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Estado de Minas

Terceira fase do Minha Casa, Minha Vida será afetado por cortes no orçamento

Para cobrir o rombo no Orçamento, Planalto assume que o Minha casa, minha Vida sofrerá cortes. Ministro garante, porém, que programas como o Bolsa-Família serão preservados


postado em 09/09/2015 06:00 / atualizado em 09/09/2015 07:56

Casas do Minha casa, minha vida, em Planaltina (GO): lançamento da terceira etapa do programa, prevista inicialmente para amanhã, será adiada (foto: Carlos Vieira/CB/D.A Press - 05/11/13)
Casas do Minha casa, minha vida, em Planaltina (GO): lançamento da terceira etapa do programa, prevista inicialmente para amanhã, será adiada (foto: Carlos Vieira/CB/D.A Press - 05/11/13)

Brasília – O aperto orçamentário, evidenciado na proposta enviada ao Congresso na última semana, que prevê rombo de R$ 30,5 bilhões nas contas do governo, terá impacto na terceira fase do Minha casa, minha vida. Diferentemente do que havia sido dito pela presidente Dilma Rousseff, a nova etapa do programa não deve ser oficialmente lançada amanhã. Segundo um integrante do governo, é necessário que o Orçamento de 2016 seja aprovado, o que pode ocorrer até o fim do ano, para que se possa lançar a terceira fase. O governo, no entanto, assumiu ontem a possibilidade de cortes na iniciativa.

Apesar de o Palácio do Planalto não ter divulgado oficialmente a data para a apresentação do Minha Casa, Minha Vida 3 nesta semana, Dilma disse em algumas ocasiões que seria no dia 10 de setembro, e anunciou, inclusive, em um tuíte, de 5 de agosto. “Boa notícia! Marcamos para 10 de setembro o lançamento do #MinhaCasaMinhaVida3”, disse a mensagem da presidente nas redes sociais. A assessoria do Ministério das Cidades informou ontem que trabalha com essa data para o lançamento. No lugar de uma solenidade com anúncio oficial, porém, Dilma deve se reunir com integrantes de movimentos sociais e da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) para apresentar o que o governo já tem desenhado para a terceira etapa do programa.

De acordo com o integrante do Planalto, há um desenho e um cronograma para a iniciativa, conforme enviado ao Congresso. No entanto, não é possível prever ao certo quanto deve ser aplicado no programa sem a aprovação do Orçamento. A possibilidade de cortes no programa foi publicamente levantada pela primeira vez ontem pela manhã, pelo ministro Ricardo Berzoini.

Após participar da reunião da coordenação política, o titular das Comunicações disse que a iniciativa teria de ser adaptada à nova “disponibilidade orçamentária do país”. Berzoini disse também que a entrega de casas da segunda etapa ainda não foi concluída, o que pode fazer com que a terceira fase do programa só entre em prática após a conclusão da anterior. “Só para vocês terem uma ideia, tem mais de 1,4 milhão de casas ainda para serem entregues da fase 2. É um programa de grande impacto social e orçamentário. E a fase 3, certamente, vai ser continuidade disso. Evidentemente, ajustada à disponibilidade orçamentária”, disse o ministro.

AJUSTES Embora tenha assumido possíveis cortes, Berzoini disse não acreditar que haverá adiamento do lançamento da terceira etapa da iniciativa. “Eu não creio que haja nenhum adiamento, mas há, simplesmente, essa fase final de alinhamento do programa com o orçamento da União”, afirmou. A fala do ministro ocorreu um dia depois de Dilma também assumir, no pronunciamento que fez na internet pelo Sete de Setembro, que poderia haver cortes no Orçamento.

“As dificuldades e os desafios resultam de um longo período em que o governo entendeu que deveria gastar o que fosse preciso para garantir o emprego e a renda do trabalhador, a continuidade dos investimentos e dos programas sociais. Agora, temos de reavaliar todas essas medidas e reduzir as que devem ser reduzidas”, disse a presidente, no discurso.

A previsão de rombo já teve impacto em diversos programas, como por exemplo, no Ciência sem Fronteiras e no Pronatec, uma das bandeiras do governo. Ontem, Berzoini ponderou que o Bolsa Família e outros com transferência de renda e previdência serão “absolutamente preservados”, mas admitiu que alguns devem passar por ajustes. “Os programas na área de investimentos físicos, que envolvem educação, que envolvem saúde, que envolvem habitação e que são programas que, evidentemente, não podem ser feitos sem o alinhamento total com a programação orçamentária”, disse. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, defendia o corte em programas, mas enfrentava resistência. O Minha Casa, Minha Vida tem seis anos de existência. O investimento na iniciativa passa de R$ 269,8 bilhões. Pelo programa, houve a contratação de mais de 4 milhões de unidades habitacionais em 5.329 municípios.

CRÍTICAS NO CONGRESSO A possibilidade concreta de cortes no Minha casa, minha vida não foi bem-vista pelos parlamentares. “Isso me parece chantagem, passar a impressão que a nova etapa não vai sair porque não aprovamos o Orçamento. Não adianta a presidente Dilma nos chamar para essa dança. A valsa é exclusivamente dela”, criticou o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA).

Um dos maiores defensores do desembarque imediato do governo, Vieira Lima afirma que não há como fugir da realidade cruel dos números. “Ou se tem dinheiro ou não se tem dinheiro para lançar o Minha casa, minha vida. Não dá para pedir que nós arrumemos recursos para isso”, prosseguiu o peemedebista baiano.

Candidato a vice-presidente na chapa de Aécio Neves no ano passado, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) considerou prudente a decisão do governo de esperar a aprovação do Orçamento para anunciar novos programas. “Até porque a segunda etapa do Minha Casa Minha Vida está parada. Tem muitas empresas que quebraram por não terem recebido os recursos das partes já executadas”, provocou o senador tucano. Questionado se não seria estelionato eleitoral, já que o Minha Casa Minha Vida é uma das vitrines da gestão Dilma, Aloysio foi sarcástico. “Mais um, menos um, que diferença faz a essa altura?”

Um integrante da bancada do PSD admitiu que a situação é complicada. A legenda comanda o Ministério das Cidades, pasta responsável pela construção das moradias populares. O deputado ressaltou que o ministro Gilberto Kassab tem viajado bastante ao lado da presidente Dilma Rousseff para entregar unidades habitacionais. “O que está sendo entregue são as casas antigas, já construídas. Os novos empreendimentos estão muito lentos”, reconheceu.

Bloco pelo impeachment

Deputados da oposição na Câmara dos Deputados anunciaram ontem a formação de um movimento suprapartidário para pedir a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Parlamentares informaram ainda que vão lançar amanhã, às 11h, um site que terá uma petição pública para recolher assinaturas que chancelem o pedido de afastamento de Dilma. O líder tucano na Câmara, deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP), disse que ainda não há estimativa de quantos deputados já fazem parte do movimento. “Não temos número, mas temos parlamentares do PSC, PSDB, PPS, DEM e Solidariedade.” Duas peças que estão sendo analisadas são as dos juristas Hélio Bicudo, fundador do PT, e Miguel Reale Júnior.

 


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