(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Dirceu "sabe-tudo" prestou consultorias milionárias

Empresa de ex-ministro ganhou milhões prestando assessoria a grupos de diferentes ramos: imobiliário, cultural, elétrico, alimentício, telecomunicações e de bebidas


postado em 03/08/2015 11:28 / atualizado em 03/08/2015 11:44


Que o petista José Dirceu, preso hoje na Operação Lava-Jato, é um homem de várias faces – de guerrilheiro a deputado, de poderoso ministro do governo Lula a empresário bem-sucedido e, recentemente, presidiário –, todos sabem. Uma versatilidade que ele levou também para sua empresa JD Assessoria e Consultoria, também investigada na Operação Lava-Jato por suspeita de lavagem de dinheiro desviado da Petrobras por meio de um grupo de empreiteiras. Além de prestar consultoria a pelo menos seis delas, que, segundo o Ministério Público, alimentaram o esquema de pagamento de propina na estatal, a JD também foi contratada por empresas dos mais diversos ramos: imobiliário, cultural, cervejaria, laticínio, marketing, editorial, advocatício, elétrico, digital, alimentício, vidraçaria, telecomunicações e automobilística, no período de 2006 a 2013, de acordo com levantamento da Receita Federal ao juiz Sérgio Moro, que preside as investigações da operação.

As consultorias renderam à JD – fundada depois que José Dirceu deixou o governo e foi cassado pelo Congresso – nos últimos sete anos R$ 29,25 milhões, sendo que somente as empreiteiras OAS, Engevix, UTC, Camargo Corrêa, Egesa, Galvão Engenharia (veja quadro), pagaram R$ 7,5 milhões, segundo o documento da Receita Federal, que tem 17 páginas dedicadas ao petista. O que chama a atenção da Força-Tarefa responsável da Operação Lava-Jato é o aumento da prestação de serviços às empreiteiras suspeitas, especialmente, no ano eleitoral de 2010, em 2011 e 2012. Somente em 2010, a JD faturou R$ 2,44 milhões com contratos com a Delta Engenharia, OAS, Egesa, Engevix, Camargo Corrêa e Galvão Engenharia. E em 2012, outro ano de campanha eleitoral, empresas do mesmo grupo pagaram à consultoria de José Dirceu R$ 3,06 milhões, ou seja, quase a metade de todo o faturamento da JD naquele ano – R$ 7 milhões.

Internacional As suspeitas envolvendo as atividades do petista – condenado a sete anos e 11 meses por envolvimento no escândalo do mensalão – surgiram a partir da confirmação da existência de pagamentos a JD feitos pela empresa Jam de Miltn Pascowitch, no valor de R$ 1,45 milhão. De acordo com o ex-gerente de Serviço da Petrobras Pedro Barusco, outro acusado de envolvimento no escândalo do desvio de recursos da estatal, Pascowitch era, na verdade, o responsável pelo recebimento da propina que se destinava ao PT paga pela empresa Engevix, também da carteira de clientes da empresa de consultoria de Dirceu.

Essa e outras operações da JD levantaram suspeita no Ministério Público e da Polícia Federal, que agora investigam se a empresa realmente prestou serviços de consultoria. A suspeita é que eram movimentações financeiras dissimuladas para encobrir dinheiro desviado de contratos com a Petrobras. A OAS, por exemplo, liberou R$ 2,4 milhões para a JD desde 2006, ano em que José Dirceu se tornou alvo das investigações do mensalão e que acabariam por levá-lo à prisão em 2013. Segundo a força-tarefa, a JD pode ter no esquema de desvio de recursos da Petrobras a mesma importância das empresas do doleiro Alberto Youssef, responsáveis pela lavagem de dinheiro, especialmente a destinada ao Partido Progressista (PP), o maior beneficiário das verbas desviadas.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)