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Estado de Minas

Obra de duplicação da BR-381 dá sinais de abandono

A tão esperada obra está parada. Em alguns trechos os trabalhos foram interrompidos logo depois de iniciado. Não há mais máquinas nem operários no local


postado em 05/08/2015 06:00 / atualizado em 05/08/2015 15:23

Ver galeria . 8 Fotos O contraste das obras: enquanto no lote 7 as melhorias avançam, em todos os outros lotes pouca coisa saiu do papelGladyston Rodrigues/EM/D.A Press
O contraste das obras: enquanto no lote 7 as melhorias avançam, em todos os outros lotes pouca coisa saiu do papel (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press )

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Governador Valadares – “Os operários e as máquinas sumiram de repente. Há cerca de 60 dias foram embora. Desde então, não vimos mais nenhum sinal de obra.” O relato de Daniel Ferreira do Amaral, dono de restaurante às margens da BR-381, no município de Naque, mostra a perplexidade com que os moradores vizinhos da rodovia assistem à paralisação das obras. Na semana passada, o consórcio Isolux/ Engevix, responsável pela duplicação entre Jaguaraçu e Governador Valadares, devolveu o trecho de 161,6 quilômetros ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), desistindo das obras. Ontem, venceu o prazo de cinco dias determinado pela Justiça Federal para que o Dnit defina os próximos passos a serem tomados nos trechos abandonados pelas empreiteiras. No entanto, o órgão ainda não se manifestou sobre o que será feito.

A equipe de reportagem do Estado de Minas percorreu os 303 quilômetros da Rodovia da Morte até Valadares e constatou que na maior parte da via são poucas obras em andamento. Apenas no lote 7, entre o trevo de Caeté e Barão de Cocais, os trabalhos estão em ritmo acelerado. Nos lotes em que houve a desistência das empresas, algumas obras de terraplanagem já estão tomadas por mato e espaços usados pelas empreiteiras para guardar material de construção estão abandonados, alguns com lixo acumulado em meio a roupas de operários que começaram a trabalhar, mas já deixaram o local. Nos chamados “pátios de bota espera”, em que as empresas fizeram cercas para guardar material, estão abandonados montes de britas e asfalto. Alguns dos pátios já foram invadidos e tiveram as porteiras arrebentadas.

“A chegada das máquinas no ano passado foi uma ótima surpresa. Finalmente passamos a ver que a duplicação aconteceria, depois de décadas de promessas. Mas o cenário de obras durou pouco tempo. Já estamos vendo que não vai acontecer de acordo com o que foi planejado”, lamenta Daniel Ferreira, que trabalha próximo à BR há mais de 30 anos. Segundo o comerciante, muitas pessoas da região associaram a paralisação das obras aos desdobramentos da Operação Lava-jato, em que a Engevix, uma das empreiteiras responsáveis pelas obras da 381, teve diretores presos e são investigados por esquemas de corrupção na Petrobras. No entanto, a empreiteira envolvida na Lava-Jato participa de forma minoritária no consórcio que duplica alguns trechos da BR mineira e, segundo o Dnit, não há relação entre as investigações e as paralisações.

A Isolux e a Engevix formaram um consórcio para fazer os primeiros lotes da obra e receberam a ordem de serviço autorizando o início dos trabalhos em 12 de maio de 2014, quando começaram a montar pátios para tratores e juntaram material de construção. Os três lotes devolvidos foram estimados em R$ 750 milhões. Foram iniciadas obras de drenagem na pista. Alguns buracos abertos no acostamento da rodovia para as ações de drenagem não chegaram a ser cobertos pelas empresas e foi preciso colocar cones e avisos para que os motoristas não usem o acostamento onde as obras estão inacabadas.

Para moradores vizinhos à rodovia, como o comerciante Daniel Ferreira, resta a perplexidade(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS)
Para moradores vizinhos à rodovia, como o comerciante Daniel Ferreira, resta a perplexidade (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS)

Entulhos


No município de Periquito, moradores de bairros vizinhos à rodovia já deixaram suas casas. Alguns imóveis começaram a ser demolidos, mas, com a paralisação, as demolições não foram concluídas, deixando restos de casas e entulhos próximos à via. Vários moradores viram seus vizinhos desmontarem suas casas, mas ainda não sabem quando terão suas casas desapropriados. “Não sei como ficará nosso bairro. Algumas casas foram desapropriadas, outras ainda não. A minha mesmo, eu não sei se vai sair. O Dnit propôs um valor muito baixo e estou esperando o retorno do órgão para negociar um preço melhor. Com a paralisação das obras, nem sei se eles vão voltar este ano”, diz Edson Jorge, de 60 anos, que mora em Periquito há mais de 40 anos. Lá, pelo menos 15 casas estão parcialmente destruídas.

Para quem trafega pela rodovia diariamente, os vários cenários da duplicação mostram um contraste entre os lotes que avançam e os que estão parados. O caminhoneiro Marcelo de Souza, que seguia ontem para o Ceará, alertou para o perigo de obras inacabadas ao longo da rodovia no trecho próximo a Belo Oriente. “Para quem não conhece pode ser um perigo”, disse o caminhoneiro, que seguia com seu filho pela rodovia mineira.


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