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Estado de Minas

Em busca de apoio, Dilma reedita Conselhão

Com o cenário econômico ruim e acusada de não dialogar com a sociedade, presidente agora quer discutir com empresários, sindicalistas, trabalhadores e intelectuais saídas para a crise


postado em 26/01/2016 06:00 / atualizado em 26/01/2016 07:23

Entre as novidades, estão o ator Wagner Moura, o presidente do Bradesco, Luiz Trabuco, e a líder das trabalhadoras domésticas, Creuza Oliveira (foto: Harrrison /Getty Images/AFP - 7/8/13)
Entre as novidades, estão o ator Wagner Moura, o presidente do Bradesco, Luiz Trabuco, e a líder das trabalhadoras domésticas, Creuza Oliveira (foto: Harrrison /Getty Images/AFP - 7/8/13)
Enfrentando quadro sombrio na economia e dificuldades para construir apoio político no Congresso Nacional nas tentativas de reverter o cenário ruim, a presidente Dilma Rousseff (PT) vai discutir com empresários, sindicalistas, intelectuais, trabalhadores e líderes de movimentos sociais ideias para o Brasil sair da crise. Na quinta-feira, às 14h30, a presidente se reúne com um grupo de 80 a 90 pessoas que vão integrar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), chamado de Conselhão. Segundo a assessoria do Palácio do Planalto, a composição ainda não está completamente fechada, mas lideranças de vários setores já confirmaram presença na reabertura do grupo, que terá como tema no primeiro encontro as “estratégias para a retomada do crescimento”. Formado por conselheiros não remunerados e pelos ministros de Estado, o grupo tem objetivo de discutir políticas públicas e formular propostas para o governo federal.


O Conselhão foi criado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seu quinto mês à frente do governo federal, em maio de 2003. Durante o governo de Lula, o grupo teve grande participação nos debates sobre as políticas para desenvolvimento econômico e de investimentos, sendo convocado com frequência até o final do governo. Entre outros trabalhos, o grupo formulou a “Agenda Nacional de Desenvolvimento”, comprometida com “uma ampla e pública discussão sobre as alternativas políticas para a superação dos entraves estruturais ao desenvolvimento nacional”. Foi no CDES que surgiu a proposta do Fórum Nacional do Trabalho, sendo um de seus desdobramentos o reconhecimento das centrais sindicais (Lei 11.648/2008), que alavancaram a política de valorização do salário mínimo.

No primeiro mandato da presidente Dilma, empresários e sindicalistas reclamaram que a presidente esvaziou o Conselhão. A última vez que o grupo se reuniu foi em julho de 2014. A insatisfação com a falta de diálogo com setores da sociedade civil e do empresariado gerou críticas dentro do próprio governo. Na semana passada, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) afirmou à presidente que o Planalto “precisa ouvir mais do que falar” e adotar postura diferente do que vem demonstrando até agora, mostrando que “está disposto a ser mais servo” do que dar ordens. Temer apontou o retorno do Conselhão como fundamental para que empresários apresentem propostas para ajudar o país superar a crise econômica e política.

Um dos focos principais do primeiro encontro será a busca por ações para reativar a construção civil ainda este ano, o que contribui para a criação de empregos. Segundo assessores do Planalto, Dilma quer primeiro ouvir os integrantes para só depois fechar as medidas que pretende anunciar no início de fevereiro com um plano para recuperar a economia e equilibrar as contas públicas.

No encontro, ela pedirá apoio para aprovar a recriação da CPMF – proposta que tem sido muito criticada no Congresso, mas é considerada vital pela equipe econômica do Planalto para garantir o superavit primário este ano. A presidente defenderá ainda a reforma previdenciária, como forma de manter a sustentabilidade do pagamento de aposentadorias no futuro.

NOVA COMPOSIÇÃO
Os integrantes do Conselhão ainda não tiveram seus nomes publicados no Diário Oficial da União (DOU), mas, segundo a assessoria da Casa Civil, alguns nomes já estão confirmados. Uma das mudanças será a exclusão de comandantes de empreiteiras, mas com a presença de instituições que representam o setor. Da antiga composição, Marcelo Odebrecht, dono da Construtora Odebrecht, e o pecuarista José Carlos Bumlai foram presos pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato.

Pela primeira vez, o grupo terá um representante das empregadas domésticas, a presidente da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), Creuza Oliveira. Entre os novos integrantes, o Planalto já confirmou os nomes dos presidentes dos bancos Itaú, Roberto Setúbal; do Bradesco, Luiz Trabuco; e da companhia aérea TAM, Cláudia Sender.

Também foram confirmados os convites para o neurocientista Miguel Nicolelis e para o ator Wagner Moura, conhecido por interpretar o Capitão Nascimento em Tropa de Elite e o traficante Pablo Escobar, na série Narcos. O ator, no entanto, informou que não participará da primeira reunião, uma vez que está na Colômbia gravando a segunda temporada da série. Ele se colocou à disposição para o segundo encontro, que deve ocorrer em maio.

Já entre os integrantes que participaram do Conselhão nos últimos anos, continuarão no grupo os presidentes da Ambev, Jorge Paulo Lemann; do grupo Votorantim, José Ermírio de Moraes; da Coteminas, Josué Gomes da Silva; da Embraer, Frederico Curado; da CSN, Benjamin Steinbruch; da Magazine Luiza, Luíza Trajano; e da Vale, Murilo Ferreira.

Entre os grupos sindicais, apesar de o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (SD), defender o impeachment da presidente, a central sindical não foi excluída do Conselhão e será representada pelo ex-presidente Miguel Torres. O Palácio do Planalto trabalha ainda para que um dos mais importantes empresários do país, Jorge Gerdau, permaneça no grupo. Gerdau se aproximou do governo durante o primeiro mandato da presidente Dilma. No entanto, já distante do Planalto, ele fez duras críticas à condução da política econômica no ano passado. (Com agências)

‘Dificuldades temporárias’

O Brasil passa por um período de “transição econômica” e “dificuldades temporárias”, mas não está paralisado.A avaliação foi feita pela presidente Dilma Rousseff em entrevista, domingo, ao jornal El Comercio, do Equador. A presidente viaja hoje para Quito, capital do país, onde participa de cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac). Em entrevista por escrito, ela comentou temas como a situação política em países vizinhos, os Jogos Olímpicos no Rio e as investigações sobre corrupção na Petrobras. “Confio que a economia brasileira vai superar estes desafios e emergir mais forte e mais competitiva. (...) O Brasil não parou nem vai parar”, afirmou. Questionada sobre a manutenção de políticas sociais, Dilma disse que as ações estão mantidas. “Não vamos retroceder em políticas exitosas de inclusão social e não vamos nos descuidar daqueles que mais necessitam”, defendeu.

 


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