenham sido “contaminadas” por disputas políticas. A nota não faz menção ao pedido de investigação da presidente Dilma Rousseff e de seus ministros.


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