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Estado de Minas

Dilma comete gafe diplomática ao falar sobre pressão contra o governo

Presidente afirma que sofre pressão por 'golpe à paraguaia' e desagrada ao governo do país vizinho, que emite nota de repúdio à referência ao impeachment de Fernando Lugo


postado em 10/10/2015 06:00 / atualizado em 10/10/2015 11:07

Presidente Dilma se reuniu com empresários brasileiros que buscam novos negócios com a Colômbia (foto: Roberto Stuckert Filho/PR Bogota )
Presidente Dilma se reuniu com empresários brasileiros que buscam novos negócios com a Colômbia (foto: Roberto Stuckert Filho/PR Bogota )

Brasília – A afirmação da presidente Dilma Rousseff, de que está sofrendo pressão por um “golpe à paraguaia”, desagradou ao governo do país vizinho e abriu uma crise diplomática. A chancelaria do Paraguai emitiu nota repudiando a referência de Dilma ao impeachment do ex-presidente paraguaio Fernando Lugo, em 2012, e convocou o embaixador brasileiro em Assunção, José Felício, a dar explicações. O governo paraguaio disse que a afirmação de Dilma provocou “surpresa e desagrado” no país.

O presidente Horacio Cartes é do Partido Colorado, agremiação política que voltou ao poder na eleição de 2013, após intervalo em que Lugo esteve na presidência (2008-2012). O ex-presidente paraguaio foi afastado do cargo em junho de 2012, sob alegação de mal desempenho de suas funções.

A votação do impeachment de Lugo no Congresso levou 24 horas e teve como estopim a suposta responsabilidade do governo nacional no conflito agrário de Curuguaty, no Nordeste do Paraguai, onde 17 pessoas morreram, entre agricultores e policiais. Atualmente, Lugo é senador pelo Partido Frente Guasú.

Em nota, a chancelaria do Paraguai afirma que o processo de impeachment do ex-presidente tramitou de acordo com a Constituição do país. “O governo do Paraguai respeita o princípio de não intervenção em assuntos internos de outros Estados e ratifica que, na República do Paraguai, o Estado de direito e as instituições estão plenamente vigentes, sólidos e são respeitados, ininterruptamente, desde 1989”, diz a nota. O afastamento de Lugo levou o governo Dilma a atuar em segredo contra o país.

No livro

Uma ovelha negra ao poder, publicado recentemente no Uruguai, o ex-presidente José Pepe Mujica revelou que Dilma combinou com o seu país, em reunião secreta em Brasília, suspender o Paraguai do Mercosul após o impeachment de Lugo. “O Brasil precisa que o Paraguai fique fora do Mercosul para, dessa maneira, apressar as eleições no país”, teria dito Dilma ao mensageiro de Mujica, segundo relatou o ex-presidente.

Na semana seguinte, no fim de junho, os presidentes dos países do Mercosul se reuniram na Argentina e decidiram pela suspensão do Paraguai. As eleições presidenciais no país vieram em abril de 2013 e o Paraguai voltaria ao Mercosul em dezembro daquele ano.

Na nota divulgada ontem, o governo do Paraguai também faz referência a esse caso. Afirma que sempre demonstrou “vontade de integração e um diálogo pragmático” com os países da região. “No entanto, esta posição não implica aceitar a atuação que teve lugar no Mercosul, a partir de 29 de junho de 2012, quando se produziu a ilegal suspensão do Paraguai, sócio-fundador do bloco”, afirmou em nota.

 

Reunião com empreiteiras da Lava-Jato

 

Bogotá –  Em visita de Estado à Colômbia para ampliar as relações comerciais com o país vizinho, a presidente Dilma Rousseff participou de um encontro entre representantes do governo com empresários brasileiros que buscam novos negócios. Participaram dessa reunião dirigentes de empreiteiras, entre elas pelo menos três investigadas na Operação Lava-Jato –  OAS, Camargo Correa e Odebrecht –, além de executivos da própria Petrobras. “Conto com os senhores para que nossas relações estejam além do nosso potencial, para que sejamos capazes de construir um caminho no qual tanto os interesses da Colômbia quanto os do Brasil sejam contemplados. Para que a gente se lance para um projeto de futuro que impliquem relações comerciais e de investimentos extremamente fortes entre nós”, disse Dilma aos 20 empresários da comitiva.

Também estavam presentes diretores da Gerdau, Natura, Votorantim, Petrobras, da Associação dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abrimaq), entre outras. A Colômbia é a terceira maior economia da América do Sul, mas apenas o sétimo parceiro comercial do Brasil na região. A China conquistou mercado no país, o que preocupa o governo brasileiro.

Em seu discurso, Dilma informou que comunicou ao presidente colombiano, Juan Manuel Santos, o interesse do Brasil e do Mercosul em firmar parceria com o bloco comercial da Aliança do Pacífico. “Queremos estreitar relações”, disse. Dilma ressaltou que, entre 2005 e 2014, o intercâmbio comercial entre Brasil e Colômbia avançou 165%, de US$ 1,5 bilhão para US$ 4,1 bilhões. “Trata-se de um processo, sem sombra de dúvidas, vantajoso para as economias de nossos países”, destacou.

A presidente brasileira celebrou os acordos e memorandos de entendimento que devem destravar investimentos e permitir uma relação mais fluida entre os dois países e também entre empresas brasileiras e colombianas. “O acordo sobre o setor automotivo e o de complementação econômica vai promover a indústria automobilística dos dois lados”, ressaltou. Além disso, Dilma disse ter transmitido ao colega colombiano o interesse em avançar também em acordos para evitar a bitributação.

Emprego

Dilma ressaltou ainda que a cooperação bilateral deve gerar empregos em um momento de dificuldades para todos os países, especialmente os do continente sul-americano, que têm sofrido com o fim do superciclo de commodities.

Um dos acordos foi firmado entre a Caixa Econômica Federal, o Banco de Desenvolvimento da América Latina e a Banca de Las Oportunidades da Colômbia. O tratado prevê a colaboração técnica internacional para promover ações de educação financeira para empreendedores da região de fronteira entre Tabatinga, no Brasil, e Letícia, na Colômbia. Os demais tratados abordam temas como questões indígenas, fronteiras, pesquisa, desenvolvimento agrário, facilitação de comércio, logística e transporte fluvial.

Ainda ontem, a presidente participou de almoço oferecido pelo presidente da Colômbia, de encontro com o presidente do Senado e parlamentares do país vizinho, além de uma sessão solene da Corte Suprema de Justiça. No início da noite, ela embarcaria de volta a Brasília.

 

 


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