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Estado de Minas

Fuga de cunhada complica ainda mais a situação de Vaccari Neto

Mulher acusada de receber recursos da engrenagem de corrupção montada na Petrobras negocia se entregar à Polícia Federal. PT teme que o depoimento do tesoureiro, marcado para hoje, amplie a crise no partido. Petista está preso desde quarta-feira


postado em 17/04/2015 09:39 / atualizado em 17/04/2015 09:47

Curitiba — O desgaste à imagem do PT e a mancha no currículo de João Vacari Neto são agravados pelo fato de a cunhada do tesoureiro licenciado do partido estar foragida. Vaccari foi preso na quarta-feira pela Polícia Federal, enquanto Marice Corrêa Lima conseguiu escapar. Até o fechamento desta edição, os advogados dela negociavam a apresentação à Superintendência da Polícia Federal no Paraná. A expectativa era de que ela chegasse hoje à carceragem e engrossasse o rol de detidos na Operação Lava-Jato, que investiga desvios bilionários da Petrobras.

Segundo o doleiro Alberto Youssef, Marice recebeu metade de uma propina de R$ 800 mil destinada ao PT, supostamente paga pela empresa Toshiba após conseguir um contrato de R$ 117 milhões com a Petrobras para obras no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Em mensagens eletrônicas interceptadas pela PF, o executivo Ricardo Beghiroli, da empreiteira OAS, combina com o doleiro um pagamento para Marice.

Informações da Receita Federal mostraram “inconsistências fiscais” da cunhada de Vaccari, segundo o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Um exemplo é a aquisição de um imóvel. Ela comprou um apartamento avaliado em R$ 200 mil, desistiu do negócio antes de quitá-lo e vendeu a unidade por R$ 430 mil para a OAS. A empreiteira, no entanto, só conseguiu revendê-lo por R$ 337 mil.

Vaccari e ex-deputados presos na 11ª fase da Lava-Jato, denominada “A origem”, devem prestar depoimentos a partir de hoje. Faltam ser ouvidos os ex-deputados André Vargas (ex-PT-PR) e Pedro Corrêa (PP-PE). A expectativa de delegados e advogados, porém, tem se frustrado pela agenda de apurações que ainda são necessárias para o caso. Ainda assim, o PT teme que eventuais declarações do tesoureiro licenciado ampliem a crise que se aproxima cada vez mais do Planalto .

Um dos advogados de Vaccari afirmou nessa quinta-feira (16) que o petista está inconformado e surpreso com a prisão, apesar de estar calmo e “tranquilo”. “Ele estava com o direito à liberdade assegurado até então e está colecionando algumas interrogações sobre a prisão”, disse Elias Mattar Assad, na manhã dessa quinta-feira, ao sair da carceragem da Superintendência da Polícia Federal no Paraná. Segundo ele, o cliente está bem e divide a cela com outra pessoa.

Habeas corpus


A defesa deve ingressar com pedido de habeas corpus em tribunais superiores para tirar o tesoureiro da cadeia. Segundo nota do advogado Luiz Flávio Borges D’Urso, a prisão de Vaccari “teve por justificativa apenas conjecturas e prognósticos”. Na avaliação dele, a detenção foi baseada apenas na palavra de delatores criminosos. O executivo Augusto Mendonça, da empreiteira Toyo Setal, disse que o tesoureiro determinou o depósito de dinheiro na conta de uma gráfica ligada ao PT e que recebeu recursos da Presidência da República. D’Urso nega: “Não é verdadeira a imputação, pois o senhor Vaccari nada tem a ver com esse delator e com tais depósitos”.

Ele rebateu ainda as suspeitas sobre as movimentações bancárias da mulher do tesoureiro, que recebeu R$ 322 mil de forma fracionada e não identificada. “Para tudo, há comprovação de origem lícita, pois os valores movimentados nessas contas têm suporte na remuneração, devidamente declarada, auferida pelo senhor Vaccari em suas atividades profissionais”, disse. “A defesa esclarece que tudo isso poderia ter sido demonstrado se o senhor Vaccari tivesse sido questionado sobre esse tema, evitando-se suspeitas e até a própria prisão.”

D’Urso disse que as ordens de prisão feitas por Sérgio Moro não têm base em fatos, não contam com “respaldo nas leis brasileiras e sequer há indícios de autoria e materialidade das acusações e suspeitas”. A defesa repetiu que Vaccari não recebeu dinheiro ilegal para abastecer o caixa do partido. “Ele não recebeu ou pediu qualquer contribuição de origem ilícita destinada ao PT, e todas as doações ocorreram por via bancária, com transparência e com a devida prestação de contas às autoridades competentes.”

Recepção irônica


Ao lado de faixas e cartazes nas cores verde e amarela, um grupo de manifestantes deu as “boas-vindas” ao tesoureiro licenciado do PT, João Vaccari Neto, e aos ex-deputados André Vargas (ex-PT), Pedro Corrêa (PP-PE) e Luiz Argôlo (SD-BA). O analista de recursos humanos Cristiano Roger, 38 anos, votou no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e foi petista até 2005, no escândalo do mensalão. Nessa quinta-feira à tarde, segurava um megafone e gritava: “Seja bem-vindo, Vaccari, seja bem-vindo, André Vargas”. Ao lado da professora de história Narli Resende, 57 anos, e do marceneiro Rogério Ferreira, 37, eles elogiaram a Operação Lava-Jato, a PF e o juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal do Paraná. “Curitiba é a capital da moralidade”, disse Roger. Narli queria entregar 12 rosas aos policiais, uma para cada fase da operação.


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