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Estado de Minas

Empreiteiro investigado na Lava-Jato cita Lula e Dilma em delação premiada

Empreiteiro afirma que abasteceu campanhas de 18 políticos com R$ 62 milhões desviados da Petrobras. Só de caixa 2 para o PT foram R$ 3,6 milhões. Dilma convoca reunião de emergência


postado em 27/06/2015 06:00 / atualizado em 27/06/2015 07:56

Ricardo Pessoa entregou planilha com todos os valores e os destinatários (foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo - 6/2/15)
Ricardo Pessoa entregou planilha com todos os valores e os destinatários (foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo - 6/2/15)

Curitiba e Brasília — A delação premiada do presidente da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), joga de vez o escândalo da Petrobras no Palácio do Planalto. Ao longo dos 27 depoimentos prestados ao Ministério Público Federal (MPF) na sede do Ministério Público Militar, para não chamar a atenção da imprensa, ele confirmou o pagamento de R$ 62 milhões em doações para políticos de diversas legendas. Só dinheiro de caixa 2 para o PT, foram R$ 3,6 milhões. A delação premiada atenua a pena dos réus, mas perde efeito se for comprovada alguma mentira.

Para a campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff, em 2014, foram destinados R$ 7,5 milhões, enquanto R$ 2,4 milhões irrigaram a reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006. Lula e Dilma aparecem ao lado de 16 políticos. Todos receberam recursos que, segundo o empreiteiro são do esquema que sangrou os cofres da Petrobras. Diante dos novos fatos, a presidente convocou uma reunião de emergência no Palácio do Planalto.

Parte da lista de Pessoa, divulgada na noite dessa sexta-feira (26) pela revista Veja, mostra doações oficiais registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), segundo levantou o Estado de Minas. Porém, a tese dos investigadores da Lava-Jato, embasada em depoimentos e transferências bancárias, é que doações no “caixa 1” foram usadas para mascarar pagamentos de propina das empreiteiras do esquema.

Outros petistas são listados. Um pagamento de R$ 250 mil para a campanha do atual chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, quando ele disputava a eleição para o governo de São Paulo, aparece na planilha. Tesoureiro da campanha de Dilma em 2014, o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, teria recebido os recursos destinados à disputa eleitoral. Também receberam doações da UTC o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto (R$ 15 milhões); o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu (R$ 3,2 milhões); o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (R$ 2,6 milhões); e o secretário municipal de Saúde de São Paulo, José de Fillipi (R$ 750 mil).

Também são citados políticos do PTB, PP, PMDB, PSDB, PSB. O senador Fernando Collor (PTB-AL) recebeu, no total, R$ 20 milhões, o maior montante de todos. Uma agenda até então desconhecida do empreiteiro, planilhas e demais documentos de Pessoa – que, segundo as investigações, era o coordenador do cartel de construtoras que lesava a Petrobras – devem atormentar ainda mais o meio político.

Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, os pagamentos feitos pela UTC Engenharia ao PT sob forma de caixa dois, que somaram R$ 3,6 milhões, incluíram repasses em 2010, 2011, 2012 e 2014 nas mãos de Filippi – totalizando R$ 750 mil. Para Vaccari, foram R$ 2,9 milhões, divididos em parcelas em 2011, 2012 e 2013.

Por meio de sua assessoria, Mercadante disse desconhecer a delação premiada de Pessoa, mas afirmou que a “UTC, por ocasião da campanha ao governo do estado de São Paulo, em 2010, fez uma única contribuição, devidamente contabilizada e declarada à Justiça Eleitoral, no valor de R$ 250 mil”. E que a empresa Constran Construções, que pertence ao mesmo grupo, “fez uma contribuição, também devidamente contabilizada e declarada à Justiça Eleitoral, no valor de R$ 250 mil”.

Já Edinho Silva confirmou que esteve com o empresário Ricardo Pessoa por três vezes para tratar de doações de campanha. A primeira, no comitê em Brasília. Após esse contato, “o empresário organizou o fluxo de doações em três parcelas, que totalizaram R$ 7,5 milhões. Edinho garantiu jamais ter tratado de assuntos relacionados a qualquer empresa ou órgão público com o empresário, e lembrou que as contas da campanha presidencial de Dilma foram auditadas e aprovadas por unanimidade pelo TSE.

CAUTELA No Congresso Nacional, da oposição à base do governo, líderes dos partidos preferiram a cautela ao comentar a lista de políticos citados pelo executivo. Mesmo porque, os recursos abasteceram campanhas não apenas de petistas, mas de candidatos de outros partidos, sendo ao menos um senador do PSDB: Aloysio Nunes (PSDB-SP), que assumiu ter recebido R$ 200 mil de forma legal. Deputados e senadores ouvidos pela reportagem disseram que é preciso aprofundar as investigações e saber o que é doação legal e o que é ilegal. O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse que as “informações merecem toda atenção e devem ser analisadas criteriosamente e com serenidade diante da gravidade que elas podem ter no quadro político nacional. O parlamentar ainda saiu em defesa de Nunes. “São doações ocorridas dentro da legalidade e integralmente declaradas à Justiça Eleitoral”, afirmou.

Pena máxima

A força-tarefa da Operação Lava-Jato pediu à Justiça Federal que quatro executivos da empreiteira Engevix e outros quatro réus sejam condenados à pena máxima de 30 anos de prisão e devolvam R$ 152 milhões aos cofres públicos referentes às propinas supostamente pagas pela empreiteira em contratos com a Petrobras. A solicitação foi feita nas alegações finais, últimos argumentos da defesa e da acusação antes da sentença, apresentada nesta quinta-feira, pelo Ministério Público Federal na ação contra quatro executivos da Engevix, incluindo o vice-presidente Gerson de Mello Almada e outros quatro réus: o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef, Carlos Alberto Pereira da Costa, Enivaldo Quadrado – já condenado a três anos e seis meses de prisão no mensalão – e Waldomiro Oliveira, que atuavam para Youssef.


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