São Paulo - Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral Carlos Ayres Britto afirmou nessa segunda-feira (6) não ver "perigo de golpe" contra a presidente Dilma Rousseff, caso as instituições de investigação atuem "nos marcos da Constituição".
Em resposta a movimentos de opositores e de setores da sociedade que defendem a saída da presidente antes do fim do mandato, Dilma e aliados do governo voltaram a rechaçar a ofensiva e definiram-na como "golpismo". "Ninguém está blindado contra a investigação", afirmou Britto.
Ao ser questionado sobre a situação atual da presidente - que é alvo de um processo no TSE movido pelo PSDB contra sua campanha no ano passado e também corre o risco de ter as contas de 2014 rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) - Ayres Britto reconheceu o cenário difícil vivido por Dilma. "Pelo andar da carruagem, a situação não está boa em nenhuma das duas instâncias."
O ex-ministro, contudo, evitou se manifestar pela condenação ou pela inocência de presidente em ambos os casos. "Não quero avançar em um juízo técnico de antecipação de resultado", comentou.
Mensalão
Durante a entrevista, Ayres Britto, que presidiu o Supremo no começo do julgamento do mensalão, relembrou o caso e disse que "o grande legado" do julgamento da ação penal 470 foi mostrar que a lei vale para todos.
Ao ser questionado sobre o impacto para os magistrados de julgar casos com grande repercussão popular, Ayres Britto disse que a opinião pública "incentiva o julgador". "Nesses momentos, de expectativa social mais aguda, evidente que o juiz é humano, ele sabe que os olhos mais acesos da própria Nação estão focados sobre ele. Ele se toma naturalmente de um empenho maior."