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Estado de Minas

Impeachment reflete em comemorações do Mercosul

Indignados com o tratamento recebido e com críticas ao processo de impeachment de Dilma, deputados e senadores brasileiros se retiram de solenidade dos 25 anos do bloco econômico


postado em 26/04/2016 06:00 / atualizado em 26/04/2016 07:24

"Isso é um golpe parlamentar, é uma utilização forçada da lei de impeachment" Jorge Taiana, presidente do Parlasul, na nota que causou revolta nos parlamentares brasileiros, que reclamaram ainda dos lugares reservados à delegação no auditório, em Montevidéu (foto: Chancelaria/Divulgação - 6/5/10)

Depois do que consideraram uma “retaliação para humilhar” a delegação brasileira que se encontrava em Montevidéu, no Uruguai, para a sessão plenária do Parlasul, o Parlamento do Mercosul, 17 dos 20 deputados e senadores brasileiros se retiraram da solenidade que comemorou os 25 anos do bloco econômico, na manhã dessa segunda-feira (25).

No domingo, o presidente do Parlasul, o deputado argentino Jorge Taiana, alinhado com a ex-presidente Cristina Kirchner, publicou no site oficial do Parlamento uma nota em que condena o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Para Taiana, o julgamento político é uma “situação escandalosa”: “Isso é um golpe parlamentar, é uma utilização forçada da lei de impeachment”, diz a nota, acrescentando que setores conservadores, de direita, do mundo financeiro e da mídia teriam como objetivo central impedir que Lula voltasse à Presidência do Brasil em 2018.

Nessa segunda-feira (25), ao chegar ao auditório onde seria realizada  a solenidade, parlamentares brasileiros descobriram que os lugares reservados à delegação estavam localizados na última fileira, atrás de funcionários de segundo e terceiro escalão da chancelaria. Inconformado, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) tentou resolver, sem sucesso, a questão. Os brasileiros, então, tentaram manifestar o repúdio tanto pela nota do presidente do Parlasul quanto pela localização dos assentos, mas a cerimônia não previa a colocação de questões de ordem.

O deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA) se dirigiu à frente do auditório e, fora do microfone, declarou que a delegação brasileira iria se retirar da sala. “Nós ficamos surpresos quando hoje (ontem) vimos no site oficial do Parlasul uma declaração irresponsável do presidente em relação ao processo de impeachment que acontece no Brasil”, disse o deputado. “A designação dos lugares foi uma consequência do que Taiana diz no site. Foi uma retaliação para humilhar a delegação brasileira.”

Para Requião, depois de colocar a delegação na última fileira do auditório de 400 lugares, o próximo passo seria fazer com que os parlamentares brasileiros almoçassem na cozinha: “Era deles a festa, então fomos embora. É um desprezo da chancelaria em relação à delegação brasileira”.

A delegação brasileira pretende cobrar de Jorge Taiana que ele reconsidere as palavras “irresponsáveis” que usou em relação ao processo de impeachment durante a sessão plenária do Parlasul, que acontece hoje pela manhã. A tarde de ontem foi reservada aos encontros das comissões especiais do Parlamento.

‘POSTURA INDECOROSA’
Os três brasileiros que permaneceram na solenidade foram os deputados Jean Wyllys (PSOL-RJ), Benedita da Silva (PT-RJ) e Ságuas Moraes (PT-MT). Pelo Twitter, Jean Wyllys chamou de “arrogante e indecorosa” a postura dos parlamentares que se retiraram. O deputado ainda lamentou que os ausentes “perderam a chance de ouvir as autoridades do Mercosul se dizerem preocupadas com o que está acontecendo no Brasil”.

Na sexta-feira, em Nova York, a presidente Dilma Rousseff declarou que pretende invocar a cláusula democrática do Mercosul, tal como ocorreu quando o ex-presidente paraguaio Fernando Lugo foi afastado, em 2012. Se a cláusula for ativada, o Brasil pode até mesmo ser suspenso do bloco comercial, mas, para isso, seria necessário um consenso entre Uruguai, Paraguai, Argentina e Venezuela com relação ao rompimento da ordem democrática brasileira. Atualmente, a Venezuela seria o único país a defender a punição do Brasil caso a presidente seja afastada pelo Senado.

Lula ataca

Em sua primeira manifestação pública depois da aprovação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff pela Câmara, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que a Casa é comandada por uma “quadrilha legislativa que, com a grande imprensa, implantou a agenda do caos no Brasil”. O ex-presidente acusou a oposição de trabalhar para “aprofundar o caos” por não aceitar o resultado da eleição de 2014. Com voz rouca, Lula teve seu discurso lido pelo diretor de seu instituto e ex-ministro Luiz Dulci durante seminário realizado, em São Paulo, pela Aliança Progressista, rede de partidos de vários países. “Peço que levem aos seus países a mensagem que a sociedade brasileira vai resistir ao golpe do impeachment”, disse Lula a uma plateia composta por prepresentantes da África, Ásia, América Latina, Oceania e Europa.

 

 


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